Casa

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Aimi POV

"Vocês são ótimos em fazer mistério, pessoal. Eu estou com medo, admito", sorri para Harumi e Kaya.

Itachi estava atrás de mim, segurando meus ombros. Kisame havia saído para dar uma volta e atormentar alguém, talvez, mas estávamos conversando sobre minha condição. Ele não ria das minhas piadas naquele momento, porque sentia a tensão dentro de mim, e mais, também estava tenso.

"Eu não queria falar assim, mas você tem razões para estar com medo", ouvi a voz grave do Uchiha às minhas costas.

Eu não desistira de procurar a outra metade da minha alma, mas era fato: não havia mais nada para mim ali. Naquele dia eu desmaiara e acordara na forma de vinte e três anos de novo. Voltar para quatorze anos ainda era fácil, mas outras idades começavam a se tornar cada vez mais complicadas para mim.

Naquela época, minha doença começara a se manifestar, e o pior de tudo, ninguém que eu conhecia sabia sua causa real, nem como pará-la. Só minha mãe, e eu não esperava virar a esquina e encontrá-la para pedir informações. Antes de deixar a Folha, tio Ayumu me contara que ela não estava mais na casa em que eu nascera então encontrá-la seria quase impossível. Tanto quanto achar Itachi fora complicado.

"Ok, eu já sei que todos vocês perceberam que há algo errado. E, verdadeiramente, eu gostaria que alguém se manifestasse", coloquei as mãos na cintura exigindo respostas.

"Ahn... O seu cabelo...", Harumi apontou para meu pescoço, indicando os cabelos longos que chegavam até o meio das costas. "Ele está...".

"O quê?".

Puxei uma mecha superficial de cabelo e não vi nada de diferente, porém todos eles ainda me olhavam daquele mesmo jeito. Percebi que os outros se entreolhavam, como se combinassem algo entre si sem dizer qualquer palavra. Na minha visão, era só o meu encaracolado e castanho cabelo de sempre.

Kaya-sensei parecia ser a mais preocupada dali, e não esperara nem que Kisame partisse para demonstrar aquilo. Naquela altura do campeonato, eu nem lembrava mais da doença do meu Kekkei Genkai, mas de repente lembrar se tornara necessário.

"Aimi, por favor, venha comigo".

Comecei a seguir Itachi. Estávamos naquele mesmo esconderijo do dia em que eu o vira de novo, e ele me levava até o pequeno espaço onde brincava com seus genjutsu. Quando chegamos, não era mais um oásis ou um jardim falso, nem mesmo a doceria. Era uma sala branca, bem pequena, com três espelhos em cada uma das paredes, e eu estranhei a princípio, mas ele me empurrou para que eu me aproximasse do espelho a minha frente, e quando eu percebi, levei um susto. Se fosse qualquer outro usuário de genjutsu, eu acharia que era uma brincadeira idiota, mas era Itachi, e ele não brincaria com essas coisas.

Como havia espelhos em todos os cantos, era possível que eu visse as imagens produzidas neles, e foi aí que vi. Comecei a remexer meus cabelos e encontrei o grande problema: cabelos 100% grisalhos.

"O que... O que é isso?", perguntei com uma mecha em mãos.

Não era só uma mecha, era a parte interna do meu cabelo quase inteiro.

Era desesperador, porque eu sabia o que significava. Eu tinha vinte e três anos, querendo ou não, e se chegasse aos vinte e seis sem a outra metade da alma, morreria, e os cabelos prateados representavam que minha vida estava se encurtando mais depressa do que eu esperava.

Virei para Itachi, que me aguardava com um olhar imparcial, mas eu sabia que ele não se sentia imparcial quanto àquilo – eu podia ver sua alma.

"Você não é a única que carrega uma doença, pequena Aimi", ele olhou para os pés e sorriu. "Os usuários do Mangekyō Sharingan vivem cientes de que o uso deste poderá cegá-los a princípio, e acarretar diversas dores e sangramentos. E eu já comecei a sentir".

Half a SoulWhere stories live. Discover now