Você foi covarde

37 4 0
                                    

[...] então tomou posse da sua boca em um beijo sensual. [...]

As semanas se passaram e o plano de Natasha estava começando a ser deixado de lado e saindo do controle, pois como temia,  Connor estava se apaixonando por Naya e Ethan estava cada vez mais furioso com o primo, tentou de diversas maneiras impedir os dois de se verem, mas foi tudo em vão, ate tentou falar com a garota, mas a mesma não deu ouvidos, pois para piorar a situação ela também estava sentindo algo pelo rapaz. A última vez que Natasha havia questionado Naya sobre seus sentimentos para com Connor a mesma respondeu que gostava dele, mas continuava apaixonada por Ethan, só que não tinha certeza se o esperaria para o resto da vida ate se decidir se a queria ou não. Por sorte nem tudo estava perdido, ela ainda o amava.
Natasha estava em seu quarto lendo algumas anotações que seu pai fez a respeito de um desfile de uma nova grife. Tentando se concentrar melhor ela procurou seu fone para escutar música, mas como sempre não o encontrou, e sabia que Ethan era o responsável por esse sumiço. Levantou da cadeira em frente a mesa do computador e atravessou o corredor para o quarto do irmão:
- Ethan?
- O que? – Ele respondeu do banheiro, pelo barulho da água deduziu que estava tomando banho.
- Cadê o meu fone?
- Do lado do meu notebook
- Arg! Eu já disse pra não pegar minhas coisas, compra um pra você – Vasculhou ate encontra-lo – É tão barato.
De repente o celular dele começou a tocar, estava bem ao lado. Nat olhou o nome na chamada. Jess. Ela não conhecia ninguém com esse nome. Por impulso pegou o celular e atendeu:
- Oi
- Oi, é o telefone do Ethan?
- É sim
- E quem é você? – Perguntou um pouco ríspida.
Natasha estava acostumada com esse tipo de tratamento vindo das garotas do irmão:
- Sou a irmã dele
- Oh! Tá.
- Quer deixar recado? Ele está ocupado agora. – Aquela conversa já estava cansando.
- Sim, diga que ele esqueceu a jaqueta aqui em casa ontem
- Ontem? – Estreitou as sobrancelhas.
- Sim, ele veio na minha casa ontem à noite e acabou esquecendo
- Hmmm! E pode me dizer a que horas mais ou menos ele foi?
- Umas onze eu acho – A menina deu uma risadinha nervosa – É um pouco embaraçoso falar sobre isso com você já que é a irmã dele.
- Ah não se preocupe querida, eu já estou acostumada com isso, acontece o tempo todo – Respondi com ironia olhando na direção da porta do banheiro – Ah só mais uma coisa, quanto tempo ele ficou?
- Acho que umas duas horas, nós conversamos um pouquinho, tomamos uma cerveja e... – Ela hesitou.
- Eu já entendi. Não se preocupe, eu passo o seu recado. Bom dia – Desligou e jogou o celular na cama. Ela bufou.
Ethan saiu do banheiro com a toalha enrolada em torno do quadril e se espantou quando viu a jovem parada olhando para o chão:
- O que foi Nat?
- Eu atendi seu telefone e... – Ergueu o rosto para encara-lo – Você esqueceu sua jaqueta na casa da Jess ontem, e ela pediu que fosse buscar.
Ethan arregalou os olhos e entreabriu a boca:
- E a julgar pela única jaqueta que não está pendurada no seu cabide – Apontou para o objeto no canto do quarto – Eu diria que é a sua favorita que acabou deixando lá. O que só me faz pensar que a transa foi muito boa, a ponto de esquecer sua jaqueta predileta.
Ele engoliu em seco sem tirar os olhos de cima dela:
- Nat não foi nada disso, eu posso explicar
- Isso é serio Ethan? – Ela explodiu – Como você pôde?
- Não, não...
- Oh! Meu Deus, o que te deu? Como pôde transar com outra garota sabendo o que a Naya sente por você?
- Espera aí, ela não sente nada por mim, porque se sentisse não estaria saindo com o Connor. – Se defendeu – Eles estão cheios de sorrisinhos e anda o tempo todo juntos.
- E você não percebeu que isso é uma forma de te deixar com ciúmes e chamar sua atenção?!
- Como é?
- Esse era o plano no início. Logo depois que você me ligou dizendo que estava desistindo desse amor que sente por ela, eu bolei um plano com o Connor, em que ele flertaria abertamente com ela bem na sua frente.
- E isso tudo para que?
- Para que você sentisse ciúmes e ficasse ameaçado com a hipótese de perde-la e finalmente se declarasse. Naya sabia de tudo.
- Eu não posso acreditar – Botou a mão na testa dando dois passos para o lado.
- Estava dando certo, mas aí Connor começou a gostar dela de verdade
- É, exatamente, olha onde o seu plano parou – Apontou para ela falando com raiva – Agora ele gosta dela, e eu posso dizer que é recíproco de ambos os lados.
- E mesmo assim você não lutou por ela? Mesmo sabendo de tudo?
- O que eu poderia fazer? Ela não fala mais comigo, eu nem a encontro mais no bar
- Ela está magoada Ethan – Elevou um pouco seu tom de voz – Ela percebeu que você não moveu um dedo para intervir nesse relacionamento.
- Como não?! Eu tentei conversar com ela, mas não me deu ouvidos.
- Ethan, ela não queria ouvir conselhos, mas queria atitude da sua parte, que mostrasse que se importava e não a queria com outro. Era tão difícil assim demonstrar?
Ele ficou calado apenas sentindo sua própria respiração entrar e sair pesadamente:
- E você ainda teve coragem de ficar com outra garota?
- Não venha me culpar por isso, ela está com Connor, com outro homem, sendo assim eu poderia ficar com outra mulher.
- Aí é que está o problema – Falou mais alto. – Ela não está com ele, o máximo do limite que ultrapassaram foi um beijo, um ÚNICO beijo, que de acordo com ela não durou mais do que alguns segundos. Eles nunca transaram, não por falta de tentativa dele, mas porque ela não quis. E sabe por quê?
Ele permaneceu calado, e ela continuou:
- Porque no coração e na mente dela, só tem você. – Apontou para ele – Você. O homem mais estúpido do mundo que por orgulho perdeu uma garota incrível. Com medo de amar acabou fugindo sem ao menos lutar, deixando-a com esperanças, você desistiu antes tentar.
Natasha respirou fundo e sua onda de fúria reverberou por todo o seu corpo e disparou:
- Você foi covarde... Um maldito covarde, por ter medo do amor correu feito um animal assustado, e se atracou com a primeira que apareceu na intenção de esquecer esse sentimento, com a esperança de que tudo passasse e sua vida voltasse ao normal, mas sinto muito em te falar, isso não vai passar e não vai melhorar, e quanto mais tentar lutar contra mais vai doer e te consumir, porque é isso o que acontece quando rejeitamos o amor, ele te faz lembrar da pessoa todo santo dia, cada minuto e segundo, nunca esquecerá, você se arrependerá para o resto da vida por nunca ter tentado.
Ethan abaixou a cabeça e cerrou os punhos:
- E você só vai perceber que foi um idiota completo quando a ver em um vestido de noiva e perceber que o cara que a espera no altar, não é você. É para ele que ela está indo. E no dia em que isso acontecer talvez seja tarde demais para você aparecer na porta dela com um buque de flores pedindo perdão, e rezando para que o aceite.
- Eu não sei o que fazer
- Seja homem Ethan – Faltou alto demais – Não é transando com qualquer uma que encontrará as respostas. Se esse é seu jeito de por os pensamentos em ordem, então eu realmente prefiro que a Naya dê uma chance ao Connor.
- O que? – Ergueu a cabeça.
- Eu não quero ver o coração dela despedaçado novamente por você... Ela não merece isso – Respirou fundo – Mas sabe de uma coisa, por mais que ela diga que não vai aguentar por muito tempo a sua indecisão, eu tenho certeza que se pedisse ela esperaria em pé para o resto da vida para obter sua resposta, porque é tão louca de amor por você que faria qualquer coisa apenas para te ver feliz. E agora eu me pergunto, o que você faria para pela felicidade dela?
Ethan começou a lagrimar, mas virou o rosto para o lado sentindo-se um lixo:
- Semana passada... Você dormiu fora, foi à primeira vez depois desses meses, eu nem vou perguntar o porquê, eu já sei qual vai ser sua resposta. – Abaixou o tom de voz.
- Eu estava bêbado
- E tenho uma impressão que não foi na casa da Jess onde procurou abrigo.
Ele tencionou o maxilar e não se atreveu a olhar para a irmã, muito menos desmenti-la ou dizer que foi para a casa de um amigo. Ela passou a língua pelo lábio e respirou fundo:
- Muito bem. Eu vi que você voltou a ser o que era antes, o garanhão que comia uma garota diferente a cada semana, meus parabéns irmão você solucionou seus problemas, suas preces foram ouvidas, tem sua vida de volta e espero que faça bom uso dela – Ela caminhou ate a porta, mas antes de sair falou – Saiba que eu nunca vou te perdoar por isso, eu nunca esperei algo assim de você, nunca, mas espero também que não se aproxime mais da Naya, ou terá problemas comigo. Ouça bem o que eu digo, se eu a ver derramando uma única lágrima por você, eu juro que se arrependerá – Saiu batendo com força a porta.
Ethan virou o rosto para a porta, fez menção de ir atrás dela para lhe falar tudo o que estava engasgado e arrancar mais informação sobre Naya e Connor, mas suas pernas não se mexeram. No fundo do peito seu coração latejava a cada batida forte, ele estava em pedaços, só tinha vontade de chorar e socar a primeira coisa que estivesse em sua frente. Ethan conseguiu dar alguns passos e se jogar em sua cama. Por que ainda lutava contra aquilo? Se perguntava constantemente, e muito mais agora.

Alguns dias se passaram, e Natasha evitava seu irmão sempre que o via por perto, nunca mais se falaram desde aquele dia, ele ate tentou conversar, mas a mesma apenas se retirava em silêncio. Uma coisa a deixou ainda mais furiosa quando uns dias após a briga Ethan apareceu com sua jaqueta, sinal de que havia voltado a casa da tal de Jess para pegar. O mês de dezembro estava começando, mas não havia clima ameno entre os irmãos.
Na hora do almoço John voltou para o seu apartamento, e ao abrir as portas do elevador e por um pé dentro de casa Sam veio correndo em sua direção para recebe-lo, agora já grande conseguia correr sem tropeçar em suas próprias patas. John se abaixou para fazer um carinho na cabeça dele:
- Oi garoto, se comportou bem?
Sam se limitou apenas a abanar com alegria seu rabo. De repente varias risadas vieram da sala de jantar, e uma delas reconheceu que era da Natasha, o que só fez seu sorriso se alargar. Ele ficou de pé e deu um tapinha na coxa pedindo para Sam vir atrás:
- A mamãe ta aqui? – Perguntou ao cachorrinho, que como se tivesse entendido latiu.
Foram três risadas ao todo que escutou, uma grossa de homem, e outra de mulher, mas não estava preparado para o que viu. Natasha sentada na cabeceira da mesa e de um lado e de outro Tina e Phillip, os três jogando cartas e vários cookies estavam sobre a mesa, e a maioria estavam sobre a posse da morena:
- O que estão fazendo? – John perguntou com um sorrisinho. Phil deu um pulo da cadeira, pois estava de costas para a porta.
- Amooor – Natasha ergueu os braços quando o viu – Estamos jogando poker.
- E vou dar um palpite que as fichas de apostas são os cookies – Apontou para os biscoitos.
- Sim, é menos competitivo apostar com comida do que com dinheiro – Ela respondeu.
- A Nat sabe jogar muito bem – Tina comentou examinando suas cartas.
- Estão jogando por cookies, e caso não saibam a Natasha ama cookies, não é atoa que estão perdendo – Se aproximou da namorada para lhe dar um beijo no topo da cabeça. – Eu não sabia que jogava Phil.
- Pois é, nem eu sabia, ele tentou trapacear duas vezes – Natasha apertou os olhos acusatórios para o homem.
- Eu não trapaceei, você que deixou passar a jogada – Ele respondeu voltando seu olhar para as cartas em sua mão.
- Aaah! Que mentira – Fingiu estar ofendida.
Tina fez sua jogada, e quando chegou a vez de Natasha a mesma sorriu e falou com convicção:
- Bati – Colocou seu jogo sobre a mesa.
- Como é? – Tina arregalou os olhos.
- De novo? – Phil se esticou sobre a mesa para ver se era verdade.
John fez o mesmo, e sorriu mostrando seus dentes:
- É, ela bateu
- Há! Há! Há! Vamos lá, eu quero meus cookies – Falou o nome do biscoito cantarolando. Ficou de pé e em um punhado puxou todos os cookies restantes na mesa. – Querem apostar mais alguma coisa?
- Ah não, eu cansei de perder – Tina ergueu as mãos.
- Eu vou querer revanche, mas na próxima eu escolho o jogo – Ele levantou da cadeira.
- Há! Há! Por mim tudo bem – Pegou um biscoito e colocou na boca, dando uma piscadela para Phil sentindo-se vitoriosa.
- Eu vou voltar para o escritório, se precisar de algo senhor basta chamar.
- Você pode ir almoçar Phil
- Ate mais – Saiu da sala de jantar.
- Sua pequena maquina caça-níqueis, eu ainda vou descobrir como roubou
- Precisa aprender a perder Tina – Ficou de pé – Mas para você ver como sou uma pessoa boa, vou dar um gostinho do meu prêmio – Entregou um biscoito para ela.
- Há! Há! Há! Muito generoso. Eu já trago o almoço e uma tigela para guardar tudo isso.
- Obrigada – Quando Tina se foi, Nat se virou para John que a olhava fixamente com um sorrisinho. – O que foi?
- Então você joga poker
- Entre outros. E você?
- Há! A Tina teria uma resposta interessante para lhe dar. Ela sempre diz que ninguém deve jogar comigo.
- Por quê?
- Eu nunca perco
- Ah é?! Bom eu sou uma ótima jogadora
- Pode ate ser, mas não me venceria
- Como tem tanta certeza? – Pôs uma mão no quadril encarando-o.
- Meu avô Bruce é um verdadeiro mestre, sabe jogar qualquer jogo de baralho, e me ensinou tudo. Uma vez passamos uma semana em Las Vegas, conseguimos tirar o máximo de dinheiro possível de um cassino.
- Então o poderoso John Harris é da jogatina. Isso é interessante
- Nós sempre aprendemos com os mais velhos – Segurou a cintura dela trazendo-a para junto do seu corpo – Foi bem divertido.
- Hmm! Posso imaginar – Jogou os braços por trás do pescoço dele – Eu adoraria jogar com você, sou bastante competitiva, seria uma valiosa oponente.
- Ah é?! E qual o prêmio do vencedor?
- Hmm! Se eu ganhar você me dá um beijo, e o mesmo vale para você, eu te beijo.
- E se der empate? – Mostrou um sorrisinho.
- A gente desempata na cama
- Hmmm! Isso me interessa muito – Fuçou o cabelo dela com o nariz.
- Ah! Nós podemos jogar stripper poker, que tal?
- Muito melhor, com certeza eu vou querer jogar esse – Passou suas mãos pelas curvas dela, parando em sua bunda que se deleitou apertando.
- Então jogaremos esse hoje a noite
- Mas se bem que você vai ficar em vantagem, porque de certeza seus seios maravilhosos vão me distrair.
- Servem para isso, é a minha arma secreta – Sussurrou ao pé do ouvido dele.
- E como sabe que não resisto a eles, sempre os usa contra mim
- Há! Há! Você não resiste
- Eles são tão perfeitos, e cabem tão bem nas minhas mãos
- Se der sorte conseguirá algo com eles mais tarde – Afastou seu rosto dando uma piscadinha.
Quando Tina voltou com os dois pratos John subiu suas mãos para a costa dela. Eles se sentaram e ficaram alguns segundos saboreando o delicioso aroma da comida:
- Como se sente hoje? – Ele perguntou pegando seus talheres.
- Bem melhor, mas ainda preciso continuar tomando o remédio que o médico passou – Há alguns dias devido a mudança de clima, Natasha pegou uma forte gripe, teve ficar de cama durante toda a semana apenas na base de remédios.
- Que bom minha linda, me deixou bastante preocupado não tinha nem forças para sair da cama.
- Eu fiquei com medo de passar para você, eu disse que preferia ir para casa
- Como se houvesse alguma chance de eu deixar você naquele estado
- Pelo menos você não correria o risco de adoecer, e também tinha minha mãe e a Lala para cuidar de mim.
- Também é minha obrigação cuidar de você, e como pode ver não peguei a sua gripe.
- Ainda bem – Mordeu um pedaço da sua carne – Mais tarde vou ate a casa das Marias, faz algum tempo que não vou lá, e preciso ver como as coisas andam.
- Eu adoraria acompanha-la, mas tenho uma reunião depois das três e não sei a hora que irá terminar.
- Não se preocupe com isso. Aqueles brinquedos que você levou na ultima vez em que fomos lá, as crianças ficaram malucas e sempre me perguntam quando você irá levar mais.
- Há! Há! Prometo que em breve. Sam adorou ir ate a loja de brinquedos.
- Você adora implicar com seu amigo, não é?!
- Ele é o meu faz-tudo – Riu dando de ombros. Enrolou o macarrão no garfo e o levou a boca.
- Você não tem jeito John – Riu voltando sua atenção para a comida.

Continua...

Simply, I love youOnde as histórias ganham vida. Descobre agora