Capítulo 41

620 47 11
                                    


Louis POV

Consegui vê-la a entrar, com um ar apressado, no entanto irritado. Conheci-a demasiado bem, sabia que as pequenas rosetas nas suas bochechas demonstravam o quão irritada e preocupada estava. Assim que o guarda lhe abriu a porta, ela entrou e procurou a cela onde me encontrava. As minhas mãos estavam a segurar uma das barras da cela, o meu olhar atento fitava o exterior. Assim que me viu e pode constatar que estava bem, franziu o sobrolho olhando para mim de maneira reprovadora. Baixei a cabeça, claramente eu tinha feito merda, e já sabia que April me ia de certa forma repreender pela minha atitude impulsiva e imatura.

"Hey..." Decido cumprimentá-la, April ainda não tinha dito nada, contudo, já estava a par de tudo o que tinha acontecido, eu mesmo lhe tinha contado por telefone quando me deixaram fazer uma chamada.

"Louis, eu já tenho tanta coisa com que me preocupar, e tu ainda fazes isto?" April questiona com um tom de voz elevado. "Não estou nem com paciência, nem com vontade de aturar isto! Se me voltas a fazer sair da cama às 2h da manhã, nem sei o que te faço!" A sua voz ameaça-me.

"April, desculpa eu-"

"Eu nada!" April interrompe-me furiosa. "Sabes o que eu te devia fazer? Devia deixar-te aí nessa cela minúscula, nesta esquadra da treta com todos os bêbados que estão prestes a chegar. Talvez faças amigos, não sei..." Diz sarcástica, a minha postura muda. Tenho que levar a situação a sério, não quero meter-me em sarilhos. Se há uma coisa que eu sei, é que April não me ia deixar aqui, mas e se isto fosse maior que ela? E se eu tivesse que passar aqui a noite?

"April, vais tirar-me daqui certo? Desculpa ter-te acordado, é que eu não conheço outro advogado, eu pensei que talvez me pudesses ajudar... Eu não vou ser preso nem nada do género, pois não?" Pergunto-lhe preocupado.

"Não, Louis..." Ela suspira agora mais calma. "Se eu pagar a tua caução podes sair... Como não estás bêbado e foi a primeira vez que isto aconteceu, não te vai acontecer nada..."

"Desculpa, eu não me consegui controlar, quando dei por mim já me estavam a trazer para aqui..." Desculpo-me arrependido.

"Tu estás bem?" April pergunta-me olhando para o meu rosto. O meu olho estava negro, tal como o meu nariz que estava provavelmente partido. Os nós dos meus dedos tinham arranhões, o meu lábio ainda sangrava.

Olhei para as minhas mãos, para o vermelho que as cobriam e de repente a realidade atingiu-me. As memórias do que realmente tinha acontecido apareciam em flashes na minha cabeça. Uma pontada atingiu a minha testa e a respiração anteriormente compassada tornara-se agora descontrolada. Comecei a andar de um lado para o outro da minha cela, a voz de April fazia-me perguntas, no entanto, esta apenas aparecia como um barulho de fundo, sendo impossível de detetar o que me perguntava. Tudo tinha acontecido tão rápido... Agora assimilo as consequências que tudo isto lhe trará. Agora percebo que nunca deveria ter feito o que fiz, agora percebo que ela já pode estar morta neste momento... Continuo a fitar as minhas mãos, estas tremem descontroladamente quando as lembranças me atingem, sinto o meu peito pesado, a culpa é demasiada.

"Louis, o que se passa?! Hey, fala comigo. O que aconteceu?" A voz preocupada de April agora é audível aos meus ouvidos, a rapariga que se encontra do outro lado das barras, barras essas que nos separam, tenta perceber o motivo que me pôs assim.

O meu olhar finalmente saí das minhas mãos trémulas, olho para a advogada sério. Não sou capaz de pronunciar uma única palavra, tento que o meu cérebro assimile tudo o que está a acontecer.

"Louis, o que se passa?!"

"Eu... eu..." Tento que o meu discurso saia fluente e percetível. "Nós temos que a ir buscar... April, ele vai matá-la..." Sussurro, sentindo uma lágrima a formar-se no canto do meu olho. O facto de existir uma mera possibilidade de eu ter provocado a morte de alguém, faz com que o meu interior corroa.

X Justice X || h.s.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora