Capítulo 18

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   — Obrigado por essas palavras, General Solonius.

   — Mais que merecidas. — o General sugou novamente o fumo e assoprou pra cima — Vê-lo dessa forma só me mostra como as coisas estão fora de lugar. Roma não valoriza aqueles que deram sangue em suas campanhas. Usam seus heróis até o bagaço, em seguida, os descartam como lixos.

   Marcus sentiu sinceridade em suas palavras. O General continuou.

   — Não sei o que houve com você, ainda está no auge, mas consigo imaginar — O General pegou um pedaço de queijo de que uma escrava passou servindo — O fato de não ter família nobre o deixou a mercê do capricho daqueles que tinham ciúme do seu talento. Já vi isso acontecer um monte de vezes, o sangue prevalecendo diante do mérito.

   — Foi mais ou menos isso que aconteceu. — resolveu não mencionar que deu uma surra num Legatus e espatifou a cabeça de um legionário numa pilastra.

   Nesse instante, um convidado embriagado passou dando um tapa no ombro do Marcus. — Grande luta, Centurião.

   Ao longe, eles perceberam um grupo de romanos se aproximando. O General suspirou. — Parece que hoje você é uma celebridade. Façamos o seguinte, a essa altura você já deve conhecer a caverna dos gladiadores.

   Marcus assentiu, já tinha ouvido falar, apesar de não saber nada sobre o local.

   — Estarei lá, daqui a dois dias, assim que o sol estiver mais forte, para conversamos com privacidade.

   — Obrigado pela atenção, estarei lá, General Solônius. — Marcus sabia que sua vida dependia daquilo e decidiu que iria a esse encontro, mesmo que precisasse fugir para tal.

   O General foi embora e Marcus viu-se novamente cercado de romanos requerendo atenção.

   Lembrou como fora elogiado na queda do Spartacus. Esse mesmo povo novamente o vangloriara por atos que ele tinha vergonha de ter participado. Aquilo não era honra, mas uma vaidade sedutora e vazia.

   Buscou a Camila com os olhos e não a encontrou. Um romano ofereceu vinho e o Centurião hesitou em aceitar. Lembrou das recomendações do lanista para não consumir nada sem a aprovação da sua domina.

   Fazia parte de sua natureza militar seguir às ordens com diligencia. Então, o próprio Lucios aproximou-se para dar-lhe as congratulações e liberou o consumo de algumas taças.

   Ouviu alguns romanos lançarem ofertas pela sua propriedade e Marcus temeu que o lanista ficasse tentado em lhe vender. Lucios recusou todas elas, mas fez um anúncio que espantou a todos.

   — Eu tomei uma decisão depois dessa luta. Marcus será o gladiador que enfrentará o grande Degolador pela casa Titanus. Preparem seus bolsos para as apostas!

   Interessante.

   Camila chegou nesse instante e ouviu a conversa.

   — Pai — Lucios virou-se para ela, irritado por ser incomodado enquanto fazia negócios — Marcus não lutara mais. Tenho um acordo com ele, ele ganhou sua liberdade com essa vitória.

   Camila estava claramente assustada. Não faça isso, pensou Marcus, prevendo a reação tempestuosa do lanista.

   — Não diga bobagens, Camila — O lanista se virou para os outros nobres, ignorando a filha. Camila ficou irritada e se pôs ao lado do pai.

   — Desculpem, senhores, o Marcus é o meu patrocinado. Comprado no meu nome e eu não tenho a intenção de coloca-lo para lutar contra aquele monstro.

   — Camila! — vociferou o Lúcios — Ele vai lutar quando eu achar que ele deve lutar! Você ficou maluca em me envergonhar dessa forma?

   — Você não tem esse direito! — falou a Camila, quase gritando. — Ele está no meu nome!

   Então, com a parte de trás da mão, o lanista esbofeteou a filha no rosto, com força. Ele caiu no chão, uma protuberância crescia instantânea no rosto. Ela olhou estupefata, com olhos marejados.

   Alguém ao fundo riu. Marcus sentiu seus músculos retesarem e começou a ser preenchido por uma raiva vermelha.

   — Vamos, minha filha! — surgiu a Ilithya, abraçando a Camila e a levando com ela — Deixa isso pra lá.

   O Centurião encarou o lanista e deu um passo em sua direção. Já se via esmurrando o homem da mesma forma que fizera com o Tito, via aquela toga branca, de tecido fino, tornar-se vermelha com o sangue do desgraçado.

   Dessa vez, seria sentenciado a morte. Mas, não estava a fim de racionalizar. O lanista percebeu a cólera em seu olhar, pois recuou alguns passos. Não tem para onde fugir, maldito.

   — Vamos, Marcus! — foi a voz chorosa da Camila, quase sem inflexão.

   Bufou. Apertou o punho. Tentou suportar aquele comando. Não conseguiu. Virou-se e seguiu a sua domina.

A Domina e o Centurião - COMPLETOOù les histoires vivent. Découvrez maintenant