Capítulo 21

1.8K 136 4
                                    

Estaciono o carro num lugar completamente aleatório, puxo o travão de mão e abro a porta.

“Espera April! Onde vais?!” Niall grita impedindo-me.

“Por favor Niall! Deixa-me ser eu a tratar disto, não saias da porra do carro! Eu não demoro, são só alguns minutos, eu vou tratar da nossa mãe!” Grito enraivecida.

Saio do carro e corro até a entrada principal do Centro Prisional. Zayn é o meu último recurso, a minha última opção. Não sei se vou conseguir viver com isto muito mais tempo, não sei se vou conseguir ouvir novamente a minha mãe depois disto tudo. Ela parecia uma pessoa completamente diferente, como se tivesse encarnado outra pessoa. Nada faz sentido na minha cabeça.

***

“Dr. Zayn.” Chamo colocando a minha mão sobre o ombro do médico, este estava virado de costas para mim a falar com um enfermeira. O seu corpo gira na minha direcção e sorri-me calorosamente.

“Oh bom dia Ms…..”

“Sheperd.” Completo.

“Exactamente, bom dia Ms. Sheperd.” Estende-me a sua mão e eu agarro-a dando-lhe um ‘passou bem’.

Olho em meu redor, não gosto deste sítio, não gosto da aula psiquiátrica. Um frio estranho percorre as minhas costas sempre que eu venho aqui, é um lugar frio, sem vida. Observo tudo e todos, não quero voltar a presenciar nenhum ataque psicótico de nenhum recluso. Zayn apercebe-se do meu desconforto e inicia uma conversa.

“Então o que a traz aqui? Quer falar com o Harry?” Pergunta.

“Não. Quer dizer, sim. Talvez, eu eu…” Digo confusa e distante.

“Está tudo bem consigo?” Franze a testa e arqueia o sobrolho vendo que me encontro estranha. O meu discurso não faz qualquer tipo de sentido, eu não sei o que estou para aqui a dizer. É claro que eu quero ver Harry, mas eu preciso de tratar deste assunto primeiro. Está na altura de eu pôr a minha família em primeiro lugar e não o trabalho. Embora Harry não seja apenas um assunto profissional…

“Na verdade, o que me traz aqui hoje não é o Harry. Eu preciso da sua ajuda…” Digo cabisbaixa com todos os sentimentos à flor da pele.

Malik percebe o meu estado vulnerável e alterado, percebe a minha tristeza e angústia. Ouve o meu pedido suplicante, ele é uma boa pessoa. Zayn Malik é um bom homem, com um coração de ouro. Aqui está ele a ajudar-me, a prestar os seus cuidados a uma completa desconhecida.

“Venha até ao meu gabinete para podermos falar melhor.” Diz-me. Tento sorrir-lhe para agradecer embora ache que tenha falhado miseravelmente.

Zayn começa a caminhar e eu acompanhou-o com o olhar pregado ao chão, com os pensamentos completamente à deriva. O médico abra a porta do seu consultório e faz sinal para eu entrar. O espaço não é muito grande, tem apenas uma secretária e uma estante com vários dossiês, presumo que sejam os processos dos doentes. O espaço tem também uma janela tapada com uma cortina azul, aproximo-me da janela para observar o que a cortina tapa. Do outro lado do vidro, vejo um pátio com chão de cimento. Alguns reclusos de macacão laranja correm a volta do campo e levantam alguns pesos. Outros jogam basquetebol, ou fazem flexões. Não interessa qual é o tipo de exercício, o que interessa é que os faça esquecer um pouco onde estão, o que interessa é ocupar o tempo com algo. Zayn encontra-se de pé atrás de mim, observando o mesmo que eu.

“Não gosta de os ver?” Pergunto ao médico, sem nunca me virar para ele.

“Não gosto de ver as expressões das suas caras. Já reparou como frustrados eles estão, o quão desesperados se encontram. Eles utilizam o exercício físico para poderem esquecer um pouco a realidade que os rodeia, mas não passam de pessoas revoltadas com o mundo.” Diz com voz distante. Na verdade eu não tinha reparado nas suas expressões, tudo isso me tinha passado despercebido.

X Justice X || h.s.Where stories live. Discover now