Melhor parte

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Hanae POV

Que dia péssimo aquele estava sendo. Eu lembro que só a tinha há duas semanas e meus pais acabavam de tirar minha katana de mim. Ok – é claro que eu havia quebrado três vasos e quase entalhado uma cerejeira, mas até hoje não acho que seja motivo para ter me deixado de castigo e tirado meu presente de aniversário de nove anos.

Uma katana para uma menina de nove anos? Talvez pareça loucura, mas no meu clã eles nos incentivavam a encontrar cedo aquela arma que seria nossa parceira de combate. Não que eu não tivesse habilidades com shuriken e kunai, mas o Clã Inoue sempre foi adepto a sair do básico, quando o assunto era treinamento.

Meu clã. O meu clã era original de Konoha, mas eu e minha família, da linhagem principal, vivíamos numa pequena aldeia afastada, de onde éramos os lideres, por assim dizer. O Clã Inoue, meu clã, é um clã cujo Kekkei Genkai é totalmente envolvido com o elemento da água, e era conhecido que todos os shinobi e não shinobi de minha família nasciam com o chakra de água. E é aí que estava o meu pequeno problema.

Ao mesmo tempo eu era o talento e era também a esquisita da família. Eu já tinha habilidades muito avançadas para a minha idade, dominava uma boa quantidade de jutsu, era bem atlética e era uma mestra com a katana, mas eu havia nascido com o chakra do vento. Maravilha, não? E ainda por cima, eu era a única do Clã que 'maculara nossos tradicionais cabelos dourados' e pintara algumas partes de rosa.

"Espera! Então você era a única com o chakra do vento?", Kakashi perguntou interrompendo a minha bela narração. "Tipo, a única do clã todo?". "Sim, Onii-chan, agora deixa que ela continue!", Aimi disse.

ENFIM! Eu acabara de sair da propriedade de minha família, pois queria espairecer e esquecer um pouco do fato de que estava de castigo. De novo.

Eu costumava andar por toda a aldeia, falando com outros adultos e crianças, comprando algo para comer ou até flores, mas hoje eu não queria falar com ninguém, então decidi andar pela vegetação, que iria me esconder de todos os olhos, ou pelo menos era o que eu pensava. Depois de andar bastante, percebi que tinha saído da aldeia (como sempre fazia em dias como aquele), então resolvi sair da mata e voltar pela estrada principal.

Foi aí que eu a encontrei.


"Melhor parte", Aimi murmurou e eu sorri, mas ignorei.


Ainda faltavam alguns quilômetros para chegar aos portões da minha aldeia quando eu avistei no horizonte à minha frente uma figura pequena e lenta, parecendo tão indefesa quanto qualquer criança de minha idade.

Apressei-me um pouco para alcançá-la, e antes que chegasse perto para valer, ela caiu desmaiada no chão. Aí sim eu saí correndo em direção a ela, pegando-a no colo e chamando-a, até que ela abriu os olhos de maneira sofrida.

"Ei, você tá bem?", fora a única coisa que eu pensei em dizer. "Menina?", chamei-a de novo, pois não obtivera resposta.

"Eu... Meu corpo dói", ela gemeu, e juro que meu coraçãozinho se partiu em mil quando ouvi sua voz tristonha. "Eu preciso achá-los".

"Achar quem? Seus pais?", perguntei e ela negou com o balançar de sua cabeça. Os cabelos castanhos e densos caiam sobre meus braços e o rosto pálido parecia ainda mais pálido por causa de suas sardas. "Eu vou levar você pra minha casa, daí eu te ajudo!", falei sem esperar e sem querer uma resposta.

Aconteceu que ela desmaiou de novo, e então eu a levei mesmo assim, indo pela mata até chegar ao jardim de casa, entrando em meu quarto, escondida, com a menina no colo. Ela deveria ser um ou dois anos mais nova, pois se tivesse a minha idade, deveria estar morrendo de fome.

Half a SoulWhere stories live. Discover now