— Meu pai já acordou, Panda?

   — Acordou assim que amanheceu.

   — Já faz muito tempo isso? — perguntou, levantando uma sobrancelha.

   — Um pouco! — respondeu Panda, com um sorriso.

   — Por Juno, tenho que me apressar! — levantou, espreguiçando-se. Havia marcado com o pai a realização do ritual de submissão do seu novo gladiador nessa manhã.

   Foi até a mesa, encheu um copo com suco de laranja, sem tocar na broa de milho.

   — Separa uma roupa pra mim, Panda. — deu um gole — Pode ser qualquer uma.

   O néctar avivou sua fome e ela tirou um naco de pão e deu uma mordida com vontade. Pensou em rasgar mais um, mas conteve a gula.

   Passou um lenço na boca e levantou-se para ver o vestido que tinha sido retirado do armário. Panda voltou erguendo a roupa. Azul clarinho. Separou algumas pulseiras, nada de grande valor, afinal, iria apenas na escola de gladiadores.

   A barriga da Panda soltou um sonoro aviso de fome.

   — Desculpe — falou a escrava, envergonhada, abaixando a cabeça.

   — Você sabe que não precisa se acanhar comigo — Camila disse, com um sorriso afável — pode comer a broa.

   Enquanto Panda comia, Camila tomou um banho rápido na banheira que já estava aquecida. Passou um óleo aromático no corpo e por fim, pediu para Panda lhe trazer a bacia com o preparado de ervas e bicarbonato de sódio para cuidar dos dentes.

   Saiu do quarto com a intenção de ir direto para o escritório do pai, onde ultimamente ele passava a maior parte do tempo. Lucios parecia sempre preocupado, mas nunca fora o tipo de pessoa que dividia os problemas.

   — Bom dia filha! — falou a mãe, quando estava passando pelo corredor.

   Camila respondeu a saudação num tom preguiçoso.

   Ilithya estava com um vestido vermelho brilhoso, caro. Moldava o corpo como uma segunda pele e ostentava um colar de perolas negras. Apenas para ficar em casa regando as plantas.

   Não é para menos que o meu pai anda tão preocupado, ela queima tudo com futilidades.

   — Venha cá minha filha — falou a mãe — Deixa eu ver como você está.

   — Estou atrasada, mãe.

   Ignorando, Ilithya começou a inspeciona-la.

   — Está linda filha, mas como tem coragem de sair de casa sem uma cor nesse rosto? — falou, puxando-a para o salão da casa e parando em frente a uma penteadeira e um espelho oval.

   — O papai já deve estar esperando — falou em protesto.

   — Ele esta fazendo contas no escritório, é o que os homens fazem — Ilithya abriu a primeira gaveta — E a gente se embeleza para que eles parem e olhem para gente.

   Camila gostava de arrumar-se e parecer bonita, como toda jovem de dezoito anos, porém, sua mãe adotava isso como um estilo de vida.

   Do interior de uma gaveta, Ilithya pegou um pote oval, esfregou pó de giz na mão e começou a passar no rosto da Camila.

   — Você não quer que o Tiberius a veja bonita?

   — Claro que eu quero, mas não vou me encontrar com ele hoje.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now