Do começo, é claro

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"Antes... Podemos ir visitar Shizune?", Aimi pediu com um sorriso acanhado. "Não vai demorar... Por favor", ela olhou para os outros, apelando com sua voz e seu olhar. Ela tinha mudado um pouco desde que a conhecera, a única coisa que não mudara eram os grandes olhos, mas ele ainda a via como ela era antes – do jeito que a vira pela primeira vez.

Kakashi se aproximou e enterrou os dedos compridos nos cabelos prateados dela, amassando e bagunçando-os um pouco, e por cima da máscara ela podia ver que ele sorria. "Tudo bem. Ela merece", ele concordou. Ela abriu um sorriso maior, o que o deixou satisfeito.

"Certo, certo", Hanae riu. "Mas vamos logo, sim? Temos que partir logo na 'jornada dos solteirões', não é?", ela os advertiu. "Se é que podemos chamá-la assim...", ela disse enquanto fingia estar distraída observando a paisagem dos arredores. Os irmãos olharam para ela subitamente e ela riu por dentro.

"Hã?", Aimi balbuciou. "Como assim?", ela perguntou e Hanae continuou a fingir distração, mas Kakashi adotou uma postura diferente. "Rokudaime Hokage? Você tem algo a declarar?!", ela ficara curiosa de verdade, e já começara a usar seu dom para tentar desvendar o mistério.

"Eu? Eu não", ele se esquivou depressa, parecendo indiferente, mas ela podia ver que sua alma estava com um pouquinho de vergonha. E é claro que Hanae tinha pensado em tudo isso, por isso estava rindo sutilmente. "Hm... Vamos indo, sim? Nesse ritmo nunca sairemos de Konoha", ele mudou de assunto bruscamente, pois realmente não queria falar sobre aquilo.

"Então tá bom...", Aimi disse e coçou a nuca, ainda curiosa. "Só não irei perguntar quem é, porque eu não faço ideia de quem seja. Com tanta mulher que já passou pela sua vida, fica difícil criar hipóteses", ela concluiu, arrumou as flores no túmulo e foi andando na frente, seguida pelo irmão e pela melhor amiga.

"O que você quis dizer com isso, Aimi-chan?", Kakashi sentiu algo entre irritação e vergonha de repente.

"Ai, Kakashi, cala a boca, você é péssimo com essas coisas", Hanae caiu na gargalhada. "Só... Vamos".

Os três encontraram o túmulo de Shizune, prestaram-lhe homenagens, deixaram flores e fizeram alguns minutos de silêncio, pensando no que tinham tido a honra de viver ao lado de Shizune, um símbolo sem igual de lealdade. Enfim eles deixaram o local e botaram o pé na estrada, deixando a aldeia para trás. Naruto logo seria o Hokage – eles não tinham com o que se preocupar, afinal, Naruto era quem ele era. Kakashi tecnicamente ainda era o Hokage, mas tirara umas 'férias'.

Eles andaram alguns quilômetros em silêncio, simplesmente por não saberem o que dizer naquele momento. Era um dia bonito, ensolarado, de céu azul e com uma brisa leve e refrescante que soprava enquanto os pássaros cantavam nas árvores. Tanto dentro da aldeia quanto fora dela, naquela estrada, habitavam incontáveis lembranças, de valor inestimável para eles.

"O legal de andar com a Aimi, é que a gente não se sente velho", Hanae disse enquanto mastigava um espetinho doce. "Seu Kekkei Genkai é complexo pra caramba, não faço questão nenhuma de tentar entender e nem nada disso, mas ele é o máximo", ela continuou e Aimi sorriu. "Um Hatake e uma bruxa dão um bom caldo".

"Verdade", os irmãos disseram juntos. "Sabe, já que estamos aqui juntos, e já que vamos ficar juntos por um bom tempo, que tal se a gente fosse relembrando das coisas? Todas as histórias, aventuras, combates e tudo mais", a (talvez) mais jovem do grupo sugeriu.

"Tipo, a gente vai chorar... Tipo, muito... Mas não é uma má ideia, não", Hanae apontou para a amiga com o palitinho que restara de seu petisco. "Vai ser perfeito. Mas, será que cinco meses de viagem serão suficientes pra nos lembrarmos de tudo detalhadamente? Cara, essa história começa quando a gente era criança, Aimi", ela adotou um ar pensativo.

"É simples, meninas", disse Kakashi com certeza na voz. "É só fazermos um resumo – falaremos de tudo, porém ressaltando os melhores e mais importantes momentos. Desse jeito não levará tanto tempo, e é possível que até sobre", ele finalizou sua ideia, que agradou às duas. "Pode ser assim, então?", ele perguntou.

"Muito bom, maninho", Aimi sorriu. "Mas juro que pensei que você iria sugerir que criássemos clones das sombras para nos ajudar a acelerar o processo", ela começou a rir. "Ou então mandar uma mensagem para o Yamato-san", ela riu.

"É, Aimi, mas você sabe que o chakra dele não ia aguentar segurar os clones", Hanae acrescentou, pois não podia perder a chance de caçoar de Kakashi. "Mas é possível que o Yamato apareça, ele idolatra o Kakashi". As duas riram mais um pouco, e só pararam quando viram a expressão irritadiça do homem a seu lado. "O que é isso Kakashi-san? Tudo bem que estamos falando a verdade, mas foi só uma brincadeirinha".

"Eu sei", ele finalmente desfez a expressão rígida e soltou uma pequena risada. Eles fizeram algumas observações sobre algumas das árvores do caminho, que estavam cobertas de cortes de katana, shuriken e facas kunai – tinham perdido completamente o foco de sua ideia anterior. "Meninas, a gente não deveria estar relembrando os velhos tempos?".

"Ah! Sim! Acho que nos distraímos", Aimi falou. "Mas, e aí? Por onde a gente começa?".

Hanae suspirou e riu da pergunta óbvia que fizera a confusa Aimi,e disse,"Do começo, é claro!".

Half a SoulWhere stories live. Discover now