Capítulo 31

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Se quiserem releiam o capítulo 28. Vai ajudar-vos a perceber melhor este capítulo. Desculpem a demora.

Boa leitura <3

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"Niall, April, temo não ter boas notícias."

E eu não sei como reagir. Acho que a reação mais esperada e comum seria tristeza, medo... Mas não... Eu naquela fração de segundo não senti nada disso. Senti raiva, revolta. Perguntei-me muito brevemente porque é que tinha que ser assim? Porque motivo o Universo estava a ser tão duro connosco? Tão cruel? Naqueles pequenos cinco segundos revi toda a minha vida. Revi todos os pequenos momentos à procura de uma explicação para tão grande castigo... Não encontrei nenhuma...

O Niall ao meu lado, tinha uma reação parecida à minha. Não o vi chorar, não o vi vacilar. Ele apenas estava ali, meio que adormecido, entorpecido pelas palavras cuspidas na sua cara. Zayn tentava não perder a compostura. E isto ainda mal tinha começado...

"Fiz uma visita à vossa mãe, tal como a April me pediu. Conversei um pouco com ela, tomei algumas notas. Consegui logo de imediato diagnosticar uma depressão gravíssima, no entanto, isso não explicava de maneira nenhuma a confusão de identidades de que me falaram. Uma depressão não provoca esses sintomas..." Ele para, para ganhar o fôlego, ou então para ganhar coragem.

As minhas mãos, pousadas no meu colo, tremiam incansavelmente, sendo me impossível parar aqueles pequenos espasmos. Niall estende-me a sua mão, mostrando-me que não iria conseguir ouvir o que se seguiria sozinho. Ambos precisávamos um do outro, só me restava ele, e para ele só lhe restava a mim.

"Pedi que fizessem uma ressonância magnética à vossa mãe, juntamente com um TAC..." Também com as mãos trémulas, ele retira uma película grossa e preta, com algumas imagens azuis, de um envelope grande de papel. Ele coloca a película numa espécie de quadro branco e acende uma luz, tornando as imagens muito mais nítidas. "Quando recebi os resultados, soube desde imediato que algo não estava bem... Foi por isso que pedi a ajuda da Dr. Wilson."

"Estas são as imagens do cérebro da vossa mãe." A neurocirurgiã começa. "Vêm esta mancha mais escura?" O seu dedo aponta para a película.

Sinto a mão de Niall a apertar a minha com força, oiço-o engolir em seco. Era agora, nós sabíamos que era agora. E apenas o teríamos que aceitar. Teríamos que aceitar o quão injusta a vida pode ser...

"Infelizmente esta mancha é um tumor..." Ela para, esperando que as suas palavras nos mandassem abaixo. Mas ninguém chorou... Ninguém disse nada, eu e Niall apenas continuávamos ali, com o olhar fixo e vidrado, ambos à espera de acordar deste pesadelo. "O tumor está a pressionar uma parte do cérebro da vossa mãe, essa parte é a que usamos para o reconhecimento das pessoas. É como se ela tivesse Alzheimer, e se fosse esquecendo das pessoas que a rodeiam. Daí a confusão gerada entre si April, e a sua irmã. Como eram gémeas, o seu subconsciente fica confuso. Temo que a situação se agrave... Isto é apenas o início..." Ela dispara as más notícias como balas mortíferas.

A meu lado Niall desaba. Torna-se impossível ele conter as lágrimas e os soluços, pensando em como será tudo agora. E eu, eu continuo na mesma. Acho que ainda não me apercebi da gravidade da situação... Ou então percebi e o meu corpo é incapaz de reagir...

"E agora? O que fazemos? Quimioterapia? Cirurgia?" Os meus olhos suplicantes olham para o psiquiatra.

"April, nós consultamos um oncologista... O cancro já está tão espalhado que a quimioterapia não iria fazer nada, assim como uma cirurgia." Oiço Niall a chorar mais alto a meu lado.

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