Capítulo 22

40 8 0
                                    

Capítulo 22

A melhor parte de se estar nos últimos semestres da faculdade, é que há menos aulas teóricas chatas e mais aulas práticas emocionantes. Seja no simulador, no laboratório, ou voando, qualquer coisa é melhor do que ficar sentado na monotonia da sala de aula.

Após o término dos horários, Liam me chamou para ir para a academia fazer exercícios como costumávamos, mas eu tinha outro compromisso. Precisava ver Jenna. Eu agora daria tutorias para ela todas as segundas e quartas. Nada de sextas, porque ela tinha aulas de balé, e às vezes até apresentações.

Cheguei à casa de Jessie — que agora não era mais exatamente de Jessie, mas como eu devia chamar? Casa de Jenna? Isso soa tão estranho! Enfim, a residência dos McGregors. Pronto. — Antes de manobrar o carro perto da guarita, Gordon (o porteiro) me reconheceu e abriu os portões para mim, permitindo que eu entrasse.

— Ei, garoto, quanto tempo!

Acenei para ele pela janela do carro enquanto passava pelos portões. Ao estacionar na garagem, parei justamente ao lado do carro de Jessie, que ainda estava estacionado ali, como se ela fosse usá-lo a qualquer momento. A saudade apertou meu coração antes mesmo de eu ter entrado pela porta.

Desci do carro, vi Jenna vindo me receber e eu logo notei uma enorme diferença nela.

— Oi Jen. Seu cabelo está diferente!

— Obrigada. — Ela jogou os cabelos de um lado para o outro. — Eu fiz na sexta, para minha fantasia de halloween. Você gostou?

Seus cabelos não só estavam bem mais curtos, como também descoloridos. O que era de se estranhar já que, até onde eu podia me lembrar, Jenna já era naturalmente loura antes. Mas agora mais do que nunca, com todos os fios oxigenados. Porém o mais intrigante eram as pontas. Um lado azul e o outro rosa.

— Você já não era loira? — foi a única resposta que pude dar, mesmo sendo outra pergunta.

— Ah, era, mas precisava ser platinada. Que nem a Margot Robbie. Eu estava vestida de Arlequina.

— Estava onde?

— Na festa. Olha só essas fotos.

Ela me entregou seu celular enquanto caminhávamos para dentro da sala de estudos. No telefone, havia muitas fotos do que me parecia ser uma festa underground demais para uma garota de 14 anos. Nas imagens, Jenna estava com os cabelos amarrados em ambos os lados, bem no alto, como marias-chiquinhas; usava shorts tão curtos que mais pareciam uma peça de lingerie, uma camiseta branca e vermelha com a inscrição "Daddy's Lil Monster", e segurava um bastão. Tudo exatamente como o figurino da personagem do filme Esquadrão Suicida, que eu também achava impróprio para uma garotinha de 14 anos.

— Sua mãe te deixou ir a essa festa?

— Pfff. — Essa foi sua resposta, revirando os olhos. — Espera aí, já volto.

Jenna então saiu da sala, me deixando sozinho. Aquele cômodo me trazia tantas lembranças. Boas lembranças! Lembranças de Jessie e eu, bons momentos que passamos juntos ali. Tudo naquela casa fazia minha saudade ser ainda maior.

Jenna estava demorando demais para retornar, então decidi ir procurá-la.

— Jen! — saí gritando pela casa. Sem resposta.

Cheguei até a porta do quarto dela, que estava fechada, e chamei-a mais uma vez.

— Jen?

— Não entra agora! — exclamou lá de dentro. — Estou terminando minha maquiagem.

SOB O MESMO CÉUWhere stories live. Discover now