Capítulo 8

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- Venha comigo - sorrateira Marina se aproximou de Antônio e até hoje queremos saber como.

- Não posso. Você não vê? - ele fez sinal para o salão lotado de convidados.

- Venha, já que sua esposa sumiu também. - Antônio olhou ao redor e reparou a ausência de Janete, Cláudia e Julita.

- Caramba! - sem olhar para Marina, ele correu até uma das madrinhas e perguntou pela a esposa. Rápido soube que essa estava no banheiro.

Antônio correu, pela primeira vez preocupado com a Janete. Bateu na porta branca do banheiro e logo deu de cara com Cláudia. O olhar triste da amiga denunciava o que acontecia, mas deu passagem e trancou a porta do banheiro.

Ele viu Janete sentada no chão, em frente ao caso sanitário de forma nada bonita, colocando para fora o que havia no estômago. Julita segurava os cabelos dela e secava o suor de sua testa.

- Cadê o remédio para o enjoo? - ele perguntou irritado.

- Esqueci de trazer, amor. Agora estou mal de verdade. - mais uma onda lhe atingiu, Antônio franziu a testa ao ouvir aquele som.

- Pelo amor de Deus! Cláudia, peça a alguém para buscar. Senão vou acabar com a festa agora mesmo!

Julita se espantou com aquela afirmação. Ainda faltava cortar o bolo e também estava cedo para isso. Aquilo podia dar o que falar e ela não queria fofocas quanto ao casamento, já bastava o bebê prematuro.

- Cláudia. Faça o que ele diz. Sem alarmar o Pedro. Não podemos cortar o bolo ainda. - Julita ajudou a filha a se levantar. Levou-a até a pia com o espelho de parede a parede.

- Estou péssima! Melhor acabar logo a festa. - Janete se viu pálida no espelho, o que lhe deu mais enjoo.

- Não mesmo. Cláudia já foi. Tomará o remédio e vai sorrir ao cortar o bolo. Depois fique a vontade para dar fim a festa! - Julita deu a ordem dessa vez, calando Antônio que iria argumentar.

Ele chegou perto de Janete e fez carinho em seu rosto. Beijou a sua testa e abraçou.

- Vai dar tudo certo, Nete! - afagou-lhe as costas.

- E se eu vomitar em cima do bolo? - todos fizeram cara de nojo ao imaginar a cena. Depois caíram na gargalhada.

- Seria o auge da festa! - Antônio recebeu um tapa no braço, apesar de Janete rir também. Julita não aguentava.

- Pode dar um pedaço aos seus desafetos - Janete riu de novo.

- Ou para o fotógrafo, se queimar o filme da câmera. - Antônio entrou na brincadeira.

- Não. Darei a sua ex namorada que veio de penetra.

- De penetra? - Julita ficou séria.

- Veio ver se Antônio casaria mesmo - Janete achava graça, mas Antônio e Julita se encaravam. Ela conhecia o genro.

- Antônio...

- Sem problema, dona Julita. Nada com o que se preocupar.

Falou rápido enquanto soltava Janete. Mas não adiantou, a sogra já estava se preocupando.

Ao saírem do banheiro, Pedro foi encontrá-los.

- Onde estávamos? Todos me perguntavam onde estavam os noivos - apesar de baixo, falou irritado.

- A noiva passou mal de nervoso, pai. Situação totalmente normal. - Julita colocou a mão no ombro do marido, para acalmar seus ânimos.

- Já melhorou? - olhou para Janete preocupado. - Melhor sentar, está pálida!

A música It's raining men, tocava alto pelo salão enquanto as solteiras esperavam o momento do buquê. Os rapazes circulavam a pista a procura da próxima vítima. As primas de Janete estava caindo na lábia dos amigos de Antônio. Esse riu, Bruno deixou Amanda sozinha e sumiu pela festa. Sabia exatamente o que o amigo estava fazendo.

Logo Cláudia chegou com o remédio e Janete melhorou do enjôo, fazendo sua cor voltar ao normal. O noivo e Julita suspiram aliviados, a festa prosseguiu conforme o combinado e foi chegada a hora do buquê. De rosas vermelhas e de verdade, ficou na geladeira antes de entrar na igreja com a noiva e um pouco mais refrigerada na festa. Mantendo a cor viva das flores. As solteiras se amontoavam no salão e Janete se posicionou a frente delas.

- Gostaria de agradecer a todos pela presença e votos de felicidades! - a música parou para a noiva falar. - Espero que esse buquê traga um marido para vocês! - Janete virou-se de costas e fez o movimento com as mãos, de baixo para cima da cabeça. - Dou-lhe uma! Dou-lhe duas! - as mulheres se apertavam no salão. - Dou-lhe três!

O buquê voou alto e fez uma curva para o meio da multidão. Justamente para a mão de Marina que apenas levantou os braços. Os olhos dos noivos se arregalaram por medo da mulher quer fazer algum discurso, mas Marina apenas acenava com a cabeça enquanto lhe davam os parabéns por ter pego o buquê.

- Obrigada! Viva os noivos! - falou olhando diretamente para Antônio que não sabia onde o estômago estava.

Após o episódio, os noivos cortaram o bolo e sorriram para a foto. Segurando o cortador juntos, Marina teve nojo. Ali não conseguira levar o noivo a perdição, mas não desistiria de tentar. Aquela franguinha não ficaria com o seu homem.

- Melhor deixá-los em paz - Bruno sussurrou em seu ouvido.

- Nunca! Você verá!

Saiu do salão para pensar melhor em casa. Bruno balançou a cabeça e deu de ombros para Antônio que o questionava com o olhar. Cláudia ao lado de Bruno, entendeu o que acontecia e rezou no silêncio para a amiga. Abraçou o amigo fingindo felicidade pelo casal.

- Já sabe, Bruno! Se ele pular a cerca...

- Nada acontecerá a Janete. Tenha certeza, eu não vou deixar.

Cláudia olhou para o rapaz moreno sem entender, o que estava havendo a esses dois?

O início do sonhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora