Na verdade

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Hanae estava chateada, sem dúvidas.

Eu e Aimi cozinhávamos um ensopado de carne na pequena fogueira que tínhamos feito perto de nossas barracas em frente à cerejeira e Kaya e Harumi. Hanae estava sentada sobre um pequeno pedaço de tronco, olhando para o chão, apoiando a cabeça nas mãos, que se apoiavam nas pernas pelo cotovelo.

Ela estava chateada porque não tinha conseguido nos levar para ver Kaya e Harumi diretamente, pela segunda vez. Tinha gastado muita energia e muito chakra, e acabou que não conseguimos vê-las e nem elas. Teríamos que passar mais um dia lá, daí ela poderia vê-las e falar com elas do mesmo jeito de sempre.

Mas ela não estava com cara de quem iria desistir.

"Hanae, vamos comer, você precisa recarregar suas energias", Aimi disse. "Enviei uma mensagem para o Gaara e para o Lee, já avisei que só voltaremos na manhã do dia depois de amanhã".

"Tudo bem...", ela suspirou e pegou uma tigela, esticando os braços para que eu a enchesse com o ensopado. "Sobrou algum bolinho?".

"Sim, pegue", falei e distribuí entre nós.

Aimi desligou o aparelho estranho que parecia um telefone, mas tinha mais utilidades, guardou e continuou a comer.

"Eu vou conseguir, não precisam se preocupar", Hanae disse e abriu um sorriso.

"Nós sabemos que sim. Kurenai falou que você está pesquisando de tudo e mais um pouco. Nós confiamos no seu esforço", eu sorri para ela.

"É verdade. Sabemos que você pode fazer isso!", Aimi acrescentou.

Hanae sorriu, mesmo que ainda estivesse incomodada. Ela se sentiu um pouco melhor, tenho certeza.

Olhei para minha irmã e para minha irmã de consideração. Toda vez que eu as olho, é como se eu conhecesse uma nova versão delas. Estão tão crescidas, tão mais sérias, tão responsáveis e parecem até cansadas, pra falar a verdade. Elas são mães, afinal. E, além disso, nunca deixaram de trabalhar.

Hanae está grávida de cinco meses. A tentativa de estabelecer contato direto com o mundo espiritual exigiu muito dela, mas ela já estava parecendo cansada antes. Ela sempre entendera como Aimi vivia, mas agora sentia na pele.

Às vezes eu tenho curiosidade, penso em como seria ter uma família, filhos, mais responsabilidades. Mas logo o sentimento de que já é tarde aparece, mesmo que eu saiba que não é tão tarde assim. Pelo menos é o que essas duas sempre me falam... Ainda mais quando elas falam que a Katsumi ainda me dá moral.

"Babakakashi! Preste atenção", Hanae chamou. "Você ouviu o que dissemos?".

"Hã? Não", respondi e Aimi bufou.

"Estávamos perguntando se você quer passar um tempo lá em casa. O Sakumo vai vir logo, e acho que ele e Shinki gostariam de ter mais algumas 'aulas' com você, 'sensei' querido", Aimi disse.

"Ah... Ah! Sim, sim, claro! Vai ser ótimo", concordei. "Não tenho mais muitos planos pra depois disso. Acho que vou só visitar Tsunade-sama, parar de perambular por aí e voltar pra casa".

"Parece um bom plano", Hanae sorriu. "Logo, logo vai rolar o Exame para as crianças... Eu estou tão ansiosa... Será que vai ser diferente do anterior?".

"Creio que sim, mas não muito", Aimi disse. "Sinto falta de ficar com o frio na barriga antes de um Exame".

"Mas a gente só fez dois", Hanae falou confusa.

"Eu sei".

Rimos um pouco e ficamos falando sobre as provas que tínhamos feito ao longo da vida, especialmente sobre como algumas coisas mudaram ao longo dos anos. Gargalhamos ao perceber que, apesar dessas crianças parecerem mais inteligentes que a gente às vezes, o ensino e o tratamento que elas receberam é bem diferente e mais... Suave que o que a gente recebeu.

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