Capítulo - CLXXIV

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            Na manhã seguinte, assim que Alfonso acordou, sentiu sua cabeça latejar, ele não se lembrava direito como fora parar em seu antigo quarto na casa de seus pais, mas se lembrava exatamente do que o havia feito beber tanto e isso era mais incomodo do que os fortes efeitos da ressaca que sentia.

- Bom dia. - disse Ruth assim que Alfonso se sentou na cama, ela já o estava observando há alguns minutos, sentada no sofá do quarto.

Ruth chegara quase de madrugada, preocupada com Alfonso, mas quando o viu dormindo – depois dele ter passado mal pelo tanto que bebeu e Marcelo tê-lo ajudado – , ela preferiu não acordá-lo.

- Bom dia. - Alfonso respondeu, apenas por educação.

- Como você está? - ela perguntou preocupada.

- Só estou com um pouco de dor de cabeça. - ele respondeu esfregando seus olhos, tentando se acostumar com a claridade.

- Meu menino. - disse Helena entrando no quarto. - Você nos deu um grande susto.

- Eu sei disso. - ele disse se levantando da cama, precisava de um bom banho para despertar.

- Marcelo pediu para eu te trazer isso. - disse lhe entregando um comprimido e um copo de água.

- O que é isso? - perguntou. - Você leu o que estava escrito na caixa em que ele pegou isso? Ele pode estar querendo me envenenar. - brincou, mas logo após tomou o comprimido, que deduziu ser para aliviar sua dor de cabeça.

- Eu não me preocuparia com o comprimido se fosse você. - disse Marcelo, receoso de entrar no quarto. - Venenos são mais eficazes em forma liquida. - ele riu.

- Eu devia ter me lembrado disso antes de beber a água. - respondeu Alfonso.

- Como você está? - Marcelo perguntou ainda parado a porta.

- Sinto como se eu tivesse sido atropelado por um caminhão, mas estou bem. - respondeu, ainda era estranho pra ele conversar com Marcelo sem ter medo que o mesmo começasse a gritar ou a lhe ofender.

- Espero que com isso você aprenda a não beber mais desse jeito. - Marcelo disse, havia ficado realmente preocupado quando chegara em casa e encontrara Alfonso passando mal de tanto que havia bebido.

- Dona Ruth, eu estou de ressaca, então não comece a chorar. - disse Alfonso, ao ver que Ruth e Helena olhavam para Alfonso e Marcelo, ambas se segurando para não chorar ao ver pai e filho conversando sem gritos. - Você também Lena, sem choros.

- Eu não estou chorando. - disse Ruth enxugando suas lagrimas. - É que eu pensei que jamais veria vocês dois assim, conversando como pai e...

- Merda, eu sou um pai de merda. - ele parecia desesperado. - Onde está a Clara? - perguntou preocupado.

- Eu te disse ontem que ela estava com a Anahí. - respondeu Ruth.

- Você só pode estar brincando comigo. - disse Alfonso passando a mão em seu cabelo, bagunçando o mesmo.

- Clara estava preocupada porque você não chegava logo, estávamos todos preocupados, então Anahí levou a Clara para tentar distraí-la. - Explicou Ruth.

- Mas porque você ligou pra ela? - ele perguntou, era orgulhoso demais, não queria que Anahí soubesse o quanto ele estava sofrendo, pelo menos não depois dele tê-la visto com outro.

- Pensei que você pudesse estar com ela. - respondeu Ruth, com medo da reação de Alfonso.

- Eu te disse que nós terminamos. - ele respirou fundo, com medo de fazer aquela pergunta. - Ela estava sozinha? Quando ela foi buscar a Clara, ela estava sozinha?

- Não. - Ruth respondeu, e aquilo doera em Alfonso. - Ela estava com o Enzo. - ela explicara e ele respirara aliviado.

- Ótimo, espero que ela não resolva apresentar o novo namorado dela para Clara. - disse, ainda não sabia como faria para explicar para sua filha que ele e Anahí não estavam mais juntos.

- Novo namorado? - Ruth perguntou surpresa. - Você tem certeza disso?

- Eu não quero falar sobre isso. Agora saiam todos do meu quarto. - pediu, precisava de um tempo sozinho para pensar no que estava acontecendo.

- Se precisar de alguma coisa, me chame. - disse Helena antes de sair do quarto junto com Ruth e Marcelo.

Assim que ficou sozinho, Alfonso se jogou na cama, estava exausto, mesmo tendo acabado de acordar. Fechando seus olhos, Alfonso se lembrou de quando esteve ali com Anahí, da noite que passaram juntos, logo após ele ter assumido que a amava – o que fora realmente difícil para ele –, do sexo que fizeram no banheiro, a forma como ele tentara lhe mostrar o quanto ela era maravilhosa, e o quanto ele a amava, mas agora ele duvidava que ela soubesse disso.

Alfonso se levantou de sua cama e caminhou até o banheiro, se lembrando de cada passo que dera com Anahí naquele quarto, se lembrou também de como quase a perdeu naquela noite, quando ela ingenuamente acreditara no que Marcelo havia lhe dito, talvez tivesse sido mais fácil deixá-la ir naquele dia, talvez agora ele já tivesse aprendido a lidar com a dor de saber que não mais a teria com ele.

Entrando no banheiro, a cena de Anahí se tocando em frente ao espelho enquanto ele lhe dizia o quanto ela era maravilhosa, se repetira com exatidão em sua mente, ele podia ver o rosto dela corado, enquanto ela tentava se conter e pedia por ele, Alfonso jamais teria outra mulher como Anahí, que se entregava de um jeito único, apaixonada e tímida, mas aos poucos demonstrava que também podia ser uma mulher fatal.

Depois de tomar um banho quente e demorado, Alfonso vestiu uma roupa que já haviam deixado separada para ele – afinal, naquela casa ele não precisava se preocupar com nada, nem mesmo com a roupa que iria vestir –, então desceu as escadas rumo a sala onde sua família estava tomando café da manhã, e conversando, mas se calaram quando ele chegou, provavelmente porque estavam falando sobre ele.

- Bom dia. - ele disse se sentando ao lado de Manuela.

- Bom dia, como você está? - Manuela perguntou preocupada, queria subir para vê-lo, mas Marcelo havia dito para ela esperar até que ele descesse.

- Estou bem. - ele mentiu, estava arrasado.

- Você mente muito mal. - ela disse, o observando, como se quisesse descobrir como ele estava se sentindo.

- Estou apenas com dor de cabeça. mas estou bem. - ele respondeu, esperando que as pessoas parassem de lhe perguntar como ele estava, já que ele sabia que ninguém estava interessado em saber se ele estava bem fisicamente, sim como estava o seu emocional.

- Isso eu imaginei, mas não é isso o que eu quero saber. - ela disse, e todos na mesa pareciam esperar a resposta de Alfonso.

- Eu não quero falar sobre isso. - ele fora direto. - Eu só quero tomar café em paz. - pediu.

- Ficamos preocupados com você. - ela disse, sem se importar que ele não queria conversar. - Nós soubemos sobre você e a Anahí.

- Não existe mais Anahí e eu, então me deixe tomar o meu café em paz, eu já disse que não quero falar sobre isso.

- Merda. Você está arrasado. - disse Manuela, não era preciso conhecer Alfonso perfeitamente para saber como ele estava se sentindo.

- Sim Manuela, eu estou arrasado. - ele se levantou da mesa furioso. - Está feliz agora? - perguntou antes de se afastar, deixando Ruth e Marcelo bravos com Manuela, que se encolhera em sua cadeira, já que não esperava aquela reação de Alfonso.

- Eu vou atrás dele. - disse Alex se levantando da mesa, talvez por não ser tão invasivo quanto Manuela, ele conseguiria conversar com Alfonso.

Mas assim que saíram da casa em direção ao quintal, Alex desistiu de tentar conversar com Alfonso já o viu entrar no canil, onde sabia que Perla estaria trabalhando, então achou melhor não ter aquela conversa na frente dela.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora