Capítulo 26

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Alheio ao que acontecia em sua casa, Antônio se esforçava para colocar o trabalho em dia. Com as informações internacionais e procurando um meio de usá-las. E com toda essa informação poderia levar a computação para a população e também a internet para usuários variados. Pensando nisso o dia passou rápido e conversando com os colegas de trabalho perguntou a todos quem tinha acesso a internet em suas casas. Menos da metade o tinha.

Antônio fechou o seu turno as seis da tarde esperando como fome a comida voa da esposa. Não houve aventuras naquele dia e agradecia por isso. Deveria ser mais forte, ele sabia, mas não conseguia resistir a um rabo de saia. Estacionou o carro na garagem e entrou na casa satisfeito, sabia que um passarinho não faz verão mas se levasse as ideias para os acionistas poderia conseguir um suporte e atingir o máximo de público possível.

- Oi - falou com carinho ao ver Janete sentada no sofá, assistindo Elas por elas, a novela da sete.

O silêncio quebrado apenas pelas briga na novela o deixou receioso. Desde que fizeram as pazes, Janete sempre lhe recebia com um beijo. Procurou pela Joana e se deu conta que ela já estava  em seu quarto. Deixou a maleta ao lado do sofá e se apoiou no encosto para dar um beijo na testa de Janete. A qual virou o rosto e desvencilhando, levantou do sofá.

- O que houve Nete? O que há agora? - perguntou ofendido com as mãos na cintura.

- Você não presta Antônio! - ela falou com os olhos baixo, tentando engolir o choro.

- Nós já concordamos com isso Janete. Pensei que tínhamos superado...

- Eu sei de tudo Antonio. De tudo! - gritou a última palavra fazendo lembranças virem a mente dele.

- Como? - ele se sentou e ela continuou furiosa.

- Você nunca foi fiel! Nunca quis casar e sempre pulou a cerca! Até com as minha amigas - a raiva de Janete aumentava e ele apenas ouvia. - Você não tem nada a dizer? Nada a negar?

Poderia negar, mas não achava o certo. Com Janete sempre quis seguir essa linha apesar de não conseguir ser fiel. Ainda calado foi a cozinha, pegou um copo de água e viu que ela o seguiu. Não queria discutir...

- Até com Claudia você tentou ficar.

- Então é isso. Foi ela quem te contou. Se já acredita por que irei negar? - não viu o que voou em sua direção mas desviou com sucesso e quando outro objeto veio ele se aproximou dela e a abraçou. - Calma Nete. Nao precisa ser assim.

- Não encosta em mim! - ela gritou e o empurrou. - Você é sujo Antônio e me usou! - aquilo o feriu de uma forma que não imaginava.

- Eu nunca te usei Janete! Com você sempre fui o que você quis. O namorado, o noivo e o marido!

- O que eu quis? Era muito pedir fidelidade? - ela gritava e chorava sentindo a mágoa falar mais alto.

- Infelizmente eu não consegui. É também quem engravidou foi você, forçou o casamento - tentou se defender mas sentiu o tapa em seu rosto.

- Claro que não! A Joana estava planejada para depois do nosso casamento. Porque nós iríamos nos casar, afinal estávamos namorando.

- Esse nunca foi o meu plano. Eu nunca quis uma família. Sabia da minha essência e não queria dar uma família como a minha para os meus filhos! Nem todo mundo teve uma família igual a sua Nete. - sentou -se na cadeira e apoiou a cabeça na mão.

- Se não queria casar por que me seduziu? Eu sempre te contei os meus planos? - ela continuava de pé e gritando. - Você não pres...

- Eu sei! Eu sei! E você sabia disso desde o inicio! - ele se levantou e falou firme. - Sim! Quem engravidou foi você. Você não soube se prevenir...

- Eu não sabia como me prevenir, ó experiente! Aprendi apenas agora que existe a pílula, porque conversei com a minha médica!

- E você não ia a médica antes Janete? E tudo o que eu fiz hein? Casei com você, montei a casa, estamos vivendo uma vida de família como você sempre sonhou...

- E você transando com outras pelas minhas costas. Eu não aguento te olhar Antônio. Quero saia da minha casa agora! Pegue a sua coisas e vá viver com aquelazinha!

- A casa é  minha! - ele gritou. - Quem comprou fui eu! Quem paga as contas sou eu! Ou pensa que suas aulas particulares vão pagar as despesas? Eu não vou vou a lugar nenhum!

- Vai! Mas você vai e agora. Você nunca mais me encosta. Nunca mais vai me ver! E nem a joana!

- Não coloque Joana nessa confusão. Ela é  minha filha. É nunca vou deixar de ve-la!

- Você nunca a quis! Lembra do que você disse?

Ela saiu da cozinha e foi até o quarto deles, pegou a mala grande e começou a tirar as roupas do armário. Colocou de qualquer jeito dentro da mala enquanto a garganta queimava com o choro e o soluço. Não iria suportar viver com Antônio nem mais um dia. Sua amiga não mentiria para ela, só queria entender o porquê dela não contar antes do casamento. Não, a culpa não era de Claudia e sim dele, que não conseguia manter o membro dentro das calças.

- O que está fazendo Janete? - ele chegou e segurou as suas mãos forte.

- Eu não vivo mais com você Antonio. Você me dá nojo! - soltou as mãos e continuou a fazer a mala. - Vou para a casa do meus pais de onde não deveria ter saído!

- E ser uma parea da sociedade? Janete para com isso. Vamos sentar e conversar certo? Você também não sairá dessa casa.

Ela parou e pensou no que ouviu. Respirou fundo e lembrou das mães solteiras que Claudia havia contado. Antonio pensou ter vencido a discussão mas algo na expressão de Janete o preocupava. Aquele amor de menina, aquela moça ingênua não estava mais ali. Ela amadurecera e se tornara forte. Ele engoliu a seco.

- Amanhã. - ela respirou. - Amanhã de manhã. Se você ainda estiver nessa casa eu saio com a minha filha e você nunca mais vai me ver.

- Janete...

- Amanhã! Esse é o prazo!

Ela saiu do quarto e dormir no quarto de Joana, trancando a porta ao entrar.

"O que vou fazer agora?". Estupefato Antonio não tinha saída, não conseguia se levantar. Ficou olhando o vazio do armário.

O início do sonhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora