Capítulo 19

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Após o susto, Janete não queria ficar sozinha, mas a quem chamaria? E aquele que invadira sua casa procurava sua amiga, será que ele sabia alguma informação? A vizinha acordara com o barulho e foi lá para ver o que se passava. Ao sentar no sofá, viu o estrago da sala de estar, fato que fez Janete chorar.

A primeira televisão que compraram juntos após o casamento, estava quebrada no chão, seu tubo preto rachado ao meio. Joana na confusão chorava sem parar e apesar da vizinha dizer que era pelo nervosismo da mae, nada adiantava. As duas choravam juntas.

— Se acalme, Janete. Antônio já está cuidando do invasor. - a vizinha uma senhora bondosa consolava lhe passando a mão nas costas.

— Ele procurava pela minha amiga, que desapareceu no dia de nascimento de Joana.

— Como ele soube que você morava aqui? Não tem nem mês que se mudaram.

— Realmente não sei. Tudo o que queria era meu marido aqui e minha amiga. Tudo o que eu queria era que tudo estivesse bem - Janete chorou mais um pouco.

— Vou buscar uma água com açúcar para você. E pense na sua filha, ela continuará chorando você estando nervosa.

Aquilo a fez pensar quando a senhora se levantou e foi até a cozinha, passando pelos cacos espalhados pelo chão. Era apenas o começo, Janete sentia que havia perdido alguma parte da história. Que Antônio teria que lhe explicar, ainda naquela noite!

....

— Cadê a Cacau - o soco não fora o primeiro que Bruno dera em Jorge mas pelo o silêncio ele fez por merecer.

— É o que quero saber - o homem falava com a voz embolada. - Ela conseguiu fugir de novo. E eu ainda nem cumpri a minha parte do acordo...

Aquilo interessou a Antônio, que acordo seria esse? Como ele sabia de seu endereço? Por que fora procurar Cláudia ali e não na casa dela?

— Do que você está falando?

— Você é uma besta mesmo, Tonho! - Jorge o xingou sorrindo da confusão. Bruno olhou de um para o outro.

— O que está acontecendo aqui?

— Eu sabia que já tinha te visto. Você é o capacho dela! - dessa vez o soco de Antônio, o homem sorriu mais ainda. - Você é um doente! Ela também.

— Você pensou mesmo que ficaria assim? Ela não deixa nada por menos!

— O que está acontecendo aqui? - Bruno gritou fazendo notar sua presença.

No meio da noite, a um quarteirão de distância de sua casa, Antônio estava quase tendo um ataque ao pensar no que poderia acontecer a sua família. Estúpido foi ele ao se envolver com Marina, ele já devia saber.

— Ele é empregado do broto. - passou a mão na cabeça nervoso, deu graças a Deus por ele não estar no juízo perfeito...

— E o que ele fazia na sua casa? - Bruno estava preocupado também.

— Eu só tinha que levar a neném para ela. E Cláudia era meu pagamento, mas fugiu! De novo ela fugiu de mim... - as lágrimas, por incrível que possa parecer, foram sinceras. Ele gostava dela, de um jeito doentio.

— Pegar minha filha! Esse era o plano? Seu desgraçado! - Antônio caiu em cima de Jorge sem piedade, batendo para se vingar e descarregar a adrenalina que estava sentindo.

Um filme lhe passava pela cabeça. Ele pode não ter sido um exemplo de marido, mas faria de tudo para ser um bom pai. Quando se mudou pensava justamente na segurança delas, sabendo que poderia esperar qualquer coisa de Marina e sua saída repentina da festa de casamento, como também o seu sumiço.

— Aquela maldita! - Bruno xingava enquanto tirava Antônio de Jorge. Que desmaiou, mais uma vez, após a surra. - E agora o que faremos?

— Não estou com cabeça para pensar. Só tenho preocupação com Nete e Jô. - ainda exasperado Antônio andava de um lado para o outro. - Desse aí não sai mais nada. Sei de algumas coisa que ele fez e podemos entregá-lo a polícia, mas de Cláudia não saberemos por ele.

— Ele não sabia onde Cacau morava, por isso na sua casa. Acho que vou para lá. De repente voltou para casa - Bruno deu ombros e também uns tapas nas costas de Antônio, a fim de acalma-lo. - Bro, o pior já passou. Nete está bem, fica tranquilo.

— Temo que não tenha passado, Bro. Acredito que ela irá aprontar mais...

— Vou falar com uns amigos e ver o que posso fazer com broto, enquanto isso, não anda fora da linha. E contrata alguém para a segurança da sua família.

— Sabe quanto custa isso, Bruno? Não sou dono de fábrica igual a você. - apesar de grosseiro, o amigo entendeu.

— Pela minha afilhada, eu te ajudo. Agora se eu souber que pulou a cerca, quem vai te fazer mal sou eu. - o dedo em riste para Antônio era um aviso apenas, depois do que acontecerá no parto de Janete, Bruno se colocou contra as fugas do amigo.

Pegou Jorge pelo braço e levou para perto de um telefone público. Teriam que chamar a polícia dali, depois ele iria para casa de Cláudia e Antônio para casa, cuidar da família. Colocou a ficha no orelhão vermelho e discou o número, deu o endereço que se encontrava e esperou. Antônio não esperou, estava com a cabeça quente demais para conversar com os oficiais. Quando a polícia chegou, Bruno relatou toda a história e a queixa foi de invasão de propriedade.

Logo Jorge, antigo na vida do crime, ser preso por causa de algo pequeno desse jeito. Bruno riu ao ver ele sentado no banco traseiro do carro da polícia, desacordado.

— Vocês sabem bater, não é? - o policial comentou. - O rapaz ainda não acordou.

— A gente faz o que pode, senhor. - Bruno sorriu largo no banco do carona. - Mas nesse caso, o rapaz estava chapado também.

— Chapado? Você irá contar toda essa história quando chegarmos a delegacia. - o que dirigia falava sério.

— Nos mínimos detalhes, senhor. E com todo o prazer.

O policial foi rápido e Bruno satisfeito, menos um criminosos nas ruas. O que faria com Marina era outra questão é a ia a casa de Cláudia ficaria para o dia seguinte. Pensou em Marcelo, senão fosse por ele poderia não ter chegado na hora certa. Ele viu Cláudia apenas uma vez na companhia de Bruno, quando foram comprar presentes para a afilhada e conseguiu reconhece-la depois disso. Já sabia a quem pedir ajuda para a segurança de Joana.

O início do sonhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora