Capítulo 22

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- Eu não acredito! Até que enfim. - depois de tanto tempo preocupada, Janete se emocionou ao receber a notícia pelo telefone.

Antônio entrou na cozinha e vi a esposa no telefone chorando, queria tocar em seu ombro, fazer um carinho, abraçar, mas o clima não estava bom entre eles. Ela não ainda conseguira superar a traição. Uma apenas que ficou sabendo. Ele sofreu como não imaginou que sofreria, gostava tanto dela, do sorriso fácil, da ingenuidade e estava sentindo ciúmes de sua amizade com Marcelo. O rapaz que Bruno deixou com segurança deles.

A vi sorrindo com ele, batendo papo e lhe servindo café. Marcelo era respeitoso e galante, nunca fez nada de invasivo em sua casa com Janete, mas queria respostas inteiras dela, igual que o segurança recebia. Resolveu sentar na posta do café e começar a comer, sem tirar os olhos dela. Brincou com Joana no carrinho e se surpreendeu ao ver que em um mês ela havia crescido e que logo teria que fazer novas compras de roupas. Lembrou de seu sogro dizendo que agora como pai de menina ele entenderia, puxou o carrinho vermelho para perto dele e pegou a filha no colo. Com cuidado levantou-se até pode ver seus olhinhos.

- Não faz isso com o papai, Joana. Não cresça rápido demais - sorriu quando ela fez o mesmo e colocou sua cabeça em seu ombro. Que sensação gostosa de poder segurar um amor com os braços.

Janete desligou o telefone ainda chorando. Quando se virou viu a cena linda de Antônio com a filha, ela estava sonolenta mas adormeceu nos braços do pai como se recebesse um acalento. Janete entendia o que a filha sentia, a proteção de Antônio não vira igual, nem o abraço acolhedor ou o beijo cálido. Que saudades sentia dele e agora feliz com a volta da amiga, tinha que lhe dar um aviso para que tudo voltasse ao normal. Esperou ele colocar a neném de volta ao seu carrinho e o olhou. Ele levantou e ficou a sua frente esperando, não tomou atitude mas a pergunta estava no olhar.

- Bruno a encontrou! Claudinha está bem - apesar de tentar parecer indiferente, as lágrimas caiam de seus olhos ao mesmo tempo que sorria. Ele deu um passo para perto.

- Onde ela está? Como ele a encontrou? - o tom foi calmo, ele estava sendo cauteloso. Sua Janete já teria pulado em seu colo de felicidade.

- Estava na casa dela, você acredita? - parou por causa de um soluço. - Nem eu sabia onde ela morava. Que amiga péssima eu sou.

Antônio diminuiu um pouco a distância entre eles e secou as lágrimas da esposa. Sentir a sua pele lhe fez bem, estava precisando desse contato que achou nunca sentir falta.

- Você é a melhor amiga que eu conheço, Nete. Agora ela está bem, foi encontrada, vocês poderão se ver mais. - o abraço partiu dela. A emoção dos dias sem a amiga a fizeram tremer os ombros, mas as mãos de Antônio em suas costas a acalmaram mais que qualquer remédio.

Ele aproveitou e deixou ela se acalmar. Senti-la de novo o fez bem, sempre fora o apoio dela. O abraço demorou mas ninguém se importou, Marcelo pigarreou na porta da cozinha e Antônio fez questão de selar aquele momento com um beijo na boca. Marcelo riu da situação, nunca pensou em Janete de outra forma a não ser patroa.

- Quando quiser vê-la me avise, pois irei com você. Também quero saber como ela está? - disse assim que se afastaram do beijo mas não do abraço.

- Claro, eu queria ir agora. Abraçar minha amiga, mas você vai trabalhar. Bom dia Marcelo - e o sorriso de novo. Largo e cativante que fez o coração de Antônio pular, não fora por ele. - Sente-se e tome café.

- Bom dia senhora. Senhor. - Marcelo se acomodou sem cerimônia na mesa, após o aceno de Antônio. - Se quiser acompanho a senhora até lá.

- Bom dia Marcelo. - falou firme. ajeitando o palitó. - Não precisa, eu mesmo a levarei. Só tenho que desmarcar algumas reuniões a tarde e estarei aqui na hora do almoço.

- Obrigada, Tonho. - o beijo na bochecha fez o peito de Antônio inflar. Olhou para Marcelo vitorioso enquanto ela o servis na cabeceira da mesa. O segurança riu, não havia pensado que Antônio era inseguro assim. - Vou pegar uma fralda para limpar Joana e dar de mamar, daqui a pouco é hora.

Antônio olhou a esposa sair da cozinha e se ajeitou desconfortável na cadeira. Era sempre uma hora difícil para ele, mas resolveu esperar. Podia ficar mais tempo. Viu Marcelo morder a torrada e o encarou pedindo explicações.

- Está tudo tranquilo, não vejo ninguém pela redondeza, mas soube que Jorge fugiu da cadeia. - ele falou baixo.

- Como assim, Marcelo?

- Não tem com o que se preocupar, se ele aparecer vai se ver comigo. Não fará a Nete.

- Janete, Marcelo. Para você dona Janete - o ciúme falou por ele. O segurança riu.

- Tonho, esqueceu que mulher de amigo meu para mim é homem?

- Te conheço Bro. Você é da minha laia. Mas Janete não é para você mexer, ela é minha esposa!

- Certo, senhor Antônio. - debochou Marcelo. - Jorge não chegará perto delas, eu garanto.

- Estava pensando em reforçar a segurança. Talvez mais um com você. Marina ainda está por aí.

- Pensando assim, seria legal ter mais um companheiro. Posso conseguir alguém do meu porte lá na coabi. - Marcelo contou mentalmente.

- Nem se atreva! Eu vou entrevistar o outro segurança - Marcelo gargalhou sem se controlar.

- Qual é a piada? - Janete entrou e sentou na cadeira do lado direito de Antônio, puxando o carrinho para perto. Vendo que a menina ainda dormia começou o seu café.

- Nada Nete. - respondeu Antônio sem graça.

- Seu marido tem ciúmes de você senhora.

- Já disse que pode me chamar de você - ela não fez por mal, só não gostava daquele título. - Não há porque do ciúmes Tonho.

- Era o que eu dizia e ele, senhora - falou embaixo do olhar impetuoso de Antônio.

- Entendeu o recado, Marcelo. Assim que eu gosto.

Sorriu aos dois e continuaram o café. Antônio viu sua filha tomar o dela também e lambeu os lábios discretamente. Marcelo levantou-se deixando os dois a sós naquele momento. Não queria problemas com Antônio, mas provoca-lo era ótimo. Esse saiu após Joana sujar a fralda de pano, combinou a hora com Janete e lhe deu um beijo na testa quando saiu apressada para dar banho na neném.

Chegou ao trabalho e comprimentou a secretária mais animado do que nós últimos dias, seu humor estava melhor a partir daquele abraço só precisava de um alívio para o corpo e, contando os dias, faltavam treze. Mais treze dias, apenas treze...

- Não acredito que você teve essa audácia! - esbravejou ao entrar em sua sala e ver quem o esperava.

O início do sonhoWhere stories live. Discover now