Capítulo - CVII

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– Você entendeu o que eu quis dizer. – ele passou a mão no cabelo, bagunçando o mesmo, assim como sempre fazia quando estava nervoso.

– Eu entendi, você deixou claro pra mim desde o inicio que isso tudo seria apenas uma mentira, eu que fui idiota e acabei confundindo as coisas.

– Não foi isso o que eu quis dizer! Eu já te disse que isso nunca foi uma mentira.

– Então o que é isso? – ela perguntou. – O que nós temos, qual a nossa relação?

– Eu não sei. – ele passou a mão no rosto, exasperado.

– Essa é a sua resposta para tudo? – ela balançou a cabeça negativamente, havia sido uma idiota por ter acreditado que ela e Alfonso poderiam ficar juntos. – Eu acho que agora eu entendo o porque você não consegue confiar em ninguém. – ela disse, estava quebrada por dentro. – Você não consegue confiar em ninguém porque você tem medo que as pessoas sejam iguais a você.

– Iguais a mim? – ele perguntou sem acreditar no que acabara de ouvir, o problema de suas brigas com Anahí é que ela sempre insistia em tocar no mesmo assunto. – Quantas vezes eu te pedi pra você não falar sobre o meu casamento com a Angelique? – ele a encarou, tentando controlar sua raiva. – Esse é o seu problema, você só vê o que quer, você vê o quanto eu fui um idiota por não ter te contado sobre a Perla, o quanto eu fui idiota em ter saído pra correr com ela, e o quanto eu fui cruel falando sobre o seu casamento. Mas quantas vezes eu te pedi pra você não falar sobre a merda do meu casamento? – ele elevou seu tom de voz.

– Então não esconda as coisas de mim! Converse comigo, me deixe entender o seu lado também!

– Isso nunca vai dar certo. – ele disse, Anahí já deveria saber como ele agia quando o pressionavam a conversar ou a falar sobre ele, mas contrariando todas as reações que ele imaginou que Anahí teria, ela se jogou nos braços dele, passando a mão em seu rosto, mas ele podia ver em seus olhos o que ela ainda estava chateada.

– Está tudo bem, eu te entendo, não precisamos brigar por isso. – ela disse, com uma frieza na voz que não era típico dela, e só então Alfonso viu Perla na porta da cozinha, olhando para eles.

– Estou indo embora, me proibiram de ficar perto de você essa semana, pelo menos eu ganhei alguns dias de folga. – Perla disse como se Anahí não estivesse na cozinha. – Embora eu ache isso um absurdo, porque você já é bem grandinho pra tomar suas decisões sozinho, então se as coisas se tornarem um pouco entediantes pra você, me procure, você tem o numero do meu celular e sabe onde eu moro.

– Isso não vai acontecer. – disse Alfonso, que ainda estava com Anahí em seus braços. – Pensei que eu já tivesse deixando isso bem claro pra você.

– Não custa nada tentar. – ela deu de ombros, sorrindo. – Vou sentir falta das nossas corridas. – disse antes de se virar e sair dali.

Assim que Perla saiu da cozinha, Anahí voltou a se afastar dele, que a olhou confuso, esperando alguma explicação.

– Você disse que isso é uma mentira, então é assim que as coisas serão, enquanto estivermos na frente dos outros, eu posso fingir ser a namorada compreensiva, mas quando não tiver ninguém por perto, não volte a me procurar. – disse, se virando em direção a porta da cozinha que dava acesso a uma grande área verde.

– Annie... – ele a chamou, as coisas não podiam terminar assim.

Anahí não queria se virar, não queria prolongar mais ainda aquela discussão, tinha medo que Alfonso falasse ou fizesse alguma coisa que a fizesse repensar sua decisão, ela precisava ser firme pelo menos uma vez na sua vida. Depois de várias tentativas frustradas de abrir a porta que lhe daria acesso ao ar livre para poder respirar assim como ela precisava, ela sentiu Alfonso se aproximar, colando seu corpo no dela, e mais do que nunca ela desejou ser forte e não se render a ele

– Isso tudo é uma mentira? – ele perguntou, próximo ao ouvido dela, e ela pode sentir todo seu corpo a trair e se arrepiar, respondendo a ele.

– Isso tudo é uma mentira. – ela respondeu, depois de respirar fundo. Alfonso se inclinou sobre Anahí, encostando seus lábios no pescoço dela, mas contrariando o que ela pensou que ele faria, ele apenas esticou seu braço e apertou um botão na parede, fazendo a porta se abrir em seguida.

– A porta é automática. – ele disse, havia achado graça das tentativas frustradas de Anahí abrir a porta, mas agora ela não conseguia se mover, Alfonso ainda estava com o seu corpo colado no dela.

– Pequena, isso nunca foi uma mentira, eu já te disse isso muitas vezes, eu apenas me expressei errado. – disse, era orgulhoso demais para se desculpar por algo que não achava ser sua culpa, mas não queria perdê-la. – Eu sinto muito.

– Não tem ninguém na cozinha agora, Alfonso, pode parar de fingir. – disse, antes de sair da cozinha, aproveitando que a porta estava aberta, porque sabia que se não se afastasse logo de Alfonso, acabaria cedendo.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora