Aconteceu 2: Filha do Morro

•Cinquenta e Oito•

Gente, eu to achando q as falas tão muito "certinhas" então vou colocar algumas gírias e as vezes palavras "erradas" tipo "memo" e "nois"(não consigo evitar kkk), mas é de propósito. Se tiverem dúvida em alguma gíria ou contexto, pode perguntar que eu respondo.

Hoje minha mãe completa seis meses de gestação.

Eu conheço o Ale a três meses e acredite quando eu falo, nos vimos todos os dias. Quando a gente não se via, se falava por whats ou face. Meu dia sem ele não é o mesmo e isso me assusta.

Quer dizer. Não posso estar gostando dele. Por isso, decidi parar de falar com ele. Eu sei, sou muito infantil por não lidar com meus b.o, mas eu nem ligo, to tratando ele diferente a um tempinho, acho que ele já percebeu, faz uma semana que a gente não se vê porque eu sempre dou um migué. Porém hoje é sexta, então ainda tô na escola e hoje tem baile.

Eu e Thaylla estamos virando tipo melhores amigas, óbvio que ainda não confio nela 100%, mas considero ela minha melhor amiga. Ela que abriu meus olhos sobre o indivíduo.

Flashback on

Eu estava em casa entediada e sem nada pra fazer, era um domingo e decidi chamar a Thaylla pra piscina.

Ela chegou e fomos direto tomar sol.

-Migaaa, que história é essa que cê tá namorando o Borgo? Me conta essa fita ai. -Ela falou risonha e ri.

-A gente não namora. Só fica. -Dei de ombros e ela riu.

-Ata. Com o Borgo ainda? Esses muleque é tudo cachorro, miga. Olha ele, sem maldade, ele é um gato. Acha que não tem milhões de minas nos pés dele? -Ela perguntou e riu. -Ele nunca passa mais de uma noite com as mina, come e vaza, nunca ficou duas vezes com a mesma mina, nunca mesmo.

-Mas a gente não namora.

-De uma coisa eu sei. Apaixonados vocês tão. -Neguei na hora rindo.

-Tá chapano? Lógico que não, fi.

-Quer mentir pra mentiroso, querida? Vai me falar que não sente a barriga cheia de borboleta, as pernas tremendo e as mãos geladas quando ele ta perto? -Arregalei os olhos.

-Como cê sabe? -Perguntei assustada.

-Eu também já me apaixonei, você acreditando ou não. -Falou rindo.

-Não é paixão não, parça, isso é uma virose. -Ela riu.

-Fala sério né, Kim? Tão inteligente pra tudo, menos pra sentimentos, igualzinha seu pai mesmo. -Falou ela e riu.

Aquilo ficou martelando na minha cabeça e naquela noite eu falei com a minha mãe que confirmou.

Estava gostando mesmo dele...

Flashback off

Desde aquele dia eu trato o Ale diferente. Não é que eu quero magoar ele, não posso me apaixonar. Quer dizer, ele não sente o mesmo, é burrice.

-E cê acha que fugir dele vai adiantar alguma coisa? -Thaylla perguntou e revirei os olhos.

-Não tô fugindo de ninguém. -Resmunguei. -Só não quero falar com ele, caraio... Nem ver ele, ou sentir o cheiro dele, ou o gosto dos...

-Tá apaixonadaa. -Thaylla cantarolou enquanto estávamos caminhando pra fora da escola(graças a Deus).

-Para, não tô não. Mas vai ser melhor pra ele. Ele não precisa sofrer. -Falei e ela riu.

-Pode pá, fala isso pra ele então. -Falou ela apontando pra minha mesa.

-Thaylla, fala que tem que fazer trabalho na minha casa. -Grudei no braço dela que riu se soltando.

-Eu nada. Me tira dessa, miga, cada um com seus b.o. -Ela mandou um beijo. -Fala como foi depois. -Ela pediu piscando o olho e indo embora, se eu correr eu consigo chegar em casa?

Olhei pro Ale e ele já me encarava. Com uma cara nada boa, aliás. Droga. Me aproximei da minha mesa.

-Essa mesa continua sendo minha. -Falei e ele continuou sério me encarando.

-O que tá acontecendo, Kim? -Perguntou ele e me fiz de desentendida.

-Do que cê tá falando?

-Vamo pular a parte que você se faz de besta porque nois dois sabe que você não é. -Ele falou sério. -Cê ta me tratando estranho, nem tá respondendo minhas mensagem. Eu te fiz alguma coisa? -Perguntou e neguei.

-Sabe o que é... É que... -Precisava de uma desculpa boa, mas qual? Bosta! Eu sou tão boa com mentiras.

-O que? -Me apressou.

-A gente não pode mais ficar. -Falei olhando pra baixo. -Não é nada com você. Sou eu o problema. -Falei e o olhei.

-Que? Não. Que problema? Você não tem problema nenhum. Kimberly, fala qual que foi? -Pediu.

-Ale...

-Cê tá com outro moleque? É isso? -Perguntou e neguei.

-Lógico que não... Não dificulta as coisas, vai.

-Dificultar? Tá difícil pra você? Então imagina pra mim que tô entendendo é nada, Kimberly. Se não é outro menino é o que, jão?  -Ele perguntou ficando nervoso.

-É difícil de explicar. Mas eu preciso de um tempo. -Falei e ele riu amargo.

-Quem da tempo é relógio. Ou nois continua ou termina. -Falou ele.

-Nois não tem nada. -Falei. -Só ficamos. -Completei e ele se levantou me olhando bravo.

-Pra você é isso? Nois só fica? -Perguntou e negou com a cabeça pra mim, ele magoado não vem atrás... -Pode crê então. -Ele fez "joinha". -Não se preocupa não, fi, nem quero mais saber a porra do motivo. -Ele saiu andando.

Mas aquilo me machucou. Mais do que deveria e mais do que eu imaginava. Foi como um soco no estômago, talvez pior. Vi ele subindo na moto e me dando uma última olhada antes de sair a milhão morro a baixo. E na hora senti mó nó na garganta.

Fiquei um tempo olhando pra onde a moto dele estava. Mas chacoalhei a cabeça. Foi melhor assim.

Três dias depois.

Melhor pra quem? Porque faz três dias que eu to mal. E dessa vez é doente mesmo.

Não sai de casa desde que cheguei da escola na sexta. Hoje já é segunda. Toda vez que eu lembro dele eu quero chorar. O perfume dele me lembra saudade. Tudo nele me faz sentir falta. É tipo tortura.

Agora eu estava fazendo uma coisa que eu nunca pensei que faria. Tô olhando as fotos dele no Facebook. Escutei duas batidas na porta e logo Thaylla entrou no meu quarto.

-Thaylla?

-Amiga, fala com ele. -Ela se jogou na minha cama. -Tu tá mal. -Falou ela e neguei.

-Vai ser melhor assim, caraio. Melhor sofrer agora de saudade do que depois de coração partido. -Falei e ela negou.

-Você nem ta tentando supertar ele.

-Lógico que tô, fi.

-Vendo as fotos dele no face? Cê é o exemplo de superação em, Kim? -Falou rindo e bufei.

-Vai por mim, caraio, é melhor assim. -Falei e fechei o notbook e abri a gaveta da escrivaninha.

-Você ta morrendo de saudade dele né? -Ela perguntou e peguei meu kit.

-Tô, Thaylla. Não sei o que fazer! Nunca senti essas fita por ninguém, o que é isso, miga? -Perguntei e comecei a dichavar e ela riu.

-Paixão o nome, querida. -Falou e bufei. -Eu tenho certeza que ele também sente o mesmo por você.

Ficamos mais um tempo conversando, amanhã eu iria engolir todo o meu orgulho e falar com ele.

Thaylla ia dormir na minha goma hoje. Então fumamos e fomos comer, depois voltamos, fumamos mais um e assistimos uma série até dormir.