Capítulo 29

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Claudia se arrumava em seu quarto quando Bruno bateu a porta. Estava alheia ao que acontecia a Janete e sua consciência pesou. Era melhor ter ficado quieta, dali a pouco Janete perdoaria Antonio e ele proibiria a amizade delas. Fato que ela não queria pensar no momento, precisava da amiga mais do nunca.

- Bom dia, está vestida? - Bruno abriu apenas uma fresta da porta.

- Sim, pode entrar. - o rapaz estava com os ombros caídos e olhos inchados. Lá vinha coisa. - O que houve?

- Antonio voltou para a sua antiga casa. Ele está muito mal - Ele sentou na cama e ela fez o mesmo, pasma. Como Janete teve essa coragem?

- O que eu fiz? Estraguei a felicidade da minha amiga! - colocou a mão na cabeça.

- Como? - Bruno arregalou os olhos. Entendeu naquele momento o que havia acontecido. - Você contou a ela...

- Tudo! Eu contei tudo! Sou uma péssima amiga - ela queria chorar mas sabia que Janete precisava dela naquele momento.

Bruno suspirou e olhou a magreza de Claudia que ainda o assustava. Viu sua postura mudar, mesmo querendo chorar. A dele também.

- Não posso dizer que não estou chateado com você. Mas Antonio errou e ele conseguiu por um tempo não trair, porém pensar mais com a cabeça de baixo e a diaba apareceu...- passou a mão na nuca e suspirou. - Ela merecia saber, devia decidir o que fazer. Agora somos nós que devemos ajudar os nossos amigos.

- Claro! Vou para lá agora mesmo!

- Cacau. Você já imaginou Janete desquitada? Com uma filha para cuidar? - ela se lembrou das suas vizinha que ou eram empregadas domésticas ou professoras, quando tinha estudo. Quando estas não caiam na prostituição para sustentar a casa.

- Não, Bruno. Não havia pensado que ela tomaria essa atitude...

- Nem eu. Enfim, vamos ver o que faremos para ajudar e mês que vem já é o batismo de Joana. Ela deve estar forte e Antonio na dele. - Bruno levantou e caminhou triste até a porta. - Ele pode ser o que for Claudia, mas sei que gosta de Janete. Algo despertou dentro dele quando Joana nasceu, até hoje não se perdoa por estar no hospital naquele momento. Acho que o que você fez foi ruim, mas não posso deixar de me compadecer do meu amigo.

Saiu do quarto deixando Claudia arrumando a bolsa. Decidida ela tomou o café sozinha e foi para o seu destino. Teria que fazer aquilo senão não ficaria em paz.

....

Antonio já estava com olheiras, que falta sentia de sua cama. De seu leito de amor com Janete. Mesmo que ainda não pudessem fazer nada depois do nascimento de Joana. Por lembrar daquilo, que data era aquela mesmo? Ah sim, havia passado uma semana desde o resguardo mas ele não podia fazer nada agora.

Havia mandando um cheque pelo Marcelo para pagar as compras de casa e sabia que daquela quantia sobraria. Janete sabia administrar muito bem o dinheiro da casa, tanto que havia ido ao salão de beleza naqueles dias atrás. Por que não havia dito que reparara?

Entrou no escritório, afrouxou a gravata e ligou o computador para começar o trabalho. No porta retrato ao lado estava a foto de suas meninas, lindas como sempre! Que saudades delas! Daria um jeito de visitar Joana na hora do almoço. Apertar e abraçar a filha, sentir o seu cheiro que não era muito diferente de Janete já elas estavam sempre grudadas. Riu da situação.

O telefone tocou e com a ligação seu pensamento voltou ao trabalho. O acionista informou de um novo sistema operacional que estava fazendo sucesso nos Estados Unidos e que logo poderia chegar ao Brasil. Torcia para que sim. Usar a bios as vezes dava dor de cabeça. Otimista e confiante decidiu visitar a filha e ponto. Não havia desculpa a dar, queria saber como estavam as duas. Agilizou o seu trablho e saiu para o almoço.

Ao sair encontrou a última pessoa que pensaria ver, ela estava mais confiante porém ainda debilitada. Se comparecia mas também sentia raiva por ela ter feito o estrago em seu casamento.

- Antonio, eu...

- Não quero ouvir Claudia. O que está feito não tem como voltar atrás. Só não esperava essa reação de Janete e nem a sua por ter esperado tanto tempo... - o cansaço falou mais alto. - Você acabou com a minha família. A que eu prometi cuidar!

- Você que não foi sincero. Não falou para ela os seus erros e...

- Claudia, por favor! Sem querer te ofender mas você estava com inveja. Sempre teve inveja de Janete e por isso se fez a melhor amiga dela. Não me venha dar lição de moral. Eu gosto muito de você, mas erros por erros, você deixou sua amiga casar sem ela saber onde estava se metendo. Agora tenho que ir e por favor, esteja junto dela porque mesmo ela não querendo eu estarei.

Antonio continuou o seu caminho deixando Claudia com lágrimas nos olhos. Aquele havia sido um golpe baixo, mas foi bom para ela perceber que ele também estava mal pelo término do casamento. Não sabia que a verdade diria tanto assim nele, pensou que ele queria a liberdade mas viu o contrário. Enxugou as lágrimas e foi para a casa de Janete. Se desculparia pela sua atitude e veria o que aconteceria.

Chegando lá encontrou Janete parada, com Joana no colo olhando pela janela. O estado era de choque. "O que foi que eu fiz?"

- Nete - Não precisava tocar a campanhia a porta ficava aberta por não ter o medo da invasão e um Marcelo na porta.

- Oi Cacau. - Janete não a olhou. - Minha mãe me disse que não tem mais filha.  A não ser que eu retome o casamento.

Claudia entendeu o estado da amiga. Agora ela conhecerá o mundo cruel. Infelizmente a ingenuidade e doçura de sua amiga se foram. Hora de agir como a melhor pessoa do mundo, a melhor amiga que nunca tivera até conhecer Janete. Que se dane o que Antonio achava, ela amava Janete como uma irmã e queria o bem dela.

- Então seremos nos três contra o mundo! - abraçou os ombros de Janete fazendo-a olhar. - Por onde começamos?

- Dinheiro.  Preciso de um emprego - falou Janete desanimada.

- Vamos a caça então!

Falou animada ignorando o estado da amiga e sentando no sofá com o jornal na mão.

O início do sonhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora