•Oitenta e Cinco•

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Dentro daquele carro, a única coisa que penso é na Kim. Em que tudo tem que dar certo por causa dela.

-Vocês já sabe o que fazer. -Israel falou e todos assentimos.

Saímos do carro e já corremos pra dentro da agência enquanto o carro saia em disparada com o parceiro dirigindo.

Horário de almoço, a agência vazia.

Assim que entramos, os seguranças já nos ganharam, já colocamos nossas armas na cara de cada um dos quatro enquanto Careca ia com o gerente.

Depois que pegamos as armas deles e os prendemos, fomos pro cofre.

-Tá cheio, parceiros. -Careca  falou sorrindo e entramos vendo o cofre cheio de notas de cem, cinquenta e vinte. Começamos a encher as malas de dinheiro enquanto colocávamos alguns malotes na roupa mesmo.

Fomos enchendo, pelo menos, dez malas.

-Já apaguei as gravações com o gerente bundão. -Falou Cabelo e riu. -Acho que ele se cegou todo. - Rimos.

-Tchauzinho pra vocês, obrigada por colaborarem. -Falei e "mandei beijo" para os seguranças e o gerente que nos olhavam com raiva.

Depois subimos pro segundo andar e, pela janela do banheiro, saímos e os carros estavam lá. Colocamos as malas em um e entramos em outro.

Um carro foi para um lado e nos fomos sentido calçadão.

Fomos o caminho todo comemorando e nos livrando das provas. Depois chegamos no calçadão, trocamos de roupa no primeiro beco, largamos o carro lá, tacamos fogo nele e fomos para as motos que nos esperavam no estacionamento na frente da praia.

Subimos nas motos e fomos pra Rocinha.

O caminho todo, meu coração saltitava de felicidade. Chegamos no bar da Jô e pedimos uma rodada de petiscos e várias breja.

-Liga ai no jornal -Pedimos e dona Jô ligou a TV.

-Hoje, durante a tarde de segunda, o banco do Brasil, no Rio de Janeiro foi roubado. Não temos muitas informações dos suspeitos, apenas que eram quatro homens com máscaras de personagens fictícios e muito bem armados. O Gerente do banco foi torturado para conseguir a senha do cofre. Agora o que a Polícia quer descobrir quem foi a quadrilha que roubou o banco sem que ninguém percebesse em plena luz do sol e conseguiram sair sem ser percebidos. Fiquem com mais informações durante o dia.

Começamos a comemorar e meu celular tocou, era a Kim. Sai do bar e atendi ela.

-Você não me ligou. Acabei de ver na TV. -Ela falou e sorri. -Onde você tá?

-Tô aqui na Rocinha, volto pra casa amanhã só. -Falei e ela riu.

-Estou indo ai, no bar da Dona Jô né?

-É. Mas Kim, eu to com outros vapores do Morro aqui. -Falei.

-Vou adorar conhecer eles. Vou me arrumar. -Falou e desligou.

Eu estava nervoso, meu melhor amigo vai conhecer minha mina. Bom, ninguém sabe que somos namorados, poucos, na verdade.

Voltei pro bar e continuei a festejar com os caras. Logo ouvi um ronco de motor que eu conheço.

-É a Kim. -Cabelo falou meio assustado. -Israel? Você avisou que a gente ia ganhar o banco né? -Ele perguntou.

-Eu avisei o BBoy. -Ele falou franzino a testa. -Não tem nada pra ela ta cobrando nois. -Falou ele e Kim entrou. Ela passou os olhos pelo bar e logo parou em mim.

-Kim... Ta tudo certo? -Careca perguntou.

-Não sei, me digam vocês. -Falou seria. -Pegaram muito dinheiro? -Perguntou ela sorridente e eles assentiram.

-Ela não tá aqui pra cobrar ninguém não. -Falei me levantando e ela me olhou.

-Eu tô sim. -Falou ela. -To aqui pra te cobrar, cê falou que ia me ligar. -Falou ela e os meninos me olharam confusos.

-Eu ia te ligar, mas você ligou antes. -Falei chegando nela e dando um beijo em sua boca. -O que importa é que já passou. -Falei e ela sorriu e me abraçou.

-Que bom que já passou. -Falou e quando saímos do abraço, todos nós olhavam confusos.

-Gente, essa é minha namorada. -Falei e todos ficaram surpresos.

Depois de um tempo eles começaram a se soltar com ela ali, e logo estávamos em ritmo de festa novamente.

Bebemos e fumamos bastante, comemos um pouco e fomos pra casa da Kim, depois de pedir bastante, acabei indo pra lá.

Estávamos no quarto dela, era umas 21:20.

-Filha? -JP perguntou depois de bater na porta e entrar no quarto. -Não tá pronta? Kimberly. -Ele chamou a atenção dela.

-Pronta pra que? -Perguntou.

-Kim, é hoje que vamos dar a injeção... O médico já tá vindo e o tio Rafa já chegou com o marido e o filho. Será que pode se arrumar? E oi, Alex. -Falou ele e acenei pra ele.

-Já vamos descer. -Falei quando vi que Kim não falaria nada.

JP assentiu e saiu do quarto. Kim olhava o nada no chão, me aproximei dela e passei a mão no cabelo dela é ela me olhou.

-Eu esqueci que era hoje, Ale. -Ela falou fraco e beijei sua testa.

-Vamo se arrumar. -Pedi e ela se levantou e foi pro banheiro.

Tirei os malote que tinha pelo corpo e coloquei em uma sacola, tirei minha roupa e procurei outra. Uma calça de moletom e uma blusa preta, iria dormir aqui, já que sei que como Kim ficará.

Tomei uma ducha quando Kim saiu e me vesti. Kim colocou um vestido Preto e um chinelo. Fez as higienes e sua cara de choro era bem visível.

Me aproximei dela e a abracei, ela me abraçou de volta e ficou um tempo com a cabeça apoiada no meu peito. Depois nos afastamos e descemos assim que a campainha tocou.

Chegamos lá e Rafa estava lá com seu marido e filho, cumprimentando todos e o veterinário entrou. Mike estava no colo da Isa enquanto ela beijava sua cabeça.

-Boa noite. -O veterinário falou e todos responderam, menos eu e JP. -Vou explicar como ocorre. Será uma injeção de anestesia, ele vai dormir aos poucos. Vocês tem cinco minutos pra se despedir antes dele partir. -O cara falou e os olhos da Kim começaram a se encher de lágrimas, assim como sua mãe. Abracei ela e o médico pegou uma seringa.

Kim se aproximou do Mike, se afastando de mim e fui para o lado do JP.

-Vai dormir ai? -Perguntou ele e assenti.

-Ela vai precisar de mim. -Falei e ele assentiu.

-Vai mesmo.

A conversa morreu ali, voltamos a olhar o procedimento, Mike estava deitado no colo da Isa e da Kim, Rafa estava abaixado ali do lado e o médico colocou a agulha e deu a dose de anestesia, ai eles já começaram a chorar.

-Vocês tem cinco minutos. -Falou e assentiram. Ele saiu e olhou pra gente. -Já vou indo, meus pêsames. -Falou e se foi.

Foram os cinco minutos mais tristes que eu já vi. Kim chorava, Isa chorava, Rafa cantava uma música enquanto chorava.

Então o cachorro fechou os olhos. O choro só aumentou. JP me cutucou e apontou na direção da Kim com o queixo e entendi que era pra eu ir até ela e foi o que eu fiz.

-Ele se foi. -Ela falou e me abraçou começando a chorar mais.

Não sou de chorar, não lembro a última vez que chorei, mas vendo Kim assim, queria tirar a dor dela e colocar em mim, só pra ela não passar por isso.

-Ele ta em um lugar melhor. -Falei e beijei sua testa.

Aconteceu 2: Filha do MorroDove le storie prendono vita. Scoprilo ora