•Noventa e Nove•

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6 meses depois...

Final do ano, natal, a melhor época na minha opinião.

Muito tempo passou, então vamos lá.

Thaylla fez 20 anos, ela e Kim se formaram na escola.  

Minha relação com a Kim tá cada vez melhor, ela já começou a trabalhar com o pai dela, já que ela é a herdeira, mas ela não parece mais tão animada quanto ela estava quando a conheci.

O filho da Thaylla nasceu, Matheus Gabriel Nascimento. Nasceu com nove meses, parto normal. Ele tem 2 meses agora. Kim é a madrinha e eu o Padrinho. 

Arthurzinho já tem seus 8 meses e tá cada vez mais espertinho.

Dona Sthe infelizmente faleceu mês passado, a noticia boa é que foi dormindo, em uma parada cardíaca, sem dor alguma e na paz.

Minha mãe venceu o câncer e eles voltaram pra São Paulo... Falando nisso, o Dono do Morro de lá está com problemas, foi encurralado pelos vermes da rota e tá logo em coma, o último pedido dele era me colocar no comando. Eu vou ter que voltar.

Aqui estava eu, em casa, esperando a Kim chegar pra conversar com ela. Hoje é dia 24 de Dezembro.

Eu tinha que voltar, sou irmão lá, o Dono me deixou na responsa, não posso vacilar.

Ouvi batidas na porta e ela logo abriu, Kim entrou com uma feição séria, ela sabia que o papo era sério.

-O que aconteceu?

-Senta ai. -Pedi e ela se sentou na minha frente, passei o baseado pra ela.

-Fala, amor.

-Você sabe que aqui eu sou o braço direito do seu pai só porque ele tem muita consideração e confiança por mim né?Que eu não poderia, realmente, trabalhar pra ele. -Falei e ela assentiu.

-Porque você já é envolvido na facção da sua quebrada, eu sei, idaí? -Perguntou ela.

-Lá no meu morro, além de eu ser irmão, sou como um filho pro Dono do Morro, ele que me criou e me treinou. -Falei e ela assentiu. -Acontece que deu uns problemas e o Dono tá em coma.

-Sinto muito. -Ela pegou minha mão e apertei a sua, criando coragem.

-Não é só isso... Antes de entrar em coma, ele deixou o morro na minha mão. -Falei e ela ficou sem reação. -Eu tenho que voltar pra casa. -Completei e ela suspirou pesadamente.

-Co-como assim... -Ela perguntou e sabia que ela não queria uma resposta. 

-Amor, se eu tivesse outra opção eu juro que não ia, mas não tem com. Lá foi onde eu nasci, meu avô já foi o dono, eu tenho uma dívida com eles, principalmente com o Piolho. -Falei e ela suspirou.

-Eu nunca pediria pra ficar e deixar sua quebrada na mão. -Falou ela. -Mas eu não quero ficar longe de você. -Ela falou baixinho abaixando a cabeça. Levantei sua cabeça e fiz ela olhar pra mim.

-Muito menos eu quero ficar longe de você. -Falei com certeza e pensei um pouco. E se você vier comigo?-Perguntei e ela pensou.

-Eu tenho treinamento com o meu pai mas... Você também vai comandar um morro, pode me ensinar o que eu preciso saber, não é? -Perguntou sorrindo e sorri mais que ela.

-Amor, tem certeza? Olha, você é o futuro do seu morro, além do mais a gente pode se visitar sempre. Não quero que se sinta forçada a ir só por minha causa ou pensando que esse é a única opção, a gente pode pensar em...

-Eu quero isso. -Ela me cortou me dando certeza.

-Então só precisamos falar com seu pai. -Falei e abracei ela. 

Aconteceu 2: Filha do MorroWhere stories live. Discover now