Um empregado passou com uma bandeja e deixou duas duplas de canecas sobre a mesa. Consistia numa caneca de cálido e outra de vinho. Cálido tratava-se de um chá quente energético. As bebidas podiam ser consumidas juntas ou separadas.
Camila optou por beber apenas o cálido, afinal, passariam a noite ali e ainda estava cedo para começar a ingerir álcool. Tibérius misturou as bebidas.
Os dois gladiadores ficaram em pé, como seguranças diligentes.
Quando outra empregada passou, Camila pediu para que ela servisse canecas de cálido a eles, e assim, eles também puderam desfrutar da bebida quente.
— Você é muito boa! — comentou o Tibérius.
— Por que?
— Quem lembra dos escravos quando nem terminou de beber a primeira taça.
— Eles também são pessoas.
— Eu sei — Tiberius sorriu. — Não estou criticando, apenas admirando.
Tibérius mexeu na sua túnica por um tempo e retirou um pergaminho de papel enrolado num cone e amarrado numa fita vermelha.
— Trouxe o documento que você pediu.
O documento de emancipação. Camila pegou e estremeceu. Aquilo tornava seus planos um pouco mais reais. A ideia de ser dona do próprio nariz era excitante e dava medo na mesma medida.
— Obrigada!
O barco balançou novamente. Tibérius se aproximou um pouco dela e acariciou o seu braço levemente.
— Faço qualquer coisa por você. Terei que voltar a Roma mais cedo, devo viajar em uma semana ou duas.
Percebeu que as palavras vieram para assusta-la. Não podia negar que sentiu um frio na barriga. Não era desapontamento, era mais uma expectativa por um assunto que demorou muito para ser abordado.
Outra onda balançou abruptamente o barco, Camila segurou a caneca.
— Gostaria de saber se você quer vir comigo. Quer dizer, casada comigo.
Camila ficou paralisada. Era tudo que sonhara nos últimos dois anos, mas, por algum motivo não estava a vontade.
— Posso te dar a resposta no final do cruzeiro?
Tiberius claramente ficou surpreso. Desviou o olhar e acompanhou uma gaivota descer e pegar algo jogado no mar.
— Claro. No final do cruzeiro você me da a sua resposta.
Ambos ficaram calados e quando ela ia falar algo, um barulho de alguém se engasgando lhe chamou atenção. O patrocinado do Tiberius vomitou o caldo quente nas madeiras emparelhadas que formavam o piso.
Marcus deu um salto para o lado e não fora atingido. Os pés dela e do Tiberius receberam respingos de vomito.
Camila fez uma careta de nojo.
O rapaz levantou irado. O homem negro estava pálido, babando e cuspindo no chão. Tiberius avançou e lhe desferiu um soco no rosto. O gladiador negro escorregou no próprio vômito e caiu se banhando ainda mais no liquido viscoso.
— Você está maluco? — disparou Tiberius.
Alguns nobres de outras mesas gargalharam e Camila não conseguia tirar os olhos do pobre homem no chão.
— Vá procurar algum lugar para se limpar — nunca tinha visto o filho do Edil agir dessa forma. Um empregado chegou prontamente com um balde e um pano para limpar os pés dos dois.
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A Domina e o Centurião - COMPLETO
FantasyNa sociedade romana, a cultura de gladiadores chegou em outro patamar. Todo mundo agora patrocina um gladiador e resolve suas questões pessoais em combates através dos seus patrocinados. Camila é filha do dono de uma das maiores escolas de gladiador...
Capítulo 24
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