•Sessenta e Quatro•

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-Eae, parceiro, tenho que ir no meu corre, deixa o cape em gomas. -Ele falou e fizemos um toque.

-Agradece, cuzão, nois se vê de noite. -Falei e ele disparou.

Manobrei com o carro e voltei pro Morro, parei na frente da boca e desci. Dei duas batidas na porta.

-Entra. -Obedeci e vi uma mulher e o cachorro de ontem de frente pro JP.

-Já falei, Isabella, a Kim só está cansada de ontem, as meninas ficaram bem loucas. -JP falou revirando os olhos. O cachorro começou a me cheirar.

-Tá, João Pedro, mas se minha filha combinou um negócio ela sempre cumpre.

-Meu Deus, mulher, vocês combinaram 11:30, não são nem 8:00. Ela já não ia pra escola hoje, deixa a menina dormir mais um pouco. -Ele falou revirando os olhos.

-Eu to indo pro hospital, está escutando? -Ela falou e ele revirou os olhos.

-Se eu falar que não pode vai adiantar? Não vai, então faz o que você quiser mas toma cuidado. -Falou ele e ela revirou os olhos.

-Tô grávida, não morrendo. -Ela resmungou e me olhou. Me deu um sorrisinho gentil e devolvi o sorrisinho. -Tchau. -Falou e se foi, o cachorro rosnou pra mim mas se foi junto com ela.

-Senta ai. -JP falou e o olhei.

Ele não estava que nem ontem. Agora ele voltou a carranca natural, seus ombros pra cima e pra trás, como sempre, na postura total. Esse é o JP.

-Os vapor que tava ontem mais a Thaylla falaram que foi você que tirou os três caras de cima da Kim. -Continuei o olhando atentamente. -Não sei se eu agradeci ontem, na verdade não lembro. Mas obrigada. -Olhei em volta pra garantir que não era uma brincadeira. -Se não fosse por você, não sei o que teria acontecido com a minha filha.

-Já falei que não precisa agradecer, senhor. -Falei e ele assentiu.

-Muito bem, agora vamos falar de negócios. -Ele falou e pegou algumas folhas. -Esses são os documentos da boca. -Ele falou lendo algumas folhas. -Você era irmão de Paraisópolis? -Perguntou e me olhou, assenti.

-Uma vez irmão sempre irmão, mas vim pra cá e pretendo ficar mais um tempo aqui no Rio. Então preciso de um trabalho. -Falei e ele assentiu.

-Cê ta ligado que como gerente tem que cuidar de tudo, então, por mês, você é obrigado a me dar R$12.000,00. -Falou e assenti. -Se não conseguir pagar, vai acumular, três meses acumulado e você é cobrado, se não tiver o dinheiro, paga com a vida. -Falou e assenti outra vez.

-Não vai precisar se preocupar, chefe. -Falei e ele assentiu e me entregou as folhas.

-Eu espero que não mesmo. Pode ir. -Falou e me levantei.

-Obrigado. -Falei e sai da sala.

Entrei no meu carro novamente e guardei os papéis. Eu iria ver a Kim.

Subi pra minha casa e deixei o carro lá. Fui pra casa dela de moto e deixei no beco que tem na frente de sua casa, fui pra parte de trás e comecei a subir pela varanda que estava aberta. Entrei no quarto e ela estava na cama, vendo tv no meio dos cobertores. Me aproximei dela e ela me viu.

-Ale? -Perguntou e dei um sorrisinho.

-Muita emoção para uma noite só, cê não acha? -Perguntei me aproximando e ela se sentou. -Como está? -Perguntei me sentando na ponta da cama.

-Tô bem, eu acho. Minha cabeça dói um pouco, mas acho que estou bem... -Falou olhando pra baixo. -Thaylla me contou o que aconteceu ontem. -Ela me olhou. -Obrigada.

-Não tem o que agradecer. -Falei e não pareceu convencer ela. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas e aquilo me doeu.

-Não sei o que aconteceria se você não.... -Interrompi ela.

-Não tem que me agradece. -Falei e ela se calou. -Na verdade tem sim. -Ela me olhou esperando eu continuar. -Com um beijo. -Falei e ela revirou os olhos.

-Você namora. Eu posso odiar a Milena, mas mesmo assim não sou talarica. -Falou e foi minha vez de revirar os olhos.

-E eu não traio quando namoro. Terminei com ela ontem. Não gostava dela mesmo. -Falei dando de ombros.

-Você terminou com a Milena? -Ela perguntou risonha e assenti.

-Não é dela que eu gosto. -Falei olhando ela nos olhos e ela assentiu dando de ombros, mas vi que o canto da boca dela, tinha um sorriso.

-Já que você tá ai, abre aquela gaveta. -Ela pediu apontando pra escrivaninha. Me levantei e caminhei até lá.

-Essa? -Apontei pra primeira e ela assentiu. Abri a mesma e tinha umas folhas soltas, cadernos e dois estojos.

-Pega o estojo de oncinha. -Peguei o mesmo. E voltei pra cama. -Agora abre e bola um. -Falou se virando pra pegar o controle da tv e o do vídeo game.

Fiz o que ela mandou e aquilo era um kit. Tinha dichavador, seda, maconha, liteira, bic, caneta, um pilador... Ela só pode ser o amor da minha vida mesmo. Olhei pra ela que estava concentrada na tv. Ela mordia o lábio de baixo e forçava os olhos. Era engraçado e fofo. Ri e voltei a olhar o kit.

Dichavei um pouco de maconha, o suficiente pra um baseado. Peguei a ceda e coloquei a maconha na ceda. Eu sou o bolador mais rápido. Em cinco segundos, literalmente, estava passando a goma e fechando o baseado.

-Caralho, como fez isso? -Ela perguntou e a olhei. Ela me observava e eu sorri e voltei minha atenção pro baseado.

-É um dom. -Falei e ri.

-É um ótimo dom, parabéns. -Ela falou rindo também.

Terminei de pilar e dei aquela rodadinha sensual no que restou da seda.

Peguei o meu bic e queimei aquela parte. Depois coloquei na boca e o acendi.

-Vamo assistir o que? -Perguntei vendo que a tv tava no Netflix. Dei mais um trago.

Como não recebi resposta, olhei pra Kim e ela tava pousada na minha boca.

Pior que se eu começar a beijar ela aqui nessa cama, nois não vai ficar só nos beijos. E com ela eu quero ter calma, porque geralmente, depois que eu transo com uma mina, eu perco o interesse por ela, e eu não quero parar de gostar dela.

Gente, não esquece de comentar oq ta achando da história, etc.

Aconteceu 2: Filha do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora