•Cinquenta e Sete•

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-E o que você esperava? -Perguntei cruzando os braços.

-Rosa. -Ele falou e assentiu. -Muito rosa. As paredes, cama, as coisas em geral. Nunca imaginaria um quarto cheio de tag. -Falou olhando. -Quero mandar a minha também. -Falei e apontei pra prateleira a onde tinha um pote com caneta de lousa.

-Pega ali. A dourada tem que chacoalhar bastante antes de usar. -Falei e ele assentiu e pegou a caneta azul e a vermelha e começou.

Sentei na cama e o observei. Ele usava uma blusa da Nike Preta com o símbolo em vermelho, uma calça jeans Preta e um Mizuno vermelho com Preto. Ele tinha algumas correntes também. Seu cabelo, como sempre bagunçado, jogado pra trás de qualquer forma.

Mal ele sabia que era o primeiro menino a entrar no meu quarto. Não, eu não sou virgem. Perdi a virgindade com um namoradinho com 14 anos. Meu pai odiou meu namorado e minha mãe também não curtiu, mas apoiou e foi pra ela que eu contei da minha primeira vez. Meu pai nem sonha. Porém, Alex é o primeiro menino a pisar no meu quarto, nenhum nunca entrou aqui antes.

-Prontinho. -Falou ele terminando e saindo da frente. Logo vi um pixe "Ale Borgonovo". -Só você me chama de Ale, sabia? -Perguntou ele guardando a caneta e aquela sensação ruim voltou no meu estômago, como se tivesse milhares de borboletas voando dentro de mim.

-Bom saber. Gosto de ser única. -Falei brincando e rimos. -Vamo fumar um? -Perguntei.

-Seus pais não tão em casa?

-Tão. -Falei indo pegar meu kit.

-Eles deixam? -Você sabe quem é meu pai? Claro que não sabe.

-Deixam, eles são suave. -Dei de ombros e sentei na cama, bolei o baseado e logo o acendi.

Ale estava em pé, no canto do quarto, me observado.

-O que? -Perguntei olhando ele.

-Você é linda, sabia? -Perguntou ele e senti minhas bochechas esquentaram um pouco. -Tava só vendo como você é bonita. -Falou e ri de nervoso.

-Fuma. -Falei estendendo o baseado. Ele veio sentar na minha frente na cama, depois de pedir licença. Ficamos fumando e conversando um pouco, ai sim o sono bateu.

-Tem aula amanhã? Não né? Vi vários polícia pelo morro. -Falou ele e bufei.

-Eles tão de perreco. -Falei. -Mas talvez só tenha aula quarta ou só semana que vem. -Falei e ele assentiu.

-Então vamos ter que sair todos os dias. -Ele falou rindo e neguei.

-Tô de castigo. -Falei. -Era pra eu estar sem celular também, mas minha mãe fez o favor de me devolver e só vai pegar amanhã. -Revirei os olhos. -Não posso sair do Morro por um mês.

-Nossa, o que você fez?

-Briguei com meu pai. Mas isso não importa. -Dei de ombros.

Ficamos conversando e fumando por bastante tempo, eu estava, finalmente, com sono.

-Acho que já vou indo. -Ele falou sé levantando e me levantei também. -Amanhã te mando... quer dizer... -Rimos.

-Eu ainda tenho o face pelo computador. -Falei e ele assentiu. Demos um beijo lento e ele finalizou mordendo meu lábio inferior.

-Te mando mensagem quando acordar. -Falou e assenti. Ele me deu mais um beijo e depois saiu pela sacada.

Em momento algum o clima esquentou. Na verdade, ele se manteve longe o tempo todo, o que eu achei bem fofo, particularmente.

Continuei olhando a sacada, mesmo já tendo ouvido sua moto descer o morro. Um sorrisinho brotou do lado do meu lábio esquerdo.

Esse menino não existe. -Pensei negando com a cabeça.

Apaguei a luz e deitei na cama, foi questão de segundo pro sono me dominar.

Acordei com a claridade no meu rostinho. Olhei pro relógio e eram 10:00. Procurei meu celular, mas minha mãe já tinha pego, suspirei e fui pro computador.

Fazia tempo que não usava ele. Ainda mais o Facebook, mas é uma boa causa.

Alexandre Borgonovo: Bom dia Princesa, dormiu bem?
Alexandre Borgonovo: Eu espero que sim
Alexandre Borgonovo: Quero te ver hj, vou te esperar 12:00 na frente da escola, tudo bem?

Kimberly Dutra: Tudo bem, nos vemos lá

Sai do face e desci, estava com fome. Comi pão com queijo e goiabada, tomei um iogurte e subi pro meu quarto, bolei um e acendi o mesmo.

Aconteceu 2: Filha do MorroWhere stories live. Discover now