Capítulo 53

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Dia 4

O toque soou estridente no meu tímpano, batendo-me mentalmente por estar mesmo por baixo da campainha. Tento abafar o som com as minhas mãos, tapando os meus ouvidos. Vejo Louis a olhar em seu redor, ambos perdidos na Cathedreal High School, uma escola tão grande que me fazia pensar que tivera estudado num barracão toda a minha vida. Os corredores começam a encher, saindo alunos de salas completamente aleatórias fazendo-me lembrar pequenas formigas a abandonarem o seu formigueiro. Os uniformes requintados davam a entender que isto não era uma escola qualquer, nada comparada a todas as escolas publicas que frequentei. As miúdas demasiado snobes olham-nos de lado, talvez percebam que não nos encaixamos, muito provavelmente, no seu estrato social. Outras, contrariamente, fazem olhinhos e trocam risinhos com Louis, rolo os olhos. Adolescentes hormonais não são propriamente o meu forte. Dou graças a Deus por já ter passado essa fase da minha vida, mas sinceramente, acho que nunca a vivi, fui obrigada a crescer demasiado cedo. Ser a irmã mais velha e ter uma mãe constantemente deprimida, obriga-te a tal.

"Devíamos tentar encontrar o gabinete do diretor, não achas?" Louis questiona-me.

"Acho que devíamos era perguntar a alguém onde é o gabinete do diretor, vai ser impossível encontrar alguma coisa neste labirinto." Afirmo.

"Tens razão..."

Os meus olhos percorrem os corredores infindáveis à procura de alguém que me pudesse dar essa informação, uma professora ou uma continua. Não quero ter de estabelecer qualquer tipo de contacto com as adolescentes, muito provavelmente, arrogantes e maldosas. Sorrio quando vejo uma senhora com os seus 50 anos. Aproximo-me rápido dela.

"Bom dia, desculpe, poderia dizer-me onde é o gabinete do diretor?" Questiono educada.

"Segue o corredor até ao fim, vira à direita, e depois na primeira sala à esquerda." Diz curta e pouco convidativa.

Os meus pés vão percorrendo lentamente o caminho que me fora dito. Ao ritmo a que ia, parecia que tinha todo o tempo do mundo, ninguém diria que em meros dias ele iria estar morto. Toda esta situação me parecia ridícula, irreal até. Agora, ali, rodeada por todas aquelas raparigas e por todo aquele ambiente, nada disto parecia que estava realmente a acontecer. Louis está entusiasmado, ele mostra-se confiante, afirma ter a certeza de que vamos sair daqui com respostas. E eu... Bem, durante todo este processo habituei-me a perder a esperança muito rapidamente. Sinto que se hoje sair daqui com a mesma informação com que cheguei, não me irei surpreender.

"Acho que é aqui." Louis interrompe os meus pensamentos e aponta para uma sala grande.

Entro na mesma, várias professoras conversam alegremente, outras trabalham em secretárias aleatoriamente dispersas pela sala. Uma senhora com alguma idade atende telefonemas e rabisca todo o tipo de coisas apressadamente em folhas soltas e post-it desorganizados. Por momentos revejo uma Naomi envelhecida pelo tempo, sorrio com a ideia. Dirijo-me à secretária que aparenta ter um ar doce e reconfortante.

"Bom dia." Cumprimento, chamando a sua atenção. "Gostaria de falar com o diretor, por favor."

"Tem marcação?" Sorri-me. "Não vejo nenhuma hora marcada na agenda de Mrs. King." Percebo agora que o outrora diretor calvo e alto que erradamente imaginei, foi substituído, por uma senhora de meia idade da alta sociedade nova-iorquina.

"Não..." Começo a perder a esperança. "Mas é realmente importante, será que a diretora nos poderia receber? Não iremos retirar-lhe muito tempo." Rezo aos deuses para que esta secretária torne isto possível.

"Talvez lhe pudesse ligar, perceber se ela tem alguns minutos livres." Louis tenta agora.

"De que se trata?" Tenta perceber o tema para o transmitir à sua superiora.

X Justice X || h.s.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant