Capítulo 57

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April POV

Já alguma vez sentiram uma arma colada à vossa testa? Eu já. Sabem todas aquelas cenas dos filmes em que a vítima entra em pânico e implora para que o gatilho não seja premido? Desenganem-se. O meu coração nunca batera tão compassadamente, tao sincronizadamente. A minha respiração nunca havia sido tão serena. O meu aparelho auditivo à espera de ouvir o "tchick, tchick, BANG!". Mas o BANG nunca mais vinha e a mão que premia o gatilho estava trémula.

"Atira, não tenho nada a perder." Uma voz doce e serena abandona as minhas cordas vocais.

Mas depois percebi que a minha voz doce e serena estava a transmitir tudo menos tranquilidade ao homem com a arma na mão. O suor intenso a preencher-lhe a fronte, o controlo a desvanecer-se, o homem que aqui entrou há segundos atrás a desaparecer pela fechadura da porta. Louis igual a Brown, só que Louis não era o homem com a arma letal na mão.

"April, para de falar, por favor..." Louis implora-me.

"Se fosse a ti ouvia o teu amigo." Avisa-me.

"Porquê? Estava à espera que estivesse aqui a implorar pela vida?" O meu olhar gélido a queimar a iris de Brown. "Lamento, mas não vai acontecer. Por isso, podemos passar à frente parte em que eu lhe peço para não me matar, e pode já executar o que aqui veio fazer."

"Cala-te, cala-te porra!" A sua paciência e calma a dissiparem-se.

O meu olhar sai da iris quase preta à minha frente e pousa na porta atrás de Brown. Uma Naomi incrédula e nervosa está nessa mesma porta. Desvio rápido olhar, não quero que Brown perceba que ela está ali. Louis não é parvo, percebe o que fiz e tenta ignorar a secretária à porta. O meu subconsciente grita a Naomi que se vá embora, sã e salva. O meu corpo faz um esforço enorme para não ir a correr até à minha amiga, sei que enquanto mantiver a atenção do homem que está à minha frente em mim, ela estará a salvo. Gostava que Louis estivesse ali com ela, salvo, sem ter uma arma apontada a si. Sem ser a imprevisibilidade deste ser humano que definisse se vivia ou não. E aí eu apercebo-me, eu não tenho nada a perder, se morrer não tenho nada a perder. Mas o Louis, a Naomi e a centena de trabalhadores que estão aqui, têm... E nesse momento, apercebo-me do quão egoísta fui. Se eu morrer, quem impede Brown de não matar o resto das pessoas que se encontram nesta firma? Porque eu não tenho um lar para onde voltar, não tenho um marido à minha espera em casa, não tenho algum filho que dependa de mim, tenho irmãos sim, mas eles irão ficar perfeitamente bem, vão sofrer, porém, vão ficar bem. Naomi tem um marido que a ama, que espera que ela volte a casa.

"Deixa o Louis ir, e podes fazer o que vinhas aqui fazer. Deixa-o só ir, por favor. Eu não vou implorar pela minha vida, mas vou implorar pela vida dele."

"Nem penses nisso, ele sabe tanto quanto tu." A sua voz grossa deixa-me desconfortável pela primeira vez.

"April..." Um sussurro atrás de mim. Vejo Naomi a recuar lentamente pelo canto do olho, tento não parecer aliviada.

"Então qual é o seu plano? Chegar aqui, matar-me, matar o Louis e fugir? Ambos sabemos que a polícia o vai apanhar. De uma maneira ou de outra, vai apodrecer na prisão, Brown."

Uma campainha ensurdecedora desperta-nos a todos. Eu esboço um sorriso. O alarme de incêndio, obrigada Naomi. Enquanto vejo Brown a ficar nervoso à minha frente, penso em como Naomi agiu de uma maneira brilhante. Os trabalhadores, com sorte, vão sair do edifício, e, se aquele alarme ficar ligado por tempo suficiente, os bombeiros serão ativados.

"Merda, merda!!!" Brown a perder as estribeiras, o suor a acumular na sua fronte.

"Brown, sabe perfeitamente o que aquele alarme significa, de uma maneira ou de outra, não tem como escapar." Tento permanecer calma.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 18, 2019 ⏰

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