Half a Soul

"Velhota"

"Então você não conseguiu encontrar...", Tsunade-sama suspirou, mordendo a unha do dedão, como sempre fazia. Os Conselheiros me olhavam seriamente. "Perdoe-me por permitir que você corresse tanto risco e em vão".

"Não peça desculpas, Hokage-sama. Eu irei procurar até o meu último suspiro", eu sorri. "Valeu a pena. Veja só, eu encontrei Harumi".

Eu lhe contara tudo o que ela precisava saber sobre o tempo que eu passara fora. Coisas como o fato de Kaya ser uma Uchiha e Itachi não ser do mal passaram em branco, é claro. Só Danzō Shimura e os conselheiros sabiam da verdade naquela época.

"Harumi poderá fazer um 'supletivo' na academia, para que possa participar do próximo exame chūnin assim que possível", Tsunade-sama disse. "Quanto a você, está livre por duas semanas, até se readaptar e poder sair em missões de novo, Aimi-san".

"Tudo isso?!", reclamei com tom de brincadeira. "Está bem, Tsunade-sama".

"Harumi, você será instruída por Kenzo e Shin antes de fazer a prova chūnin", disse o conselheiro. "Leve a sério todo o treinamento, por favor.".

"Pode contar com isso, velhote!", Harumi exclamou alegre e o conselheiro suspirou. "Tsunade-sama, é uma honra conhecê-la. Obrigada pela oportunidade! Não irei falhar com você!".

"Ah, eu confio em você, Harumi Uzumaki", ela respondeu com um sorriso. "Só... Deixemos o seu clã em segredo, por causa do Naruto, pode ser?".

"Oh! Claro!", Harumi se curvou.

Eu olhei para cada canto daquela sala, para cada milímetro dos rostos de Tsunade-sama e dos conselheiros, respirei o ar daquele lugar com alegria. Era a minha casa, eu estava de volta, ainda não podia acreditar.

"Certo, Aimi. Agora dê o fora da minha sala e vá encontrar com seus amigos logo!", a Hokage mais linda do mundo pediu. "E se puder, volte a ter quatorze anos!".

Eu peguei Harumi pela mão, sorri e saí correndo dali, arrastando minha amiga junto comigo. Eu arranquei a capa e a joguei pelo ar, e vi que ela riu dessa ação minha. Talvez minha alegria a tivesse contagiado completamente.

Corríamos depressa, pois eu não via a hora de abraçar a primeira pessoa que encontrasse na rua. Ao longe comecei a avistar uma figura encapuzada andando sozinha, e percebi que era a hora de agir.

"SHINO!", eu gritei antes de soltar a mão de Harumi e agarrar aquele garoto tímido, com bastante força.

"Aimi?!", ele perguntou.

"Como é bom te ver! Você cresceu!".

"Você tem vinte anos!", ele apontou para o meu rosto.

"Vinte e três", Harumi saiu de trás de mim e sorriu para ele. "Oi! Meu nome é Harumi! Aimi me falou de você!".

A expressão no rosto dele era ilegível, mas pelo menos era diferente da de sempre. Futuramente eu saberia que ele estava, na verdade, emocionado por ter sido cumprimentado daquela maneira, e mais, por saber que eu falara dele para uma amiga. Shino nascera para ser um shinobi, eu não tinha como não falar dele para as pessoas.

"Onde estão os outros?! Eu PRECISO vê-los!", sacudi a mão dele, já que eu a segurava com força.

"Eu... Eu levo você até eles", ele parecia surpreso até aquele momento, mas recobrou a compostura.

Para poupar explicar duas vezes a mesma coisa, apenas perguntei como estavam as coisas em Konoha, e envolvi Harumi na conversa. Quando chegássemos ao grupo, eu contaria sobre minha missão falsa, afinal eu já tinha uma história pronta.