42: ainda amo

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"Por que você tenta lutar na sombra?
Perfurando o amor com uma flecha
Sim, e poderíamos ser melhores do que nunca, woah
Mas tudo o que dizemos fica rasgado no raso"

Give me | Boy in Space

ARIA CLARK

Você realmente me trouxe para um Drive-in? — Questionei, lutando contra um sorriso, enquanto Nick estacionava o seu carro entre os outros na última fila do parque.

O telão enorme, que estava passando patrocínios, era única luz no lugar, para além das rolotes de comida que se apresentavam em lados opostos do parque e o pôr do sol cobrindo o horizonte numa linha ténue mas carregada de laranja. Haviam pelo menos oito filas de carros e eu sabia que quase todos eles eram de quem estudava na nossa escola, pois esse Drive-in era a única coisa que todo mundo falava nas últimas semanas, assim como o que podia acontecer dentro de cada carro, de acordo com as fofocas.

Não me surpreendia. Ainda que fosse no carro, continuava sendo netflix and chill. E todo mundo sabia como isso acabava.

Eu não estava á espera disso, apesar do que todo mundo falava. A lingerie, digna de luz para ser apreciada, cobrindo meu corpo, era a prova disso.

Mas talvez devesse pois, aparentemente, eu e ele tínhamos trocado papéis e o romantismo que fazia parte dele, agora, fazia confronto direto com os pensamentos sujos ocupando minha mente a todo momento nas últimas semanas.

É claro que Nick faria algo meramente romântico. Ele queria conquistar meu coração de novo.

Ele só não sabia que já o tinha há muito tempo.

McCartney desligou o carro e se recostou no banco, virando seu rosto para mim.

— Você está aqui para viver uma nova experiência e isso faz parte de Laguna Beach, então... — Ele alcançou a minha mão e trouxe-a até seus lábios. — Achei que você poderia gostar.

Mordi os lábios com força, a dor neles me lembrando de não ceder aos meus pensamentos não domesticados e amar esse garoto de volta do único jeito que eu sabia no momento. Nick merecia mais do que isso e seria completamente desrespeitoso passar para essa parte da noite tão cedo.

Precisava mostrar que o apreciava. E grande parte de mim estava mais que contente por ele ter escolhido isso, em vez de um jantar ou qualquer outra coisa que abrisse possibilidade para falar minha mente ou meu coração. Isso arruinaria a noite e me odiaria por saber que tinha desperdiçado a única chance que lhe tinha dado para passar tempo comigo, visto que eu estava me esforçando para não me encontrar tanto com ele, ultimamente.

Puxei minhas pernas para cima do assento e me virei para ele, imitando-o ao recostar a cabeça e observá-lo na parcialidade da luz.

Como os seus olhos brilhavam tanto mesmo no escuro, como ele já não tinha medo de mostrar que eu era o seu mundo, ou como esse Nick, relaxado, apaixonado, era tão diferente do garoto provocador, misterioso e infeliz que tinha ido me buscar ao aeroporto.

Olhando para trás, seria impossível acreditar que tínhamos ultrapassado tantas barreiras para sermos o que éramos hoje, sem medo algum. Mas a verdade era que eu tinha vivido essas mudanças e eu sabia que era possível. E meu coração não podia estar mais mergulhado no reconhecimento de que o amava, do que já estava.

Seus dedos acariciaram os meus e só esse contacto fez meu corpo se revirar nele mesmo, ansioso, querendo mais.

Ele deve ter sentido o mesmo, porque o que ele disse no meio do silêncio que acompanhou nossos olhares, foi:

NICKTOPHILIA #1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora