Wild Ones - VII

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Piatra Neamț, Romênia

Kaylee

Quando as pedras voltam ao seu tom normal e puro, estamos todas sentadas em um círculo no primeiro andar. Um silêncio perturbador tomou conta da sala e cada um dos presentes parece tomado por algum tipo de encanto. As pedras sangraram durante todo o dia. Nós fomos acordadas pela sensação de formigamento no pescoço, que foi seguida pelas pontadas na barriga algumas horas depois. Ficamos nessa sala, observando a passagem do tempo e esperando por algum sinal do que estava acontecendo e onde estava acontecendo. Quem quer que tenha sagrado sangrou durante todo dia e agora parece ter parado de sangrar aos pouquinhos. Não tem como isso ser um bom sinal.

- Agora é um bom momento para seus poderes mediúnicos funcionarem, Persephone. - Sophie diz, finalmente quebrando o silêncio desolado.

Olho para a falante com cuidado e a pego roendo as unhas. Sophie não é uma pessoa que demonstra nervosismo com facilidade, com sua fama de nunca sentir medo, mas os onze dias desde o sequestro de Kat e Ellie e o fato de que durante todo esse tempo não encontramos nenhuma pista de onde elas estão, está fazendo um estrago nos nervos dela. Acho que ela preferiria que as meninas estivessem definitivamente mortas e isso pudesse ser provado, porque aí ela poderia fazer outras coisas.

- Ah, eles estão. - Persephone diz, com um suspiro - Só não sei se vocês vão gostar de ouvir o que eles têm a dizer.

- Elas...? - Anika começa arregalando os olhos.

A bruxa balança a cabeça.

- Não, não. Até onde sei, elas estão vivas, apesar de eu não ter entendido completamente como. Elas provavelmente nunca serão absolutamente honestas a respeito de como sobreviveram, mas isso não é importante agora. O problema é outro e é bem mais complicado que isso. - Ela se cala e observa a audiência.

Além de nós onze, que estamos no mesmo círculo que ela, Amelie, Pierre e Selene observam tudo sentados em um canto em silêncio. Apesar de serem considerados apenas acompanhantes nas loucuras que estamos envolvidos, eles têm ajudado da forma que podem na busca por Kat e Ellie, mesmo quando isso significa apenas ficar fora do caminho.

- Será que dá para você falar de uma vez e parar de criar tensão desnecessária? - Charlottie reclama, antes que a irmã o faça.

- Eles descobriram como capturar e destruir a alma de Ellie. - Persephone diz. É possível sentir no ar que a sala vai explodir em cochichos nos próximos três segundos, então Persephone levanta as mãos antes que isso aconteça. - Mas antes de fazer isso eles precisam destruir toda ligação física que Ellie possui na Terra.

- E o que isso significa? - Pergunto, no silêncio que se segue.

- Eles estão vindo atrás da gente. - Sophie responde, as feições obscuras. - Precisam matar todos nós. A começar pela linhagem sanguínea principal de Ellie. - Pierre engasga e ela sorri. - É, inclusive você. Depois eles vão destruir todo mundo que está ligada a ela de outras formas. Ou seja, todas as doze.

- Mas você... - Charlottie interpela - Não têm como matarem você.

- Eu sei, mas eles podem deixar para se preocupar com isso depois que tiverem matado eles cinco. - Ela faz um gesto amplo apontando Anika, as gêmeas, Tatiana e Pierre. - A prioridade agora é manter vocês vivos. Precisam ir para um lugar seguro. Já que Persephone avisou a tantas bruxas do norte onde ela está, vocês precisam ir para o sul o quanto antes. Existe uma chance, nada pequena, de que eles estejam nos observando durante todo esse tempo e de que possamos sofrer um ataque ainda esta noite.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora