Capítulo 4

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Antônio não sabia se soltava fogos de artifícios ou dançava igual ao Charlie Brown, mas logo teria a satisfação que o corpo necessitava. Ver Janete naquele jeans o levava a loucura.

— Que bom que você veio - pegou a sua cintura sem cerimônia, sozinhos poderiam se libertar. E ela já passará da fase de se assustar.

— Como não viria? - ardendo em seus braços, Janete entrou na casa.

Ele tirou a mochila de seu ombro e a levou para o quarto humilde, que não se comparava ao dela.

— Tem que comprar logo uma cama de casal, Antônio. Você é grande! - era isso que ele gostava nela. A ingenuidade e a franqueza, além de elogios como aquele. Ela não tinha parâmetro a comparação, mas não explicaria a ela o que ser grande, nesse caso.

Começou as carícias e as roupas voaram para longe. A noite rendeu para os dois que a luxúria fazia gemer e chegar ao clímax várias vezes. Ela se sentia amada, ele satisfeito. Dormiram abraçados, na cama de solteiro não havia como ser diferente e sonharam. Ela com o casamento, ele com... Melhor não contar.

....

No dia seguinte, Julita fez o café e colocou a mesa. Preocupada com sua filha, grávida e ainda solteira. O que a amigas diriam? Teriam que falar que o bebê nasceu prematuro para manterem o segredo, mas mesmo assim todos saberiam. Limpou a mão no avental e esperou a menina chegar.

Menina. Riu dessa palavra. Sua filha era mulher agora, noiva e logo seria mãe. Pensou no tipo de casamento que ela teria. Antônio era um bom homem! Ela a faria feliz, mas se não fizesse... Só de pensar em sua filha desquitada dava-lhe dor de cabeça.

Não! Janete teve sorte. Ela enfrentaria a vida de casada de cabeça erguida. Ela criaria o filho da melhor forma possível e...

— Bom dia - Pedro sentou-se a mesa com o seu jornal embaixo do braço.

— Bom dia - ela se aproximou com a garrafa de café e serviu uma xícara para ele e depois para ela. Sentou e pegou a torrada.

— Esse futebol está de mal a pior. Como o Uruguai ganha o título das Américas? - Julita que não entendia do que o marido falava, ficou em silêncio concordando. - Quando sua filha volta? - Pedro não olhou para a esposa.

— Deve almoçar lá. Sempre faz isso. - deu uma mordida na torrada com a mente clareando. "Você não fez isso, fez?"

— O que teremos para o almoço?

— Que tal você comprar um galeto? - falou na esperança de sair um pouco da cozinha e conversar com a vizinha.

— Besteira, sua comida é a melhor. - apesar do elogio, não se sentiu bem. - Adoro o seu assado! - está aí o que ela estava esperando, ele escolheu o cardápio. Mas não deixou de ler o jornal.

— Tudo bem. Tomarei chá com Cleuza hoje.

— Ótimo. Vou no carteado.

Terminado o café, Pedro se levantou e sentou no sofá. Julita arrumou a cozinha e colocou os condimentos na pia grande. "Janete você não pode ter feito isso comigo..."

Quando o pensamento lhe veio a cabeça, Julita quis afastar de imediato mas as peças se encaixavam. Quando o telefone tocou, correu para atender. Suspirou ao perceber que era sua irmã que falava. Imagina se fosse a Cláudia?

Na hora do almoço, o cheiro da carne assada com batatas enchia a casa. Pedro estava na varanda fumando e viu Janete chegar com Antônio. Não queria que seu dia fosse estragado, mas lá estava ele, arruinado. Olhou quando o casal deu a mão e o genro, que se retraiu. Achou engraçado que mesmo de estatura baixa, colocava medo em Antônio. Tinha algo mais que ele não conhecia, não era bobo.

O início do sonhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora