Livre

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Aimi POV

"Então é melhor não contar nada para a Harumi agora", concluí e Kaya-sensei assentiu.

"Ela ia pirar na batatinha se soubesse. Ela leva a sério essa coisa de sonhos e premonições", ela contou.

"Entendo. A Hanae também", contei e ela assentiu de novo. "Eu trouxe um docinho pra você, sensei".

Eu peguei o embrulho no meu bolso e lhe entreguei, pois sabia que era o doce do qual ela mais gostava, e sabia que ficaria alegre, afinal era muito difícil de arranjar doces naquele momento.

Ela desembrulhou e abriu um sorriso antes de começar a comer. Ela estava feliz, bem mais feliz do que antes. Ainda tínhamos Itachi na mente, assim como o Ero-sennin, mas a dor se tornava menor a cada dia. Porém, apesar da melhora de cada dia, sensei parecia estranha.

"Onde você arranjou isso?", ela perguntou de boca cheia, feliz como um bebê.

"Uma senhorinha passou entregando doces na obra", contei. "É que você ajuda na reconstrução de noite, por isso nunca a viu".

"Puxa, obrigada", ela sorriu e me deu tapinhas nas costas.

Os momentos com ela eram simples, mas únicos. Não posso dizer que um dia fizemos algo intenso, maluco e alucinante além de treinos bem perigosos, mas a verdade é que eu nunca precisei disso vindo dela.

Não era preciso muito. Ela me dava desenhos e eu lhe dava bilhetes. Desde que ela se mudara para Konoha, tomávamos chá juntas, treinávamos regularmente no nosso tempo livre, conversávamos quase todos os dias... Era muito bom tê-la ali, bendito o dia em que ela aparecera na minha vida.

Creio que, até hoje, mais do que qualquer um, ela é a pessoa que mais me faz falta.

"Sensei", eu chamei.

"Sim?".

"Você é incrível".

Ela sorriu para mim, estava feliz, mas ainda assim eu achava que estava estranha, de algum modo. Eu sempre tive um pequeno problema em perguntar as coisas para as pessoas, mas algo a incomodava muito, e eu sentia que era a hora de fazer uma pergunta inocente, mas que poderia me revelar muitas coisas.

"Sensei?", chamei de novo.

"O quê?", ela olhou para mim.

"Aconteceu alguma coisa? Você parece incomodada".

Ela suspirou devagar, o que significava que sim, algo havia acontecido e sim, ela estava incomodada com algo. Kaya-sensei olhou para as mãos que tinham fragmentos de açúcar colorido e fez uma careta que eu desconhecia, repuxando um pouco as cicatrizes estranhas, de maneira que eu só conseguia sentir que o tamanho do problema era maior do que eu esperava.

"Na verdade, aconteceu sim", ela suspirou de novo, mas dessa vez olhava para mim com os olhos pretos como a noite.

O silêncio decidiu retornar, mas apesar da demora, eu sabia que ela falaria. Ela tinha que falar de um jeito ou de outro, e eu desejava que fosse do jeito mais fácil e prático.

"Eu vou lhe contar, mas você deve prometer que não contará a ninguém. Nem a Hanae, nem Harumi, nem Kakashi e nem Yūta".

"Eu prometo, mas... Por que eu contaria ao Yūta?", perguntei.

"Eu vou saber? Vocês andam cheios de gracinhas por aí...".

"Sensei!".

"O quê? É a pura verdade", ela disse convencida e eu revirei os olhos.

"Vai me contar ou não, Uchiha?", perguntei.

"Sim, claro", ela disse e olhou para os lados de novo e sua voz assumiu um tom mais grave. "Ok... O que você sabe sobre Madara Uchiha?".

Half a SoulWhere stories live. Discover now