Aconteceu 2: Filha do Morro

•Vinte e Sete•

-Acorda que o dia já começou e você tem uma família pra cuidar. -Meu pai apareceu abrindo as janelas do meu quarto.

-Vish, velho, tá ficando caduca? -Resmunguei trocando de posição.

-Vou te arrebentar se você demorar pra descer. Kimberley e Isabella estão subindo o Morro e você tem que se arrumar logo antes que eu comece sozinho. -Falou ele arrancando a coberta de mim.

-Começar o que? -Perguntei coçando os olhos.

-Desce que você vai descobrir. -E ele saiu do meu quarto.

Bufei mas fui tomar uma ducha. Coloquei uma bermuda e uma camiseta, coloquei meus tênis e minhas correntes. Guardei a pistola na cintura e coloquei o radinho no bolso da bermuda. Passei desodorante e perfume e desci.

-Papai, eu to com sono. -Kim falou abraçando minha perna. Peguei ela no colo e ela deitou no meu ombro.

-Que coisa feia, Isabella, olha o que você faz com a criança. -Falei e fui dar um beijo nela, mas ela desviou e eu ri. -Também te amo. -Me sentei na mesa e coloquei granola e frutas no iogurte.

-Finalmente vai começar a se alimentar bem? -Isabella perguntou e olhei pra ela.

-Filha, come seu café. -Falei olhando a Isabella e Kim resmungou mas se sentou e começou a comer, ainda no mundo colo.

-Lógico que não. -Isabella resmungou quando me viu pegando os ovos e colocando dentro do pão.

-Eu preciso de muita energia, Isa. Não posso comer iogurte e frutas. -Falei e ela revirou os olhos.

-Bom, chamei vocês aqui, por que ainda não encontramos o Enzo e enquanto não encontramos eles, temos que nos proteger, sempre estar um passo a frente. -Falou meu pai e Kim suspirou.

-Repete, vovô. Eu não prestei atenção. -Ela falou com a voz mole.

-Você não precisa prestar atenção agora, querida. Vamos começar pela mamãe. -Meu pai falou e minha mãe apareceu.

-Vocês tem o dia cheio hoje, vou cuidar da Kim e do Mike e no almoço vocês vão lá em casa. -Minha mãe falou e beijei a festa da Kim antes dela ser levada.

-Mas como assim "Começar pela mamãe"? Você falou que eu tinha que resolver sobre os vapores que iam ficar com a gente. -Isabella falou e meu pai suspirou.

-Eu menti. -Ele falou simples e eu ri da cara que a Isa fez. -Fala sério, Isabella. Como se a gente precisasse da sua permissão pra proteger vocês. -Ele falou e revirou os olhos. -Você não é mais uma criança e agora tem uma filha. Vai ficar como patroa, tem que exercer seu papel. -Falou ele e ela me olhou.

-Ninguém me falou que eu teria obrigações. -Falou ela me olhando.

-Pensei que você imaginava. -Dei de ombros e ela negou.

-O que eu tenho que fazer? -Perguntou ela revirando os olhos.

-Você vai representar a parte feminina do Morro. Geralmente, quando alguma coisa conta mulheres acontece, é a patroa que cuida. Estupro, assédio, agressão, briga de rua, essas coisas. Você tem que acompanhar o João em baile, churrasco essas coisas. Mas... Tem uma coisa que você tem que aprender, por segurança sua e da Kimberly. -Meu pai falou e me olhou, JÁ sabia o que era.

-O que? -Ela perguntou depois que ficamos em silêncio.

-Você tem que aprender coisas básicas como dirigir moto, atirar, contar dinheiro...

-ATIRAR? VOCÊ FICOU MALUCO? -Ela deu um pulo e neguei com a cabeça.

-Isa, pensa na Kim. Pensa em você. Não to falando que você tem que matar alguém, to falando que é sempre bom saber. -Meu pai falou e ela negou.