Afterworlds - IV

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Piatra Neamţ, Romênia

25 de outubro

Olívia

Estou quase pegando o sono quando vejo o grupo de pessoas se aproximar da casa. Estou tão cansada e a luz do sol é tão acolhedora que eu nem me dou conta do que significa um grupo tão grande se dirigindo na direção da porta. Apenas quando o som da campainha ressoa no andar de baixo, eu me dou conta de que porque fui para a janela do meu quarto em primeiro lugar.

Quando chego à entrada, Anika já abriu a porta e está abraçando Ellie animadamente. A sala está em fuzuê de abraços e saudações, mais de quinze pessoas se entrelaçando. Corro para fazer o mesmo com as outras recém-chegadas. Quando chego a Juliana, me surpreendo com sua altura.

– Você está... Diferente. – Digo, dentro do abraço dela.

Em resposta, Juliana se afasta e chuta os saltos do pé.

– Nova Orleans não vai aceitar uma nova rainha se ela parecer ter treze anos. – Ela diz, com um suspiro.

Me afasto e vou para o próximo abraço, um abraço efusivo de Tatiana. Quando termino de saudar a todas e lançar um aceno para Pierre, eu percebo duas visitantes desconhecidas atrás de Ellie. É por causa delas que a sala cai em um silêncio completo por alguns segundos. Uma delas, a mais alta, é negra com lindos cabelos crespos que se agigantam sobre ela e o par de lábios mais bonito que eu já vi. São os olhos, intensos, ferozes e quase vermelhos de tão castanhos que chamam mais atenção.

– Essas são Rubí – Ellie começa a apresentar, em espanhol, apresentando a mais alta. – E Siena.

Finalmente olho para a mais baixa. Ela tem traços indígenas e cabelos tão lisos quanto os de Kaylee. Elas inclusive se parecem um pouco e eu olho para Kaylee para confirmar a observação, apenas para me surpreender quando percebo Amelie ali, parada ao lado dela.

– Vocês têm muito o que contar. – É a única resposta que tenho.

Uma respiração profunda generalizada corre a sala, confirmando o que eu disse. Anika corre para instalar todas em seus lugares, a boa anfitriã que é. Eu a ajudo nisso e aos poucos a casa se organiza. Quase duas horas depois da chegada de todas, nós nos trancamos espalhadas em meu quarto, apenas as oito restantes do Exército, prontas para colocar todas as informações em dia.

– Comece você, Anika. – Kat diz – Por que nos chamou aqui?

Ah, isso. Anika se sente ainda mais incomodada pela situação do que eu. Ela enfia as mãos nos bolsos do vestido dourado que usa, tira os sapatos, os calça novamente, toca a coroa de flores no cabelo e finalmente a arranca, começando a destruir as flores, quando diz:

– Algo estranho aconteceu há dois dias. Eu mandei um demônio de volta para o Inferno com apenas uma palavra.

Exorcismo não tem nada de incomum. – Sophie comenta.

– Sophie, a palavra foi Valentina. – Anika conta.

Nos entreolhamos em silêncio, as meninas completamente confusas.

– Conte mais. – Ellie pede.

Anika suspira, uma flor vermelha perdendo as pétalas em sua mão.

– Uma família trouxe um senhor para mim. – Ela começa. – Ele havia morrido na noite do dia 30 de setembro, mas voltou minutos depois. Não era ele de verdade. Um demônio assumiu seu corpo e vindo da guerra, ele não parava de falar no Exército. Então, a família não o levou em um exorcista normal, o trouxe para mim. Eu tentei a coisas normais, mas nada adiantava. Pensei que talvez não fosse um demônio, fosse uma das almas que Valentina tirou do Inferno, mas quando me virei para Olívia para dizer isso, o demônio deixou o corpo violentamente assim que ouviu o nome.

As Crônicas de Kat - A História CompletaWhere stories live. Discover now