Antônio viu a correria da ex esposa, percebeu que ela tinha visto seu carro mas não parou para falar com ele, chegou na casa e viu sua filha com a madrinha. Então era verdade, a busca pelo emprego começou, ela não estava brincando.
- Cadê minha joaninha? - pegou a bebê nos braços e se deliciou com o sorriso que recebeu. Forte e saudável, crescia a vista de todos. - Você está bem minha flor? E a mamãe? - os sons indecifráveis o faziam rir, assim como Marcelo que acompanhava cena. - Aposentou o terno rapa?
- Janete pediu para que eu não usasse mais aqui bro. Só atendi a ordens - levantou as mãos em defesa pela expressão de Antonio.
- Janete? Janete. Que intimidade não? Ela também lhe pediu isso? - Antonio perguntou ríspido. Marcelo apenas assentiu. - E a vizinhança, como está?
- Calma - Marcelo falou de forma rápida porque Claudia havia entrado na sala com a mamadeira. Antônio percebeu que havia algo errado.
- Antônio, ela não está linda? - Claudia pegou a bebê e começou a dar a mamadeira.
- Também, com os pais que tem - sorriu de lado enquanto Claudia revirava os olhos. - Como está Janete?
- Como você acha? Se faz de forte mas está cada vez pior. Tive que empurra-la hoje para buscar emprego.
- Isso é um descabimento sem tirar nem por! Ela não precisa disso Cacau. Fale com ela. Diga para me deixar voltar. Retomar o nosso casamento.
- Não posso fazer isso Antonio. Ela não perdeu apenas o casamento assim como os pais e os dignidade diante dos vizinhos. Eles são ruins! - Claudia franziu a testa.
- Não quero isso para ela. Vou atrás dela e teremos uma conversa sensata. Isso não vai ficar assim.
- Mas você vai mudar Antonio? Deixou a sua amante de lado?
Claudia mexia com fogo de forma despreocupada. Mal sabia ela que Marina era presente na vida dele ou sabia e jogou o verde.
- Eu faria tudo para reatar o meu casamento. Ver minha filha crescer. Janete não precisa trabalhar. - mentiu em parte para sair da saia justa.
- Entendo o que você está passando Antonio. Mas você sabe o que fez a Nete?
Aquelas palavras o fizeram pensar. Queria ser grosso com Claudia mas naquele momento só pensava em Janete procurando emprego. O mundo não era para uma mulher como ela, ele era malvado com bons e amorosos. Era sujo com quem não era safo, que perigosos sua mulher poderia estar passando? O que ela veria pela frente?
Decidiu que discutir com Claudia não levaria a lugar nenhum. Teria que encontrar Janete logo, porém não deveria ir embora sem conversar com Jorge.
- Não, mas não lhe devo satisfações não é? - entregou a Joana para a madrinha e fez sinal para Marcelo acompamha-lo até a varanda. Depois da porta fechada, ele nem precisou falar.
- Ele está rondando a casa de novo. Acredito que sabe que Claudia vem aqui ajudar Janete...
- Dona Janete para você bro. - interrompeu.
- Dona Janete não sabe do perigo. A mulher não vi, mas Jorge ainda ronda de noite. Tive que dormir aqui algumas vezes para a segurança delas...
- Dormir? Onde você dormiu cara? - a fúria no olhar era mais forte que qualquer soco. Em defesa, Marcelo levantou as mãos involuntariamente.
- No sofá bro. O que pensa de mim?
- Se encostar em Janete, vai se ver comigo!
- Mulher de amigo meu, para mim é homem! Te respeito cara! - A defesa saiu mais alta que ele esperava. Antonio só tinha que baixar a guarda.
- Tudo bem - Ele tinha que controlar o gênio já que não estava mais com Janete. Porém era difícil pensar que ela estava poderia estar com outro homem, lhe dando o que era dele. - Volte a usar o terno, você ainda é o segurança e não alguém que mora aqui. Não se esqueça de tratar Janete por dona. Entendeu? - não conseguiu. Marcelo só pôde segurar o riso e concordar. - Quanto ao homem, avisarei a polícia. Não é possível que ele seja um besta em rondar minha casa novamente.
- Estou aqui para proteger as meninas bro. - pela expressão de Antonio, ele consertou. - Dona Janete. Caso aconteça algo será o primeiro a saber.
- Marcelo, você sabe o que Claudia passou na mão desse pé rapado? Não é só minha filha e Janete que estão em perigo... - a mão foi no ombro do amigo para mostrar que estava realmente preocupado.
- Eu sei disso. Talvez uma nova casa seria melhor? O endereço já está batido. - não era má ideia e o centro de São Paulo estava crescendo com aqueles prédios altos. A novidade seria que viveriam pessoas ali.
- Vou pensar nisso, mas já sabe o que fazer não é - o sorriso de lado de Antonio lembrou os tempos de faculdade, Marcelo deu o mesmo sorriso e depois apertaram as mãos. As coisas não seriam boas para quem aparecesse ali ameaçando as meninas.
Antonio entrou no seu carro e, mesmo não podendo, seguiu o caminho que Janete fez. No fim, cansou de procurar por ela é perguntou se alguém tinha visto. Foi informado que havia pego o ônibus em direção ao centro e foi para lá, quase correndo se o trânsito permitisse.
Demorou mais chegou, estacionou o carro na garagem do trabalho mas não subiu para seu escritório. Caminhou um pouco, rezando sem ter fé, para encontrar sua ex esposa por ali. A viu sentada em um restaurante modesto comendo cabisbaixa. A culpa caiu em seu coração mais uma vez.
Por que não havia conseguido mudar? Por que não deixou o broto e pensou com a cabeça certa? Janete não merecia sofrer daquele jeito.
Seus pensamentos foram interrompidos quando viu um rapaz se aproximando de Janete, mais sorrateiro que ele fora, e conhecido pelos seus tempos de bohemia. Não podia ser. Ele estava vivo!
Chegou perto quando ele falou com Janete e depois tocou em seu ombro para avisar de sua presença. Alheia ao que acontecia na sua frente, Janete ficou de expectadora.
- Se não é o meu bro? - o homem abriu os braços e Antonio sentiu a ironia. Não queria problema com os milicos.
- Não fui e nunca serei. E não se atreva a mexer com a minha mulher. - aquilo fez o homem se retrair mas não o suficiente. O desafio estava aceito, Antonio percebeu.
- Não estou vendo aliança no dedo dela rapaz!
Aquilo foi o suficiente para um soco acertar o nariz de Carlos e Janete se espantar com o lado agressivo de Antonio. Lado esse que ela não havia visto...
ESTÁ A LER
O início do sonho
Romance(Continuação do livro Sonho Realizado) Como um sonho começa? Ele não surge simplesmente mas quando se sonha muitas vezes, faz-se de tudo para torná-lo realidade. Antônio nunca pensou em ter uma família ou alguém para cuidar. Queria viver a vida e de...