Apaixonado

46 4 0
                                    

[...] e se continuasse assim ouviria muito mais. [...]

Eles voltaram tarde da noite da festa do Dia dos mortos, as ruas estavam lotadas de pessoas fantasiadas de todos os jeitos, vários carros alegóricos enfeitaram a festa, assim como os altares que foram construídos por parentes. Aproveitaram os vários shows de dança que teve na praça central, provaram das comidas e se divertiram bastante.
Estavam exaustos quando chegaram em casa, cada um foi direto para o seu quarto tomar banho e desabar na cama. John sentou na poltrona perto da janela e soltou um longo suspiro de exaustão:
- Nossa! Eu juro que jamais pensei que essa festa fosse assim. Você disse que era bastante animado, mas achei que estava exagerando
- Há! Há! É muito legal né?! – Natasha tirou seus sapatos e a presilha que prendia uma parte do seu cabelo, assim como os enfeites.
Ela virou olhando John ainda usando a máscara de caveira que cobria ate seu nariz, e resolveu pintar a parte restante do rosto para combinar com o acessório. Natasha pegou o demaquilante de sua nécessaire junto de uma pequena esponja. Parando na frente dele ela tirou sua máscara pondo na mesinha ao lado e sentou em seu colo, molhando a esponja e passando suavemente o gel em seu rosto:
- Você teria ficado muito charmoso apenas com essa pintura de caveira, sem a máscara.
- Você acha?
- Sim, qualquer garota adoraria ser beijada por essa caveira no dia dos mortos – Esboçou um sorrisinho. Limpou com cuidado metade do seu rosto, e deu início a outra.
- Você está parecendo uma cigana
- Há! Há! Há! Essa é a ideia. Sou a cigana da morte – Falou em tom sério de brincadeira.
- Eu me rendo aos seus feitiços bela cigana.
- Adoro quando minhas vítimas se rendem tão facilmente – Terminou de limpar o outro lado – Prontinho. Agora vamos tomar banho e dormir, eu estou exausta.
- Tudo bem – Beijou suavemente os lábios avermelhados dela.
Ele a ajudou a tirar o vestido, e todos despedidos foram para o banheiro.
No outro dia pela tarde Natasha encontrou seu irmão na sacada da casa olhando sem prestar atenção para a cidade. Estava sentado em uma das cadeiras almofadadas, com os pés apoiados na grade e tinha uma xícara de café descansando em suas mãos. Ela deu alguns passos sentando ao lado dele botando os pés para cima da cadeira:
- Oi
Ele virou a cabeça para o lado e sorriu vagamente:
- Oi
- Tudo bem?
- Tudo
- Verdade?
- Sim
- Pois não parece. Fale, o que você tem? Está tão sério e pensativo.
- Não é nada de mais – Voltou seu olhar para a paisagem.
- Não é verdade, você não estaria desse jeito se não fosse nada – Continuou fitando o moreno – Cadê aquela garota que você ficou conversando quase o desfile todo? Eu pensei que fosse encontra-la saindo do seu quarto.
- Não, ela era legal, bonita, mas não me despertou interesse – Olhou para a xícara em sua mão.
- Jura? Eu achei ela muito bonita. Faz bastante tempo que não vejo você com alguma garota. – Ergueu uma sobrancelha em inquisição.
- Pois é! Não sei, resolvi descansar um pouco. Não tenho mais aquele ânimo para paquerar uma mulher, e muito menos de ficar adulando. Eu sei lá, cansei, nenhuma garota me desperta interesse.
- Hmmm! Isso é muito estranho. – Escondeu um sorrisinho teimoso que queria surgir em seus lábios – E quanto a Naya Bennet?
- O que tem ela? – Virou a cabeça para a irmã.
- Ainda pensa nela?
- Não – Olhou um tanto irritado de volta para as ruas e tomou o resto de café da sua xícara.
- Mentiroso. Você foi atrás dela?
- Natasha eu sei aonde quer chegar, mas saiba que está enganada, eu não estou apaixonado pela Naya... E respondendo a sua pergunta, sim, eu fui atrás dela no bar, mas não a encontrei. Fui duas vezes.
Natasha mordeu o lábio sorrindo e olhou para os seus dedos sobre o braço da cadeira:
- Eu não disse nada, você que entrou na defensiva dizendo não está apaixonado, eu fiz uma pergunta simples com uma resposta simples – Ergueu a cabeça olhando-o – Me responde uma coisa, esse seu desinteresse repentino pelas mulheres aconteceu depois de ter visto a Naya?
Ethan enrijeceu as sobrancelhas como se tivesse escutado a pergunta mais idiota do mundo. Olhou para ela pronto para dizer o quanto estava louca, mas ao ver sua expressão de "não vai me convencer" ele se calou e a verdade o atingiu como uma bala no peito. Deixou a xícara no chão e passou as mãos pelo cabelo pensando em toda aquela situação. Tudo aquilo era muito complicado e frustrante:
- Eu não sei... Talvez
- Irmão esse seu interesse por ela se deve ao o que aconteceu no passado ou por ter sentido algo diferente depois que a viu?
- Eu acho que é por causa do passado, eu quero que ela me perdoe por aquilo, eu disse uma vez que nunca esqueci o que aconteceu, e me angustio por isso. Eu só quero que ela me desculpe.
- Só isso mesmo?
- Sim
- Então se ela te perdoar e se tornarem amigos acha que essa sua atração vai sumir?
- Eu não... Eu... – Começou a respirar com mais rapidez ajeitando-se na cadeira colocando os pés no chão – O que você está querendo dizer com tudo isso?
- Só quero ajudar você a enxergar o que está bem na sua frente
- E o que seria senhorita sabe tudo?
- Que está louco pela Naya – Mostrou um sorrisinho.
- O que?
- Sim, nem adianta negar, está completamente apaixonado
- É claro que não.
- Ethan, Meu Deus por que é tão difícil assim você admitir? – Perguntou exasperada com a teimosia do irmão – Mesmo que ela te perdoe não vai melhorar isso o que sente, não enquanto você não abrir os olhos e perceber o que está acontecendo. Esse seu desinteresse pelas outras mulheres não é porque está cansado de paquerar ou qualquer outra coisa, mas porque depois que viu a Naya e notou como está mudada nenhuma outra mulher vai conseguir ser mais interessante que ela.
- Como pode ter certeza disso?
- Porque aconteceu exatamente o mesmo comigo. No começo eu me negava a gostar do John e de estar apaixonada por ele, dizia que minhas amigas eram loucas por falarem isso, mas olha só no que deu. – Deu de ombros – E eu aposto que estava pensando nela antes de eu chegar.
- Nat eu realmente não sei – Suspirou alto olhando para o céu – Eu confesso que não paro de pensar nela, que estou agoniado por está aqui tantos dias longe dela, mesmo com as festas e todos os nossos amigos eu não consegui manter os pensamentos fora. Eu estou enlouquecendo.
- Eu entendo você, e sei o que está sentindo, e por isso vou te ajudar, assim que voltar para Nova York eu vou ate o bar do Cesar e não sairei de lá ate falar com a Naya.
- Faria isso?
- É claro. E também tenho certeza que ela vai me receber bem, ficamos bastante amigas no colégio, vamos voltar a ser. Eu vou dar uma ajudinha para que as coisas entre vocês melhorem... Sabe muito bem que sou um ótimo cupido. – Deu uma piscadela. Levantou para sentar no colo do irmão.
- Eu sinto que não vai ser tão fácil assim
- O amor nunca é fácil, e eu sou persistente, não me dou por vencida tão rápido. E ela só está angustiada porque não te conheceu e conhece direito, continua te assemelhando com um garoto mimado e sem coração, e nós dois sabemos que isso não é verdade. Quando ela perceber o seu verdadeiro eu, vai se apaixonar perdidamente, eu vou garantir isso.
- Eu espero que sim – Descansou um dos braços sobre as coxas dela.
- Vai ver. Nenhuma mulher resiste ao seu charme, é quase um pecado não desejar você – Beijou o rosto dele.
- Há! Há! Há! Eu sei que sou bonito – Brincou.
- Estou vendo que isso é de família – John falou quando entrou na varanda – Vocês dois acabam com os corações das pessoas.
- Não é nossa culpa se eles se apaixonam assim que nos veem – Ethan falou com ar de superioridade.
- Há- Há Garanhão – Ocupou a cadeira ao lado – Será que agora eu posso ter minha namorada de volta?
- Você fica com ela o tempo todo, dormem e acordam juntos, e quero ser privado dos detalhes do que acontece no quarto. – Passou os braços em volta dela prendendo-a – Assim você a sufoca.
- Você é o irmão, nasceram da mesma mãe, dividiram o espaço mais intimo do mundo, acho que já teve bastante sua cota de Natasha, é a minha vez.
- Você sempre foi assim, desde quando éramos pequenos, queria o tempo todo ficar com a Natasha nos braços, agia como se fosse o irmão dela.
- Para você ver como era algo a mais – John falou mostrando aquele seu sorrisinho sem vergonha. Natasha apenas riu. – Desde pequeno já demonstrava o meu apego por ela.
- É, e isso era um saco. Ate quando ela tava no carrinho você ficava cercando, olhando pra ver se tinha algo errado, como se naquela idade pudesse fazer muita coisa caso acontecesse algo.
- Eu era protetor
- E ainda é, e muito – Natasha respondeu revirando os olhos.
- O que posso fazer?! Sua segurança é a coisa mais importante para mim.
- É eu sei, já deixou bem claro
- Nossa! Como vocês são... Apaixonados – Ethan falou como se estivesse com nojo.
- Se acostume irmão, é assim que é estar apaixonado, logo será você e a Naya.
- O que? Que história é essa? Ethan está apaixonado? – John se ajeitou em sua cadeira com os olhos arregalados.
- Sim, pela Naya, a garota que ele destruiu o coração quando estavam no colégio.
- Não é aquela que se declarou na frente dos amigos dele e virou motivo de chacota?
- Essa mesma
- Uau! Eu não sei se consigo acreditar. Ethan apaixonado por UMA garota? Uma só? É quase... Estranho.
- Qual é! Por que é tão inacreditável eu me apaixonar? Acha que não consigo?
- Acho – Ele respondeu.
- O que?
- É por causa da sua fama irmão. Você nunca fica com a mesma garota por mais de duas semanas, às vezes nem por dois dias, e de repente você se apaixona por uma mulher que não te quer e que virou a sua cabeça.
- Eu só não entendi uma coisa, como ele pode estar apaixonado por ela depois de tanto tempo? Não disseram que ela tinha ido embora?
- Voltou tem umas semanas, e está completamente mudada, parece uma modelo de lingerie sexy.
- Ah cara... – Ethan bateu a mão no rosto jogando a cabeça para trás – Eu imaginei agora a Naya em uma lingerie sexy.
- Há! Há! Há! Mano se acalma ela vai ser sua, e com certeza vai usar uma lingerie super sexy só para impressionar você.
- Se vestida de calça jeans e regata ela já me deixa enlouquecido, imagine com uma roupa dessas... Haaa eu acho que não dormiria a noite inteira.
- Há! Há! Há! Há! – John jogou a cabeça para trás rindo batendo palma – Eu não acredito que isso tá acontecendo. Ethan está apaixonado, e eu estou vivo para ver isso.
- Vai pro inferno Harris.
- Não ria do pobre coração do garoto John – Sam respondeu entrando na sacada com suas muletas e se jogando na cadeira no canto – Eu lembro que também dei boas risadas quando você me olhou com aquela cara de morte assim que percebeu o quanto estava de quatro pela Nat.
- Oh! Você também não queria se apaixonar por mim? – Natasha perguntou olhando com ironia para ele.
- Err bom no começo isso me assustou, você me entende, mas depois era tudo o que eu mais queria.
- Hmmm sei
- Há! Há! Há! Adoro ser o causador da discórdia – Sam falou rindo.
- É, continue assim, e você vai pular daqui de cima para pegar suas muletas quando eu arremessa-las para a rua – John ameaçou.
- Eu já disse que você é um grandessíssimo de um bruto? Deus te castigaria se fizesse tamanha atrocidade com seu amigo aleijado. – Levou a mão ao seu peito como se estivesse ofendido.
- Se me colocar em enrascada com a Nat eu esqueço que você é meu amigo e principalmente que é aleijado.
- Palhaço
- Parem os dois – Ela ordenou – Parecem duas crianças. Vamos Ethan levanta daí, vai arrumar suas coisas e depois vá junto do Raphael ate o centro para comprar o almoço, eu e Kate não vamos fazer nada. Você também Sam, vá junto, e aproveita para andar um pouco já que está todo esse tempo sem ir a fisioterapia, levem o Daren também – Saiu do colo do irmão e olhou para direto para John – E quanto ao senhor, eu me resolvo com você mais tarde.
Os três ficaram parados em suas cadeiras olhando-a quase com medo de se quer mexer o pé, Natasha ficava assustadora com raiva. Quando percebeu que ainda continuavam colados em seus lugares ela começou a bater as mãos:
- 1, 2 , 3 levantem daí e vão fazer o que eu disse. Rapidinho, vamos – Os três pularam ficando de pé – Não, você fica – Bateu no peito de John e o fez sentar.
- Graças a Deus que não sou você – Sam retrucou.
- Eu escutei isso engraçadinho. Sigam o rumo – Os dois mais do que às pressas saíram dali.
John congelou no lugar olhando-a um tanto apavorado:
- Eu estou encrencado?
- Um pouquinho – Torceu a boca.
- E o que vai fazer?
Ela o fitou por alguns segundos pensando no que poderia fazer, mas tudo o que estava fazendo era apenas para deixa-lo amedrontado. Sentou em seu colo, puxando os pés para cima, tocou seu pescoço com uma mão e seu rosto com a outra:
- Eu vou beijar você – Esboçou um sorrisinho.
- Ufa! – Pousou uma mão sobre a coxa dela e a outra passou por sua cintura.
- Há! Há! Há! Ficou com medo – Raspou seus lábios sobre os dele.
- Um pouquinho – Alternou seu olhar entre a boca e olhos dela – Pronta para voltar para casa?
- Eu ate diria não, caso estivéssemos aqui sozinhos durante todos esses dias, mas sim. Pelo menos lá tem o seu apartamento onde podemos ficar completamente a sós.
- Exatamente. Só nós dois, principalmente agora que minha mãe viajou para a Itália
- Hmmm! Isso parece interessante – Mordeu o lábio inferior dele.
- É, vou dar uma prévia do quão interessante será – Puxou a boca dela contra a sua beijando-a sem nenhuma reserva, mas sim cheio de desejo e más intenções, pensando no tempo que levaria para todos saírem da casa para poder se trancar no quarto com Natasha. Ela pareceu ter lido a sua mente ou notado como seu comportamento mudou, pois lhe deu um tapa no braço e uma mordida forte no lábio.

Continua...

Simply, I love youWhere stories live. Discover now