Após a cerimônia, os convidados foram para o salão de festas próximo a igreja. Esse tinha paredes de madeira e chão com o piso desenhado, o ambiente podia ser escuro se não fosse a decoração em azul e rosa. As mesas redondas de seis lugares com cadeiras vestidas de pano branco iluminavam o salão, com o arranjo de flores, médio, no centro da mesa. Ao fundo, o bolo branco de três andares enfeitado com pérolas, assim como o cordão da noiva e os detalhes do véu.
Na porta os pais dos noivos recebiam os convidados com beijos, abraços e felicitações. Logo os noivos chegariam no mesmo carro vermelho que levara Janete.
— Foi lindo, não foi? - dizia Julita emocionada para Cláudia e Bruno.
— Realmente, não vi casamento mais bonito que esse. - Cláudia afagava as costas da mãe de Janete.
— Confesso que prendi o ar e soltei apenas no sim do noivo - Bruno riu sem graça diante do olhar das mulheres.
— Havia motivo para ser o contrário? - Pedro ouviu e retrucou apertando a mão de um convidado.
— Não. Claro que não! - a vergonha do amigo era enorme, Cláudia ficou com pena dele. Riu solidária e o chamou de lado, deixando os pais receberem as pessoas.
— Se ele fizer mal a Janete, vai se ver comigo! - apesar do tom baixo e o riso para as pessoas ao redor, a hostilidade fez os pelos da nunca do moreno arrepiarem.
— Você acha que ele fará alguma coisa? Claro que não - apesar da ameaça estar a sua frente, Bruno olhava ao redor esperando o furacão que teria que segurar.
— Conheço homens da laia de vocês, Bruno - Cláudia mantinha o olhar severo e Bruno a encarou. Sorriu de lado, estava acostumado com aquilo, sempre fugia quando era com ele.
— Como conhece "homens como a gente", Cláudia?
— Apenas conheço, Bruno.
A música parou e todos viraram para a porta do salão. Os noivos chegaram embaixo de uma salva de palmas e grande emoção. Lindos chegaram ao centro do salão onde havia um espaço para a dança. Todos sentaram como se tivessem ensaiado e a valsa começou a tocar.
Antônio olhou sua noiva emocionada e acariciou seu rosto de leve. Agora era esposa, mulher dele oficialmente e mesmo ele não querendo se casar, estava começando a gostar daquilo. Agora, teria responsabilidade com ela e com o bebê e seria melhor que seu pai que o observava, pelo menos tentaria ser.
Janete não cabia em si e toda a emoção borrava a maquiagem abaixo dos olhos. Estava feliz demais para ser verdade e fugira de ser escória da sociedade, situação que ela não conseguiria lidar.
— Para sempre - disse em meio a valsa apenas para Antônio ouvir. Esse lhe brindou com o mais o belo sorriso e deu- lhe um selinho singelo, apesar de estarem casados, beijos quentes seriam um ataque ao pudor.
Quando ele levantou o olhar, lá estava ela. Não tirava os olhos do casal e levantou a taça para Antônio em sinal de deboche. A aposta continuava, Antônio sabia. A tentação estava ali, na sua festa de casamento. Se ela soubesse que não fora fiel no último mês, ele perderia, mas não teria como ela ficar sabendo, não conhecia a bibliotecária, a atendente da loja de joias e nem as meninas de sua noite de sua despedida de solteiro. A aposta valia apenas para ela. Ele sorriu confiante. Estava no papo.
— O que houve, amor? - Janete perguntou tirando do transe.
— Estou feliz, Nete. Muito feliz! Vamos fazer isso dar certo. Juntos.
— Sim! - ela o abraçou e logo fizeram a troca de pares. Ele dançou com a sogra e ela com o sogro. Depois com o ela com o seu pai e ele, com a sua mãe. Logo estavam todos valsando pelo salão.
O fotógrafo cutucou o ombro deles e começaram as fotos oficiais, a essa altura a música havia sido trocada por música de discoteca que faziam sucesso na época.
— Pensei que nunca falaria com o noivo - em meio a Dancing days, Marina estava nas costas de Antônio.
— Está gostando da festa?
— Sim. Está ótima! - os passos ensaiados que todos conheciam e ninguém se perdia.
— Que bom! Fique a vontade. - ele olhou ao redor e viu que Janete falava com uma tia distante. Perto dele estavam Bruno e Claudia. Os olhos de felina da amiga iam de Antônio a Marina, como se soubesse do segredo.
— Por que você não me deixa a vontade? - ela falou com aquela voz que só ele conhecia. Marina era uma perigo!
— No momento estou ocupado. Brô! É essa! - ele fez o que não devia. Não podia ignorar Marina daquele jeito, estava brincando com fogo e ele sabia.
— É disso que eu estou falando! - Bruno se aproximou e começaram os passos ao som de Stayin' Alive, de Bee Gees. Logo a turma toda seguia seus passos e as pessoas mais velhas se divertiam com os jovens dançando.
Marina saiu da pista e observou quando a noiva voltou para a mesma, dançou e sorriu para o noivo com se fosse feliz para sempre. "Não pense assim, pombinhos!" Pensava Marina ao lado da pista.
Logo Cláudia estava dançando junto a eles e começou a tocar a música que a noiva pedira, I if cant have you. Para a raiva de Marina aumentar, ela dançou junto com Antônio.
— Para onde vocês vão viajar? - Amanda perguntou aos noivos.
— Búzios! Vamos para a praia. Agora que me formei e fui efetivado no trabalho, vou pagar a nossa lua de mel.
— Sua família está de parabéns, Janete. A festa está farta.
— Obrigada. Meus pais estão ali, minha mãe está mais boba que eu. - Janete ria.
— Não mais que alguns aqui. Coloco minha mão no fogo!
— Vai se queimar, Cláudia! Vai se queimar... - Bruno falou em seu ouvido. Vai que teria sorte e terminaria a noite com as...
— Quer apostar? Aquela loira não tira os olhos de Antônio! - Cláudia apontou discretamente e todos olharam Marina, que soltava fogo pelas ventas. Janete olhou para Antônio, questionando. Ele deu de ombros.
— Uma ex namorada, apenas. - ele sorriu. - Antes de você amor.
— Tudo bem. Isso que dá casar um com um galanteador, não é?
— Quem te falou isso? - Antônio colocou a mão no coração fingindo que estava ofendido.
— Achou que sou boba?
Todos riram, enquanto Antônio e Bruno se entreolhavam. Eles que riam mais da turma.
— Tonho, vou dar um bate e volta com Amanda.
— Vai lá. Divirta-se!
Tranquilo em saber que a aposta estava segura, Antônio curtiu a festa junto a sua noiva.
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O início do sonho
Romance(Continuação do livro Sonho Realizado) Como um sonho começa? Ele não surge simplesmente mas quando se sonha muitas vezes, faz-se de tudo para torná-lo realidade. Antônio nunca pensou em ter uma família ou alguém para cuidar. Queria viver a vida e de...