Ponto final

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[...] Eles correram para a saída e entraram nos carros. [...]

A cabeça de Natasha estava girando e sua vista embaçada, ela tentou mexer os braços, mas algo os segurava com força. Levou alguns minutos ate ter toda sua consciência de volta e lembrar-se de tudo o que aconteceu. Escutou passos em sua direção. O chão era de madeira e estava muito maltratado, todo o local fedia a madeira podre.
- Acorda bela adormecida – A voz de Lucy encheu seus ouvidos. Deu uns tapinhas em seu rosto.
- Hmm! – Sua vista finalmente clareou e pôde ver onde estava. Era uma casa velha e pequena. Não fazia ideia de onde estava. Tentou levantar, mas percebeu que estava sentada e com os braços amarrados atrás da cadeira – Lucy o que você está fazendo?
- O que acha? Me livrando de você.
Natasha ergueu a cabeça e quando viu o rosto de Lucy não aguentou e riu:
- Posso saber o motivo da risada?
- Seu rosto está horrível, você parece ate aqueles monstros de filme de terror. Quer saber, se eu morrer hoje pelo menos eu vou feliz, porque eu consegui te dar a surra que você tanto merecia.
- Vadia – Lucy acertou um tapa nela.
Natasha teve seu rosto jogado para o lado e seu cabelo o cobriu:
- Como você é covarde
- O que?
- Você só tem coragem de me bater porque estou amarrada nessa cadeira e indefesa
- Você me bateu primeiro
- Sim, mas não tinha nada te impedindo de fugir ou se defender – Jogou o cabelo para o lado mostrando seu rosto. – Isso só mostra o quanto você joga baixo, não tem caráter.
- Eu não ligo para isso. Hoje eu vou finalmente me vingar de você, por tudo o que fez, tirou minha vida.
- Não Lucy, eu não tirei nada, você a jogou fora porque não soube valorizar o homem que tinha, tudo o que fiz foi dar ao John aquilo que ele sempre quis, amor, carinho, respeito e principalmente lealdade.
- Logo você e sua lealdade serão história. Com você longe do meu caminho, John finalmente poderá voltar para mim.
- Você é doente
- Eu não vou ficar gastando minha saliva com você. Não se preocupe queridinha, logo isso vai acabar. – Lucy virou jogando os cabelos e foi para fora da casa.
Foi então que Natasha viu um homem de pé recostado na parede do outro lado, olhava para o chão, mas não parecia pensativo, mas sim ouvindo a conversa. Ela também o reconheceu:
- Você é o Joe Riley, certo?
- Sou – Ele concordou antes de erguer a cabeça para olha-la.
- Por que está fazendo isso?
- Acredite, eu não queria, mas estou envolvido ate o pescoço nisso
- O que eu fiz a você?
- Nada – Ele respondeu em tom melancólico – Você não fez nada.
- Então porque está ajudando Lucy nisso?
- Nem eu sei bem. No começo eu só queria me vingar do John por tudo o que me fez.
- Confesse, você mereceu. Você fez John perder milhares de dólares, vendeu matérias da revista dele para outras concorrentes. Ninguém gosta de ser roubado, principalmente debaixo do seu nariz.
- Certo, mas ele não precisava ter acabado com a minha carreira, nenhuma empresa quis me aceitar por isso, ate que a Lucy apareceu e me ofereceu dinheiro para me ajudar a me vingar.
- Entenda Joe, John fez o que qualquer pessoa após sofrer um golpe faria, se protegeria, e ele se preocupou com os outros donos de revistas. Tenho certeza que você teria feito o mesmo no lugar dele... E sim, eu concordo, ele não precisava ter fechado todas as portas para você, eu achei errado, mas essa era uma decisão que cabia a ele e não a mim.
- Eu só queria que ele sofresse pelo menos uma parcela do que eu sofri, eu sabia que seria inútil tentar derrubar um homem como ele, mas estava desesperado com o que tinha de encarar todo mês, contas e etc.
- Você tem família?
Joe olhou para lado como se essa pergunta o machucasse. Ele fechou os olhos e engoliu em seco, mas não voltou a olhar para ela de imediato:
- Não... Não mais.
- O que houve?
- Minha esposa e minha filha... Morreram em um... Acidente de carro.
- Oh! Eu sinto muito
- Elas estavam indo para a casa da minha sogra no interior – Ele cerrou os punhos e Natasha pôde ver a dor em seu rosto ao falar sobre isso – Em um cruzamento o caminhão não parou...
- Meu Deus – Nat abaixou a cabeça com tristeza. Ao longe escutou barulho de carro, ela se sentiu aliviada, pois significava que estavam perto de uma estrada, se conseguisse fugir poderia pedir ajuda ao primeiro que passasse.
- Minha esposa morreu na hora, mas minha filha conseguiu chegar com vida no hospital... Só que... Acabou falecendo poucos dias depois. A dor de perde-la foi insuportável.
- Foi há muito tempo?
- 7 anos
- Eu entendo a dor que sentiu ao perder sua filha, eu também perdi um filho, mas ao contrário de você eu não tive a oportunidade de vê-lo.
- Como assim? – Ele se aproximou dela cautelosamente.
- O acidente de carro – Quando ele franziu a testa, Natasha falou – Eu sei que você sabe do que estou falando. Naquela época eu estava grávida e na hora eu estava indo me encontrar John, após receber sua mensagem, ou melhor, a mensagem que a Lucy mandou... Eu perdi meu bebê naquele dia.
- Você estava grávida? – Ele arregalou os olhos.
- Sim. Eu estava tão feliz e louca para contar ao John, mas de uma hora para outra essa felicidade foi arrancada de mim.
- Eu... Eu não sabia disso – Ele pareceu horrorizado.
No mesmo instante Lucy retornou e olhou o estado do comparsa:
- O que você tem?
- Você sabia que ela estava grávida? – Perguntou andando a passos pesados ate ela.
- Então já foi fofocar – Olhou para a Nat que estava com cara de poucos amigos.
- Sabia ou não?
- Não... Só hoje. Mas isso não me importa em nada, não fez a menor diferença para mim. John poderá ter quantos filhos quiser comigo.
Natasha rosnou e mais uma vez tentou puxar seus braços:
- Como você pode ser tão insensível? – Joe perguntou perplexo.
- O que? Oh! Pelo amor de Deus, o filho era dela, não poderia me importar menos.
- Dela ou não, era uma criança inocente, uma vida.
- Oh! Por favor, não banque o bom samaritano agora – Bufou – Tanto faz. Billy está vigiando a casa e eu vou lá fora fazer uma ligação, depois daqui pegarei um avião e irei para Paris, estou precisando relaxar e fazer umas compras – Piscou e saiu da casa.
- Joe, por favor, me deixa ir. Você viu como ela é louca, por favor, me solta.
- Eu não posso, o Harris...
- Você sabe que John vai me procurar, se é que já não sabe que estou aqui, e vai me encontrar, é questão de tempo para isso acontecer, e mesmo fugindo ele vai caçar você.
Joe olhou para ela absorvendo suas palavras:
- Você vai viver o resto de sua vida fugindo dele, e todos sabemos que ele tem recursos o suficiente para te encontrar.
- De toda forma eu saio perdendo
- Não, não, me solta, e eu juro a você que convenço o John a desistir de tentar te prender.
- Você o que?
- Eu juro, eu sou a única a quem ele escuta e posso convence-lo a esquecer de você. Tem a minha palavra, mas você precisa me soltar.
- Como posso confiar em você?
- Não pode, mas acredite eu sou sua única esperança de poder pelo menos viver o resto de sua em liberdade e sem uma morte em sua consciência. Joe, por favor, eu vejo que você não é mau e muito menos quer isso.
- Eu sempre disse a Lucy que nunca quis ferir você, eu tentei persuadi-la a desistir de tudo
- Lucy está louca, ela precisa de um médico, de tratamento. Me ajude Joe, me liberte e eu ajudarei você. Se não fizer por mim, faça por sua mulher e filha e também pelo meu filho o qual foi tirado de mim. O que elas pensariam se vissem você agora?
Joe começou a lagrimar e respirou fundo. Enfiou a mão no bolso traseiro e tinha um pequeno canivete o qual ganhara de seu avô e nunca deixou de lado. Correu ate a costa da moça e cortou um pedaço da corda e deixou o canivete na mão dela na direção do corte:
- Ouça eu cortei uma parte, você precisa cortar o resto – Ele ficou na frente dela e continuou a falar indo de costas ate a porta – Eu vou lá fora ver como estão as coisas, se tudo estiver limpo eu vou bater na madeira e... – De repente sangue jorrou e Joe caiu sem vida no chão com um buraco de bala no meio da cabeça.
Natasha arregalou os olhos e seu queixo caiu, não conseguiu emitir nenhum som, só olhava horrorizada para aquela cena. Lucy estava logo atrás ainda com o cano da arma apontada para Joe:
- Joe, Joe, sempre foi um completo inútil, eu pretendia me livrar dele mais tarde – Deu de ombros – É melhor adiantar logo o todo o serviço, afinal ele ia ajudar você a fugir.
Natasha estava assustada, nunca havia passado por nada parecido, ver uma pessoa morrer na sua frente, nem em hospital presenciou tal coisa, mas ela precisava reaver suas forças, se demorasse muito logo seria ela a próxima na mesma situação:
- Lucy ainda dá tempo de você parar, sabe que John vai me encontrar e será pior para você – Respirou fundo – Você não está bem, precisa de ajuda, de um médico.
- Eu estou ótima, nunca estive melhor
- Lucy eu só quero te ajudar, isso o que está fazendo não é certo, não pode tirar a vida de uma pessoa assim.
- Quem disse que eu quero sua ajuda? – Olhou ameaçadoramente para ela.
- Você precisa. John logo vai chegar e você pode pedir ajuda a ele, sei que não vai recusar.
- Há! Há! Há! John... Sim, meu amor, meu homem. Assim que você estiver morta... – Ela deslizou o cano da arma sobre o lábio – Ele vai voltar para mim. – Ela se aproximou de Natasha e apontou a arma para sua cabeça – Eu só preciso puxar o gatilho e todos os meus problemas estarão resolvidos.
- Lucy...
- E eu vou fazer isso agora – Quando ela destravou a arma Natasha conseguiu cortar a corda e pulou sobre a loira empurrando seu braço para cima, o tiro atingiu o teto. Com facilidade Nat conseguiu pegar o revolver e acertou um chute na barriga de Lucy jogando-a no chão. A loira bateu a cabeça e desmaiou.
Natasha mal teve tempo de respirar ou de desviar do golpe do outro capanga, ela foi jogada de encontro contra a parede.

Simply, I love youOnde as histórias ganham vida. Descobre agora