Era sempre assim, discutimos e em fracções de segundos voltamos a estar bem. Nunca cheguei a perceber se isto era uma qualidade ou defeito da nossa relação, mas penso que uma qualidade. Nós gritamos muito um com o outro, no momento. Acaba por ser uma coisa positiva porque não guardamos rancor, não esperamos até explodir por coisas já há muito acumuladas, se o fizéssemos as consequências seriam trágicas.

***

“Bom dia.” Cumprimento Naomi com um sorriso na cara.

“Bom dia. Cappuccino, April?” Sorri-me de volta.

“Não obrigada, digamos que hoje eu vou precisar de uma coisa totalmente diferente. Sabes aquele grande quadro de cortiça que eu vi há tempos na sala de arrumos? Eu vou precisar dele, achas que podias levá-lo para o meu escritório, por favor?” Questiono, o olhar da secretária fica imediatamente confuso mas procede sem fazer qualquer tipo de pergunta. “Vou andando para o meu escritório.” Afirmo “Ah, já agora Naomi, se aparecer por aí um homem à minha procura, de nome Louis Tomlinson, deixe-o entrar no meu escritório, fui eu quem pediu para ele vir aqui.”

Hoje estou decidida a trabalhar arduamente, não vou sair daqui sem uma resposta. Este caso já deu muitas voltas e todas vão dar a lado nenhum, preciso de uma pista, uma única pista.

Paro em frente à porta onde diz ‘Ms. April Sheperd’ e rodo a maçaneta abrindo-a. Pouso a mala que levava num pequeno sofá encostado a um canto do escritório e ligo o computador. Sento-me em frente à secretária e logo desseguida oiço baterem à porta, solto um leve ‘entre’ e vejo a figura de Naomi entrar um pouco atrapalhada devido à dimensão do quadro. Levanto-me para ir ajudá-la, pegamos as duas no contraplacado e penduramo-lo numa parede vazia. Enquanto executamos esta tarefa vejo Louis bater na porta, esta encontrava-se aberta, sorrio-lhe e ele entra.

“As meninas precisam de ajuda?” Pergunta no seu típico tom brincalhão.

“Não querendo parecer intrometida, mas para que é que vai precisar disto?” Naomi questiona-me.

“Organizar ideias Naomi, organizar ideias.” Suspiro, ela assente deixando o meu pequeno espaço para nos deixar trabalhar.

“Então…” Louis começa. “Precisas da minha ajuda exactamente para quê?”

“Hoje não vamos sair daqui sem respostas, não vou deixar que a verdade desta história não venha ao de cima.” Respondo. “Primeiro de tudo vou precisar de um favor.” Admito.

“Diz.” Tomlinson incentiva.

“Já sabes que Harry Styles se tentou suicidar, digamos que essa notícia está em primeira página de muitos jornais, como veio está informação sequer ´cá para fora?’. Louis não há nenhuma maneira de tirar esses jornais das bancas?”

“Claramente que não. Isto já seria de esperar, O caso Styles está a ter muita polémica, é normal que muitos jornalistas se apressem a ter a informação em primeira mão para a poderem publicar. Tens de entender que é assim que nós ganhamos a vida, nós ganhamos a vida a publicar merdas acerca dos outros.” Ele ri.

“Mas como é que vão buscar essas informações?! Que eu saiba o centro prisional onde Harry está pediu completo sigilo.”

“April, tu sabes que um jornalista nunca pode difamar as suas fontes. Isto é perfeitamente normal, a redacção onde eu trabalho também publicou a notícia na primeira página do The Yorkers.” Ele diz-me, limito-me a suspirar em derrota. Sabia que o que estava a pedir era praticamente impossível, apenas me custa ver tantas difamações acerca de Harry, ninguém precisava de saber que ele se tinha tentado matar.

X Justice X || h.s.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora