Capítulo 2

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Os seus olhos pareciam lanças prestes a ser atiradas contra mim enquanto esperava a minha resposta. Que raio devia eu responder? ‘Hum, Mr. Styles a cadeira eléctrica parece-me ser a melhor opção.’ É obvio que eu não responderei nada assim. Eu nem sei bem qual é a minha verdadeira opinião acerca da pena de morte, eu sei que é estranho sendo eu advogada. Durante toda a minha carreira já vi coisas muito obscenas, muito cruéis, coisas que eu nem sabia que eram possíveis ser realizadas por um ser humano. Se essa pessoa devia morrer? Talvez… Quer dizer matou alguém que provavelmente nunca fizeram mal a ninguém, destruiu uma família, fez sofrer muita gente. Mas sejamos sinceros também já morreu muita gente inocente à custa desta pena. Alguém que foi acusado de cometer algo que na verdade não fez. Será o caso deste homem aqui à minha frente? Eu não faço mínima ideia… Imagino que se fosse inocente estava aqui à minha frente a chorar e implorar para que o ajudasse, para que o salvasse da morte. No entanto este ser de olhos verdes nem pestanejou ao falar das várias maneiras que lhe podiam retirar a vida. Harry parece ser um ser frio, sem sentimentos, que diz tudo o que quer e onde quer. Pergunto-me se ele seria realmente capaz de matar aquelas inocentes raparigas, e pior violá-las. Embora seja um homem que parece ter o coração congelado não o consigo imaginar a obrigar aquelas pobres adolescentes a ter relações sexuais. Mas se há uma coisa que eu aprendi  durante a vida é que as pessoas nem sempre são aquilo que parecem ser e que por vezes nos surpreendem da pior maneira.

“Não vai responder?” Ele diz com o seu olhar a entrar directamente na minha alma.

“Oiça Mr. Styles, eu estou aqui para o ajudar, para tentar evitar que morra. Se quiser a minha ajuda muito bem, se não quiser pode dizer-me que eu saio por aquela porta.” Aviso séria enquanto aponto para a porta em que entrei.

“Oiça você Ms. Sheperd.” Inclina-se mais na mesa de metal. “Você não sabe como é viver dentro de quatro paredes, não sabe o que é levar porrada quase todos os dias por ser o gajo novo numa prisão. Sabe à quanto tempo eu não vejo a luz do sol? Isto não é um hotel de luxo, não te vem trazer roupa lavada e o pequeno -almoço à cama! Sabe porque é eu não dou a mínima importância sobre morrer? Porque eu prefiro morrer a ficar mais um mês aqui!” Ele grita claramente com desespero na sua voz. Engulo em seco.

“Por favor, deixe-me ajudá-lo a sair daqui.” Tento ganhar a sua confiança. Vejo-o a assentir com a cabeça.

“Portanto voltemos à noite em que foi preso. Pode relatar-me essa noite, por favor?” Retiro um caderno da minha mala e uma caneta enquanto vou apontando o que ele me diz.

“Eu cheguei a casa do trabalho e-“

“Qual é o seu trabalho?” Interrompo-o.

“Não percebo o que é que o meu trabalho tem haver com esta merda! Eu sou inocente, nem devia estar aqui!!!”

“Tudo é importante, portanto, qual é o seu trabalho?” Questiono novamente quase a perder as estribeiras.

“Trabalho numa padaria.” Responde directamente.

Harry a trabalhar numa padaria? Não o imaginava, de todos os trabalhos à face da Terra este era o que menos esperava.

***

Harry POV

Depois de responder a umas mil perguntas daquela estúpida advogada ela finalmente saiu. Eu estou farto disto tudo, farto!!! Todos os dias tenho a mesma rotina, todos os dias faço a mesma coisa. Isto deixa-me doente, sinto que vou enlouquecer. Todos os dias levo um soco ou dois, detesto ser o tipo novo, principalmente numa prisão. Ninguém vai conseguir provar a minha inocência, eu sei disso, nem mesmo April. Já tive quatro advogados e nenhum deles conseguiu, todas as putas das provas apontam para mim. E eu continuo a não perceber como isto foi acontecer, eu não matei ninguém, eu não fiz nada. No outro dia deitei-me no meu beliche e comecei a pensar numa maneira de me matar, estúpido eu sei. Mas isto é realmente horrível, acho que se não fosse Liam, já o tinha feito. Liam é o meu companheiro de cela, devem se estar a perguntar o que ele fez para estar preso. Roubo, nada de muito grave, foi apenas condenado a dois anos de prisão e mais 340 horas de trabalho comunitário. Segundo ele, apenas assaltou um banco para poder dar de comer à sua família que era muito pobre. Não sei bem se isto é só conversa ou se é realmente verdade, também não me interessa. É um gajo fixe até. Não é como estes bandidos que cá andam que só estão bem é a esmurrar pessoas. Estou agora dentro da minha cela, sentado na cama de baixo do beliche onde durmo enquanto alguém interrompe os meus pensamentos.

X Justice X || h.s.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora