•Noventa e Quatro•

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Acordei com a cabeça doendo um pouco. Fui tomar banho e me arrumar pro trampo. Quando fui pra cozinha, minha mãe fazia o café. 

-Bom dia, filho. 

-Mãe, já falei pra senhora parar de se esforçar. Já marcou a consulta? Tem que fazer esse tratamento logo, não pode ficar brincando com a sua saúde assim. 

-Por que o Diego morreu? -Ela perguntou e a olhei.

-Também. Não quero perder a senhora, Diego morreu vendo o segundo neto dele nascer, você tem que ver no mínimo meu terceiro filho. -Falei segurando seu rosto e beijei sua testa. -Marca a consulta, tudo que precisar e me avisa que eu te levo. -Falei e ela assentiu.

-Vou marcar hoje. -Assenti e comi. Meu pai apareceu e começou a comer também.

-Tenho que ir pra boca. -Falei e me despedi deles.

Como agora sou o braço direito do João, eu não trampo mais naquela boca, agora eu fico no QG mesmo, a boca do João, só que eu fico no escritório em baixo do dele, no final do beco.

Entrei na minha sala e fui fazendo o que tinha que fazer, lá pelas 9:30 João apareceu.

-Tudo certo por aqui? -Perguntou e assenti.

-Já fiz as contas do faturamento do asfalto, entreguei tudo na sua mesa já. -Falei terminando de bolar um baseado. Ele se sentou na minha frente e suspirou.

-Vou no hospital buscar a Kim e vou falar pra ela. -Falou e assenti.

-Precisa de ajuda?

-Depois sim, mas isso é uma coisa que eu preciso fazer sozinho. Isabella vai sair amanhã só, ai eu conto pra ela. -Falou ele e assenti.

-Qualquer coisa é só dá um ligue. -Falei e passei o baseado pra ele.

-Meu Deus, perdeu o cachorro e o Avô em menos de um mês, quero saber o que vai acontecer com elas. -Falou ele passando a mão no cabelo.

-Faz a mesma coisa que eu, bebe, fuma e conta. Ai você vai ter que consolar ela, mas sua filha é forte. -Falei e ele assentiu e se levantou. Me passou o baseado e saiu.

-Reúne todos que trabalham aqui no morro, do irmão até o fogueteiro, quero todos que trabalham pra mim sabendo que BBoy morreu. -Ele falou e assenti.

-Boa sorte.

-Vou precisar. -Ele falou e saiu da minha sala.

Passei um radinho pros moleque, não todos de uma vez e fui falando com eles, e que era pra manter segredo até amanhã. Todos pareciam gostar muito do BBoy.

Fui resolver alguns b.os e esse foi meu dia, depois João chegou e pediu pra eu ir ficar com ela e não pensei duas vezes antes de ir atrás dela.

Kim chorava em seu quarto quando cheguei, fui até a cama dela e ela logo estava me abraçando e chorando no meu colo. Abracei ela fortemente e fiquei lá durante um tempo, até ela se acalmar, depois fumamos um baseado e ficamos assistindo tv. Sabia que Kim não ia querer falar nada agora, ela é exatamente igual ao João.

Assistimos dois filmes até Kim pegar no sono. Cobri ela e desci. João assistia TV.

-Ela dormiu. -Chamei a atenção dele e ele se levantou.

-Obrigado, Alex. -Falou e assenti.

-Não tem o que agradecer...

-Tem sim. Obrigado de verdade, por tudo. -Falou colocando a mão no meu ombro. -Minha filha tem sorte de ter você na vida dela e a gente também. -Falou ele e sorri.

-Eu gosto de vocês. -Falei e ele assentiu dando um sorriso. João não é muito de sorrir.

Me despedi dele e fui pra minha casa. Todos estavam na sala assistindo novela e o jantar tava preparado.

-Ele chegou, vamos comer. -Meu irmão falou já se levantando e minha mãe deu um tapa nele.

-Para de ser emocionado, menino, parece que passa fome. -Minha mãe falou e meu irmão revirou os olhos se sentando na mesa.

Nos sentamos todos e começamos a comer. 

-Eu marquei a consulta. Vai ser semana que vem, mas é de manhã. Tem problema? 

-Vou falar com o João, mas provavelmente não.

-Marquei outro teste também, no final de semana, vai ficar pronto em três dias. -Falou meu pai e assenti.

Conversamos e comemos, estava com saudades da minha família. Quando saí do banho, meu celular tocava, era Kim.

Atendi.

-Kim? Cê tá bem, princesa?

-Tô... Na verdade não, mas queria saber se pode vir aqui. Tô sem sono e meu pai foi pro hospital. 

-Claro que sim, minha vida. Chego em meia hora tá bom?

-Tá, trás maconha. -Falou e desligou o celular e ri.

Até parece que não levaria.

Coloquei uma calça de moletom preta e uma regata branca da oakley. Coloquei um chinelo e peguei minha pistola e a maconha, peguei a chave da moto e a de casa. Desci arrumado e meus pais estavam no sofá.

-Vou com a Kim porque ela tá sozinha na casa dela e...

-Chama ela pra dormir aqui. -Minha mãe falou e nem tinha pensado nisso.

-Verdade, nem lembrei de chamar ela. -Falei pegando meu celular. -Mas mãe, ela ta mal, não fica tratando ela....

-Eu sei que ela faz bem pra você, meu filho, não vou tratar ela mal mais. Você ama ela e ela te ama. Chama ela que vou fazer um bolinho e um docinho e...

-Para de ser loca, ela não...

-Vou fazer sim. Vai buscar ela na casa dela, seu mal educado. -Falou minha mãe me dando um tapa no braço e indo pra cozinha. Minha mãe é osso.

Revirei os olhos e mandei a mensagem falando pra ela arrumar a mala pra amanhã ela ir pra escola de manhã e ela falou que arrumava rápido. 

Fui pra casa da Kim esperar ela, ela terminava de se arrumar.

-Amor, a sua mãe gosta de mim? -Perguntou a Kim enquanto colocava a escova na bolsa.

-Não, ela te odeia. -Falei concentrado no baseado e Kim arregalou os olhos assustada.

-Mentira, ai meu Deus, Alex eu não vou mais não... -Ri de sua reação.

-Tô brincando com você, ela gosta sim. Quer dizer, deve gostar. -Falei dando de ombros e acendendo o baseado.

-Deve gostar não, ou gosta ou não gosta. Você não sabe?

-Ah, amor, nunca apresentei uma menina pra ela, mas minha mãe, no fundo gosta porque ela sabe o bem que você me faz. -Falei e ela pareceu se acalmar um pouquinho. 

Depois que a gente fumou e ela terminou, fomos pra minha casa, meu pai e meu irmão estavam na sala e minha mãe cozinhando.

-Boa noite. -Kim falou tímida e todos responderam. Subi com ela pro meu quarto pra ela guardar as coisas dela e descemos de novo. Ficamos lá na sala, minha mãe fazia o bolo e o brigadeiro.

Teve uma hora que Kim foi perguntar se ela precisava de ajuda e ai elas começaram a conversar e pareciam se dar bem.

-Sua mãe gosta da Kim. -Falou meu pai e assenti sorrindo.

-Que bom né. -Ele assentiu rindo.

Conversamos e assistimos tv um pouco, vi que Kim se divertia cozinhando com a minha mãe, elas riam o tempo todo, então me deixou mais tranquilo também. Depois comemos conversando mais um pouco e depois fomos todos dormir. Kim já estava de pijama e eu também, então apenas deitamos e fumamos mais um baseado e ficamos lá um pouco.

Depois a gente começou e se beijar e o final disso vocês já sabem. Dormimos de conchinha.

Aconteceu 2: Filha do MorroWhere stories live. Discover now