A Hora das Bruxas - IV

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Piatra Neamţ, Romênia

Charlottie

– Mais! – Digo, colocando o copo na frente de Kaylee, que me serve prontamente.

É meu café da manhã de aniversário, ou algo do tipo. Dois dias depois da data e só com a parte do Exército que segue viva e na Romênia, mas já que estou sendo consolada com quanto sangue – frio, vindo de bolsas e velho – eu quiser, eu não me importo tanto assim.

– Eu sempre me perguntei se era possível ficar bêbada de sangue. – Olívia comenta, se sentando ao meu lado.

Estamos do lado de fora da casa, todas sentadas na varanda, aproveitando o sol que hoje brilha em um céu sem nuvens.

– Eu não estou bêbada. – Digo, rindo ao pensar que é exatamente o que uma pessoa bêbada diria. – Estou eufórica. Mas respondendo sua pergunta, é possível. Só se alimentar de alguém bêbado. Nós fazíamos com tanta frequência na Rússia. Era incrível.

– Ei, talvez você seja a pessoa certa para me ajudar a completar o vácuo nos diários de Kat. – Olívia diz, mudando o assunto. – Existe menos informação sobre os anos passados na Rússia do que os anos passados em Cianne. E todo mundo só fala sobre de relance.

– Porque nada aconteceu. – Respondo, dando de ombros. – Nada relacionado com a guerra ao menos. Pierre estava de volta e nós precisávamos adaptar Tatiana a ser uma vampira sem que descobrissem sua identidade. Fizemos as coisas mais insanas nesse período. Usamos todos os recursos vampíricos para cometer os assassinatos mais violentos e escaparmos ilesas. Era a existência vampírica da forma mais desejada pelo Inferno. Por isso não querem falar muito sobre o que aconteceu. E era perigoso demais manter registros do que fazíamos.

Olívia aperta os olhos enquanto olha para mim.

– Foi por isso que vocês nunca tentaram sair da União Soviética, não foi? – Ela diz. – Vocês estavam se divertindo demais.

– Você sabe quão difícil era sair da União Soviética? – Digo, a resposta oficial.

– Definitivamente não mais difícil do que sair de uma cidade dominada por bruxas. – Olívia responde. – Ou que ficar multimilionária em uma série de golpes.

Pondero o que ela diz e em seguida dou de ombros.

– Talvez você esteja certa. Nós nos divertimos tanto antes de 98. Era uma existência infernal, é claro, mas droga, ela era divertida.

Eu percebo que o resto do Exército ficou quieto de repente e ouviu minhas últimas palavras. As meninas parecem concordar comigo. Enquanto eu termino minha xícara de sangue, eu percebo eu isso só aconteceu porque Kat não está mais na varanda. Antes que eu formule a pergunta de seu paradeiro, ela reaparece, atravessando a porta de vidro.

– Louise me ligou. Juliana está voltando. E trará Alexandra e o parasita demoníaco com ela.

16 de abril

Graz, Áustria

Louise

Assim que o e-mail de confirmação da alteração nas passagens chega, eu fecho o notebook e me levanto para arrumar a mala. Preciso me sentar outra vez assim que faço isso. Estou me sentindo extremamente fraca hoje. É o cansaço da viagem, combinado à falta de sangue e à excitação por Juliana ter entrado em contato e finalmente estar voltando para a Romênia. Eu queria ir para casa também, o mais rápido possível.

Nós deveríamos ter voltado há alguns dias, mas Naomi encontrou um grimório antigo que considerou importante e decidiu ficar por mais tempo para avaliar se deveria levá-lo ou não. Combinamos de voltar ontem, mas novamente Naomi pediu para ficar.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora