Aconteceu 2: Filha do Morro

•Cinquenta e Três •

Cheguei em casa e meu pai tava na sala.

-Amanhã é quinta, vai pro baile? -Ri com ele.

-Acha que não? -Perguntei e ele deu de ombros rindo.

Subi pro meu quarto, tomei um banho e coloquei uma camisola. Deitei na casa e fiquei lá assistindo TV, conversando com o Ale e nem vi quando dormi.

[...]

O sinal pra última aula tocou. Hoje eu caprichei. Passei maquiagem, me arrumei mesmo. Milena parece que não aprendeu, porque ela me olha e ri com as amigas. Agora eu estou indo embora para a parte de for da escola.

-Olha, ela virou menina e decidiu se arrumar um pouco. -Milena falou e ri falso.

-Na verdade, tenho um encontro hoje. -Falei com um sorriso venenoso na cara.

-Quem é o cego? -Perguntou rindo e saímos da escola.

-Olha ela ali. -Apontei pra minha mesa e Ale olhou pra mim e abriu um lindo sorriso. Enquanto Milena fechava a cara.

-Vo-você... Mas ele... -Ela começou a gaguejar e eu ri.

-Aceita, Milena, você nunca vai ser eu, eu sou melhor que você. -Falei e sorri. -Nossa conversa é muito boa, mas tenho um encontro agora, não posso deixar um gatinho desses esperando né? -Perguntei "fofa", mas sentia o veneno na minha língua rs.

Fui na direção do Ale e ele se levantou e me deu um selinho.

-Esta pronta pro melhor dia da sua vida? -Ele perguntou e eu ri.

-Dê o seu melhor. -Falei e ele assentiu rindo.

Ale sacou um beck do bolso e o acendeu.

-Eae. -Eles falaram os amigos do ale que vieram me cumprimentaram com aperto de mão, menos um loiro que me deu um beijo na bochecha.

Ficamos lá, fumando, conversando e via Milena pousada, o que estava começando a me irritar. É parece que o Ale percebeu, porque senti ele tirar meu cabelo da frente da orelha.

-Não liga pra ela. -Esse sussurrou e me arrepiei toda, meu pescoço é meu ponto fraco.

-Odeio quando ficam me encarando. -Falei sem quebrar o contato visual com ela.

-Tenta não arrumar confusão. -Vi Milena e suas amigas se levantarem e virem na nossa direção.

-A confusão que me procura. -Falei vendo ela se aproximar. -O que é? Perdeu alguma coisa aqui? -Perguntei irritada.

-Só queria saber quando você vai marcar aquele encontro. -Milena falou olhando o Ale e ele fez cada de confuso.

-Que encontro? Tá maluca? -Perguntou ele.

-Não precisa mais fingir, amor. Eu sei que gosta de mim. -Eu tive que rir. Mas foi uma risada alta e cheia de vontade, vontade de socar a cara dela.

-Você perdeu o amor a vida? -Perguntei fechando a cara e me aproximando, mas Ale me puxou pra trás dele e me prendeu ali. -Me solta que eu vou mostrar pra essa cachorra que não é assim que a banda toca. -Falei alto querendo ir pra cima dela, mas ele não deixou e os amigos dele o ajudaram.

-Deixa ela pra lá, princesa. -Milena fechou a cara. -Vamos pro cinema pra escolher o filme, temos que almoçar ainda. -Ale beijou minha testa. -Vamos? -Sim, aquilo me acalmou... Nada nunca me acalma. Nunca.

Olhei pro Ale confusa, como se olhar pra ele, fosse me explicar como ele fez isso.

-Vamos. -Falei por fim, quando vi que não tinha respondido.

Nos despedimos dos amigos dele e fomos em direção ao seu carro a onde ele abriu a porta do carona pra mim, entrei sem falar nada.

Não sei o que está acontecendo comigo. Realmente, faz duas semanas que nos conhecemos? Saímos todos os dias dessas semanas... Não saio tanto assim nem com os meus pais.

Senti uma onda elétrica passando pela minha coxa até a minha nuca, me fazendo arrepiar toda. Olhei pra minha coxa no susto e vi a mão do Ale. Ele percebeu minha reação e logo tirou a mão de lá.

-Tá bem? -Ele perguntou todo fof... Normal. Preocupação de amigo né?

-Tô sim. -Olhei pra ele. -Vamos comer a onde? -Perguntei pra trocar o clima. Lógico que somos amigos.

-O que você quer? -Ele perguntou me olhando rapidamente e logo olhando pra rua enquanto acelerada mais e ultrapassava os outros.

-McDonalds. -Falei e ele riu assentindo.

-Então será McDonalds.

O resto do caminho a gente foi conversando sobre coisas bem aleatórias e não demorou pra chegarmos no shopping. Ele estacionou e deu a volta pra abrir a porta pra mim. Saímos do carro e entramos no shopping.

Por onde passávamos, chamávamos atenção, todos nós olhavam e nos acompanhavam com o olhar, mas a gente nem liga, continuamos conversando como se não estivessem nos encarando.

Subimos pra Praça de alimentação e fomos pro Mc. Ficamos na fila pra esperar pra pedir.

-Por que veio pro Rio mesmo? -Perguntei.

-Tive que vir resolver uns assuntos aqui. -Ele respondeu e assenti.

Ficamos conversando mais um pouco e chegou nossa vez de pedir.

-Boa tarde. -O atendente, que era bem gatinho, falou me olhando com um sorrisão.

-Boa. -Ale respondeu sem emoção na voz. -O que vai querer? -Ele perguntou me olhando.

-Um cheddar. -Falei e o cara anotou.

-Batata e refri? -Assenti. -Grande ou médio? -Olhei pro Ale sem saber escolher e ele deu uma risada.

-Grande. E eu vou querer um Barbecure. Batata e refri grande também. -Ele falou e o cara anotou.

-Deu R$47,50. -Ele falou e Ale sacou uma nota de cinquenta.

-Fica com o troco. -Falou ele e o cara deu o recibo.

-Aguardem na fila do lado. -Ele falou, Ale segurou na minha cintura.

-Vamos, amor? -Ele perguntou e o olhei. Não consegui responder nada, só assenti e fui pra fila do lado com ele me guiando pela cintura.

-Amor? -Perguntei risonha e ele riu.

-Aquele atendente tava te olhando muito. -Falou ele dando de ombros. Eu ri e voltamos a falar sobre coisas aleatórias, mas eu só consigo penas no arrepio que senti quando ele me chamou de Amor, mas nois releva, o ar condicionado do shopping está muito alto mesmo.

Logo chegou nosso pedido, Ale pegou a bandeja e fomos para uma mesa, ele deu a bandeja pra mim e tirou o lanche dele. Almoçamos e conversamos mais.

Depois fomos comprar o ingresso do filme, mas não tinha nenhum filme bom, então decidimos passear pelo shopping.

-Seus pais tão em São Paulo? -Perguntei e ele assentiu.

Parece que ele não gosta de falar dele mesmo, já que sempre que eu perguntou sobre a família dele ele responde com respostas curtas ou só faz sim ou não com a cabeça. O que me leva a pensar que ele ta escondendo alguma coisa. Mas tudo bem, eu também tô.