Capítulo 61

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Capítulo 61

Pickford acertou os detalhes conosco, dizendo que começaríamos a trabalhar assim que terminasse o recesso de fim de ano.

Logo após as festividades do ano novo, ainda na primeira semana de janeiro, alguém do RH da empresa dele entrou em contato conosco e nos deu diretrizes.

O emprego exigia um curto treinamento de capacitação, onde aprenderíamos os detalhes sobre a aviônica dos sistemas de voo da Syberjet, para que fôssemos devidamente licenciados para voar um SJ30-2. Fomos enviados a San Antonio, no Texas, e posteriormente, a Cedar City, em Utah, ambas sedes da Syberjet, onde obtivemos todo nosso treinamento em duas semanas.

De volta à Flórida, fomos até a sede da empresa de Pickford, para receber mais informações. Lá, uma mulher cisuda nos encaminhou para uma sala onde tirou nossas medidas para a confecção de nossos uniformes.

— Cara, isso é muito legal — Liam falava enquanto a moça media a largura de seus ombros. — Você me arranjou um emprego. Ainda nem acredito nisso. Vou te dever essa para sempre.

— Não foi nada. Eu sei que você faria o mesmo por mim.

Tiradas as medidas, fomos informados que Pickford nos aguardava em seu escritório. Era uma sala grande, tinha diplomas emoldurados, pendurados em uma parede, uma estante com livros perfeitamente organizados e uma mesa enorme no centro. Liam e eu nos sentamos lado a lado, de frente para Pickford, que estava em sua poltrona do outro lado da mesa, lendo algum documento.

— Como vocês dois já devem saber, a aeronave que vão pilotar está em meu nome — Pickford falou, sem tirar os olhos do papel —, mas vocês, ainda assim, serão oficialmente empregados da Pickford Enterprises. Isso implica em algumas obrigações, tais como: o uso de uniformes, cumprimento de horários e prazos, preenchimento de papéis, vocês sabem, a parte burocrática do serviço.

— Sim, senhor — Liam respondeu por nós dois.

— Os pagamentos acontecerão semanalmente e serão feitos via depósito em contas bancárias previamente abertas em seus nomes — Pickford arrastou alguns papéis para o nosso lado da mesa. — Assinem todas as vias, por gentileza.

Nós obecedemos.

— Vocês começam amanhã. Para seu voo inaugural, preciso que façam um plano de voo curto, saindo de Spruce Creek até o aeroporto internacional de Miami e, depois, de volta a Spruce Creek. Podem fazer isso?

— Claro —  respondi desta vez. — Quantos passageiros ao todo?

— Além de nós três, teremos mais três convidadas especiais. Minha esposa e minhas filhas — ele sorriu. — Será um voo comemorativo.

Você só tem uma filha, pensei, mas fiquei calado.

— A que horas decolamos? — Liam perguntou.

— Cedo — Pickford respondeu, categórico. — Preciso estar de volta à empresa preferencialmente antes das seis da tarde.

— Certo.

— Vocês têm mais alguma pergunta?

— Não, senhor — falamos, em coro.

— Então podem ir, estão liberados por hoje.

Na saída encontramos minha mãe, que estava com seu uniforme de trabalho: camisa branca, um blazer e uma saia combinando em um tom escuro de azul marinho. Ela nos abraçou, nos deu as boas vindas à companhia e desejou boa sorte. Depois disso, fomos para casa.

Morar com Liam era um pouco diferente de dividir um quarto com ele na universidade. Agora tínhamos uma cozinha com louças que não se lavavam sozinhas. Uma sala que não tinha um funcionário responsável por limpá-la. E muitos outros cômodos. De fato aquela era uma casa grande demais para duas pessoas. Além disso, havia compras que precisavam ser feitas, refeições que precisavam ser preparadas, e muitas outras tarefas domésticas que agora tínhamos de nos revezar para executar. Não existia mais o refeitório da faculdade, nem a sala comunal, nem nenhuma das outras facilidades. Éramos só eu e ele, o tempo todo. Mas, como nos conhecíamos bem, lidamos relativamente bem com isso.

SOB O MESMO CÉUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora