O contra-golpe do Degolador o estriparia de baixo pra cima, se ele não bloqueasse a espada com sua lança. O monstro jogou o ombro para trás para cravar sua outra espada, Marcus lhe deu um chute no meio do peito, se arremessando para trás mais do que o empurrando.

   Derrapou na areia e assim que seus pés ganharam firmeza no solo, lançou-se novamente. Percebeu de soslaio que a luta do Nicolas contra o homem de tranças também havia começado.

   Tenha concentração, garoto.

   A troca de golpes recomeçou. Cada vez que as armas se encontravam, sentia a imensa força do seu inimigo vibrar através do seu braço, precisava segurar com muita firmeza ou a suas lanças voariam longe.

   Começou a esquivar mais do que bloquear e recebeu um talho no ombro que fez esguichar sangue na areia. Notou o prazer assassino nos olhos do pagão.

   Há quatro passos dele, segurou a ferida e passou o polegar sobre ela. Não parecia profunda, mas estava ardendo com o sal do suor.

   Encararam-se por um pequeno momento, e o monstro lhe lançou um sorriso predatório. Já havia encontrado guerreiros com legado pagão em algumas de suas campanhas, mas esse era o primeiro que sabia usar direito suas vantagens.

   O Degolador voltou a se somar sobre ele com apenas duas passadas. Um golpe poderoso veio da arma esquerda. Marcus golpeou contra ela para conte-la e logo em seguida arremeteu sua lança contra o peito do pagão.

   Ele era violento, mas o padrão de luta era decifrável.

   Furou, rasgando a pele do inimigo. O monstro fez apenas uma careta, similar a quando se pisa numa pedra pontuda. E por um instante, Marcus achou que fosse morrer.

   O outra espada do inimigo já estava a centímetros dele.

   O Centurião se jogou e rolou na areia, conseguindo evitar o aço por um triz. Maldito. O monstro tinha se deixado acertar para se concentrar na ofensiva.

   Cada ataque dele era uma promessa de morte.

   Marcus mal recuperava o folego e o apetite do monstro para a batalha não tinha esfriado em nada. Ele veio com um pisão, o Centurião rolou desajeitado pro lado. O pagão arremeteu uma espadada e Marcus se jogou novamente. Os golpes explodiam no chão, jogando areia para todos os lados.

   Antes que ele pudesse se levantar, o pagão já estava sobre ele descendo o gladio. Essa seria difícil de evitar. Afinal, ele realmente perderia.

   Uma sombra o cobriu e o escudo do Nicolas bloqueou a arma do pagão. Irritado, lançou diversos outros ataques na proteção.

   — Ele é forte! — disse o grego.

   — Muito! — respondeu Marcus, aproveitando para se levantar.

   O segundo de descanso tinha acabado, porque o gladiador das tranças se fazia presente com um ataque em carga do outro lado, projetando o escudo pra frente.

   Marcus não podia evitar a trombada, pois acertaria o Nicolas que se esforçava para conter o monstro.

   — Se joga pro lado! Se joga pro lado! — ordenou o Centurião.

   O rapaz grego se jogou rolando para a direita. Nesse momento, Marcus se viu entre os dois inimigos. O pagão em sua costas e outro gladiador correndo em sua direção.

   Já percebia a sombra do monstro se aproximar, quando se lançou para o lado na iminência do choque.

   Os dois inimigos se encontraram. O Gladiador de tranças arregalou os olhos, como se estivesse se jogando na boca de um leão. E a cena seguinte foi semelhante a um leão estraçalhando um cervo indefeso.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now