Capítulo 27

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Quando chego ao Centro Prisional vejo Zayn Malik à porta do estabelecimento. A sua bata branca esvoaça ao ritmo das rajadas de vento, o que tornava a tarefa que estava a desempenhar mais complicada, acender o cigarro. Aproximo-me dele e este sorri-me quando me reconhece, levando depois a substância tóxica aos seus lábios.

"Boa tarde." Cumprimento o médico, Zayn dá-me um aceno de cabeça.

"Quer?" Ele estende-me o maço de tabaco, observando-me. Retiro um pedindo-lhe o isqueiro, Zayn arqueia a sobrancelha. "Não sabia que fumava, doutora." Diz estranhando.

"April, trate-me por April, já está na altura." Peço, tragando o fumo do cigarro e sentindo uma sensação de relaxamento a apoderar-se do meu corpo. "Apenas em algumas ocasiões." Aperto o casaco contra mim, o vendo parece rugir com mais força.

"Terça feira parece-lhe bem?" Questiona direto, levanto o meu sobrolho, não percebendo aonde quer chegar.

Zayn está distante, a sua mente divaga em caminhos interminavelmente desconhecidos. A sua expressão facial mostra preocupação, medo, algum nervosismo. O seu corpo está tenso, algo o incomoda, temo em perguntar o que se passa duvidando se temos esse tipo de intimidade, não somos propriamente amigos. Mas ele está principalmente cansado, as rugas em baixo dos seus olhos fazem-me perceber que a sua noite não foi bem passada, talvez com insónias. Acende outro cigarro, por momentos temo que ele fume o maço todo.

"A sua mãe, a visita à sua mãe." Esclarece-me, mantendo o seu olhar nos seus sapatos.

"Oh sim claro, está óptimo por mim. Mais uma vez, muito obrigada." O meu interior diz-me para não criar expectativas, visto que já o fiz demasiadas vezes, e em todas essas vezes sofri desilusões. No entanto, saber que a minha mãe vai ser observada por um psiquiatra aparentemente competente, deixa-me ligeiramente mais reconfortada.

"Está tudo bem?" Acabo por perguntar preocupada, querendo sentir-me prestável. Zayn fita-me.

"Sim... Estou aqui apenas a pensar numa coisa..." A sua expressão fica mais carregada, pesada... "April, posso fazer-lhe uma pergunta?"

"Claro." Sorrio.

"Imagine que não me quer ver, que está demasiado magoada comigo por coisas que eu fiz no passado, estaria disposta a ouvir-me? A ver-me?" Ele evita manter contacto visual comigo, provavelmente envergonhado com a pergunta.

"Bem, acho que isso iria depender do que tivesse feito, neste caso. Mas eu acho que todos merecem ser ouvidos pelo menos uma vez." Digo, não me sentindo nada útil.

"O problema é que eu não vejo a pessoa em questão há muito tempo, anos para ser exacto..."

"Zayn, tem que tentar, se não correr bem pelo menos sabe que fez tudo ao seu alcance. Acredite, viver com a sensação de que podia ter feito algo mais é horrível. Talvez as coisas até corram bem, que consiga ter uma conversa civilizada." Os nossos olhares cruzam-se.

Atiro a beata para o chão e calco-a com a sola do meu sapato. "É uma mulher?" Apanho o médico desprevenido com a minha pergunta.

"Sim é." Ele parece surpreendido com a questão.

"Leve flores, elas gostam sempre de flores." Ele sorri-me, acenando-me, sinal de que captou o meu conselho.

Ambos começamos a entrar para o interior do Centro Prisional, o vento parece piorar cada vez mais e o céu começa a ficar carregado, cinzento, tal como o estado de espírito de Zayn, bem talvez um pouco como o meu também... Pequenas pingas começam a cair do céu, ameaçando cair com mais força daqui a poucos segundos.

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