Puxa...

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Aimi POV

Eu já gostava muito da Hanae, e sentia que era certo me abrir com ela.

"Minha mãe 'seduziu' o meu pai, e eu fui concebida porque ele estava preso num genjutsu. Dias depois, meu pai se livrou do genjutsu e deixou essa carta com a minha mãe. No dia em que 'não desse mais', ela deveria deixar que eu fosse embora", expliquei.

"Acho que eu entendo", disse Hanae, coçando o queixo com leveza.

"É que... Minha mãe não nasceu pra ser mãe... E eu nunca senti que ela fosse minha mãe de verdade. Ela é mais 'a mulher que cuida de mim'. Ela não é uma shinobi, mas não curte demonstrar nenhum sentimento".

O silêncio resolveu voltar depois de muito tempo de conversa. Observei minha nova amiga, ela era tão linda. Tinha a pele levemente bronzeada, cabelos loiros com mechas rosa, ela era alta e tinha grandes olhos azul-escuros, os olhos mais azuis que eu já havia visto. Ela se parecia muito com a mãe, mas os olhos azuis eram iguaizinhos aos do pai dela, se eu lembro-me bem.

Bom, mesmo naquela época, eu achava incrível o desenrolar dessa história. Desde quando alguém decide ajudar uma pessoa sem conhecê-la bem, ainda mais uma criança perdida filha de uma maluca. A carta que meu pai deixara deveria ser importante, já que convenceu o chefe do Clã Inoue a me ajudar.

Durante o percurso eu tentava reunir as informações que eu tinha sobre os Kinjo, se eu não me engano. Ayumu Kinjo havia se casado com Wakana Mitarashi, que agora também era parte do clã do marido. Eles tinham, agora, um filho menino de um ano de idade. Eles conheciam meu pai e por anos aguardavam a minha chegada, já que sabiam que minha mãe logo iria me despachar para eles.

Eu só estava indo, pois as habilidades místicas de minha mãe haviam se deteriorado, e ela não era mais capaz de manter-se com aparência jovem e saudável, e sua doença (que eu não sei qual é até os dias de hoje) já estava a consumindo, então ela me mandou embora para que eu não tivesse que vê-la daquela maneira. Eu não posso dizer que a amava, mas eu gostava dela, sim.

Ao cair da tarde, paramos numa pequena estalagem. "Amanhã de manhã retomaremos o percurso e então chegaremos à aldeia vizinha de Konoha, onde vivem nossos anfitriões", disse Toshie sorridente. Ela parecia mais jovem do que no início da viagem, e eu percebi isso ao ver que suas rugas dos olhos haviam diminuído. Era outra coisa que eu podia fazer – irradiar juventude. Era como se, todos os adultos que tivessem contato comigo recebessem um tratamento de rejuvenescimento, que não dura para sempre, mas que retarda o envelhecimento de uma maneira ótima.

Hanae e eu fomos passear pelo jardim e Toshie foi pedir um quarto e o jantar para nós. "Aimi", Hanae me chamou enquanto pegava flores brancas e rosa do chão. "Eu fico muito feliz por ter conhecido você".

"Eu também, Hanae. Você é minha melhor amiga. E não digo isso só porque você é a única", lembro-me de ter dito aquilo.

Eu e Hanae nem imaginávamos que aquilo era o início de algo bem maior do que só uma amizade – iríamos desenvolver irmandade, lealdade e cumplicidade inigualáveis.


"Não dá pra discordar disso, vocês não largam uma da outra nem por um instante", Kakashi murmurou e interrompeu-me.

"Mas é lógico. Você acha que pode chamá-la para sair sem me chamar também?", Hanae protestou, mas olhei feio para os dois e então eles deixaram que eu continuasse a contar minha parte da história.


"Você também é minha melhor amiga", ela respondeu e me deu duas flores pequenas. Eu não gostava muito de flores, mas aquelas eram as flores que Hanae havia me dado, então é lógico que eu aceitara. Hanae significa 'imagem da flor', e acho que não havia um nome melhor para a pessoa que resolvera me ajudar sem querer nada em troca. Se todo mundo permanecesse com os ideais de uma criança até a velhice, acho que o mundo seria melhor.

Half a SoulWhere stories live. Discover now