– Não – Manuela gritou quando finalmente entendeu, fazendo com que Anahí se virasse para encará-la. – Não pense isso, por favor – ela fez uma careta enojada. – Eu sou irmã dele – explicou, fazendo Anahí corar envergonhada.
– Sinto muito – disse Anahí envergonhada.
– A culpa foi minha, devia ter me apresentado, mas estava tão ansiosa para te conhecer que imaginei que o idiota do meu irmão já tivesse te contado que tem uma irmã.
– O idiota do seu irmão pediu para você não assustá-la – disse Alfonso saindo de seu quarto, sem camisa, secando os cabelos ainda molhados, e quando Anahí o viu, sentiu como se não pudesse mais respirar, Alfonso era bem mais forte do que Anahí havia imaginado, seu abdome definido fazia com que Anahí sonhasse com ele mesmo estando acordada, e sua tatuagem em seu braço direito fazia Anahí pensar em coisas que nunca havia pensado antes.
– Eu não a assustei – reclamou Manuela. – Só disse que estava ansiosa para conhecê-la.
– Agora que já a conheceu, você poder ir embora – Alfonso disse vestindo sua camiseta, quando percebeu que Anahí o estava olhando e mordendo o lábio. – Annie... Anahí...– ele se corrigiu quando percebeu que a havia chamado pelo apelido. – Essa é a minha irmã, Manuela, espero que ela não tenha te assustado ou te enchido de perguntas – disse Alfonso se aproximando de Anahí.
– Annie? – Manuela sorriu, sabia que Alfonso era sério demais para chamar alguém por seu apelido, tanto que agora — que ele já não estava mais com Angelique — ela era a única pessoa que Alfonso chamava pelo apelido.
– Tchau, Manuela – disse Alfonso, e Manuela riu.
– Eu posso voltar depois – disse Anahí. – Ela não precisa ir embora.
– Não, ela já estava de saída – disse Alfonso olhando para Manuela, e isso era o suficiente para que ela entendesse o que ele queria, já que ambos se conheciam tão bem, que só de se olharem já sabiam o que o outro estava pensando.
– Eu já estou indo, só vim porque pensei que você precisava de alguém para desabafar, não sabia que você já tinha alguém para te consolar... – Alfonso tampou a boca dela antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.
– Me perdoe por isso – disse Alfonso. – Ela não tem filtro no cérebro, por isso diz o que pensa – disse e Manuela riu.
– Vá a merda Alfonso Herrera Rodriguez – disse Manuela rindo.
– Não me chame assim – pediu Alfonso, que não gostava de ser chamado pelo sobrenome de Marcelo.
– Então vá a merda Alfonso Herrera – ela disse pegando sua bolsa que estava em cima da mesa. – Tirar o Rodriguez do seu nome não vai adiantar nada. Você sabe que o Marcelo só disse isso da boca para fora.
– Ele foi bem claro quando disse que eu não merecia o sobrenome que tinha, e foi bem claro quando disse que não me considerava mais seu filho... – ele respirou fundo, a briga com Marcelo ainda o afetava. – Agora vá embora, antes que eu te tire daqui a força.
– Você é tão gentil Alfonso – ela riu e se virou para Anahí. – Foi um prazer te conhecer, é uma pena que meu irmão seja chato demais e não me deixe conversar com você – disse, e antes que Anahí pudesse responder alguma coisa, ela se virou e saiu do apartamento de Alfonso.
– Sinto muito por isso – disse Alfonso. – Ela se empolga demais às vezes.
– Não foi nada – ela sorriu. – Ela parece um amor de pessoa – disse, fazendo Alfonso rir, e Anahí pensou que deveria ser proibido um homem tão bonito assim rir, porque ficava quase impossível ficar ao lado dele sem querer agarrá-lo.
– Ela definitivamente não é um amor de pessoa – Alfonso riu novamente.
– Ela é mais nova que você? – Anahí perguntou, embora já desconfiasse que Manuela era mais nova, queria apenas saber um pouco mais sobre a família de Alfonso.
Alfonso puxou Anahí pela mão e fechou a porta de seu apartamento, em seguida caminhou até o sofá, ainda segurando na mão de Anahí.
– Ela é dois anos mais nova – respondeu Alfonso se sentando no sofá, junto com Anahí e só então soltando a mão dela. – E tem o Alex também, que é o mais velho dos três.
– Pensei que os Herrera Rodriguez tivessem apenas dois filhos – comentou Anahí, que sempre ouvira falar que Marcelo Herrera tinha apenas dois filhos.
– É como se tivessem apenas dois filhos, eu fui deserdado – contou Alfonso, e Anahí notou que a expressão em seu rosto havia mudado, aquilo parecia ser doloroso para ele.
– Me desculpe, eu não devia ter dito isso – Anahí se arrependera.
– Não tem problema – disse Alfonso. – Se vamos fingir que estamos juntos, precisamos nos conhecer, essa é a primeira coisa que você precisa saber sobre mim, eu não falo com o Marcelo e não gosto que me chamem pelo sobrenome dele.
Alfonso respirou fundo, não gostava de conversar sobre aquilo com ninguém, as palavras de Marcelo ainda o atormentavam, mas seria preciso falar sobre aquilo com Anahí, se ele quisesse que aquela mentira desse certo.
– Mas podemos não tocar nesse assunto se você preferir – disse Anahí, ela podia ver pela expressão de Alfonso o quanto aquilo o machucava.
– É melhor começarmos por esse assunto – ele passou a mão no cabelo, como sempre fazia quando estava nervoso. – Sai de casa com dezoito anos, assim que a Clara nasceu.
– Você tinha dezoito anos quando a Clara nasceu? – perguntou Anahí, depois de parar por alguns segundos, como se estivesse pensando.
– Sim – ele respondeu.
– Isso é impossível, porque se a Clara tem cinco anos, você tem 23 – ela disse confusa.
– Eu tenho 23 anos.
– E você já é um médico residente com apenas 23 anos?
– Sou um pouco adiantado, entrei para faculdade com 16 anos – ele respondeu, já estava cansado de explicar para as pessoas o porquê com apenas 23 anos ele já era um médico residente.
– Você entrou para a faculdade de medicina com apenas 16 anos? – perguntou boquiaberta. – Você deve ser um gênio – disse admirada.
– Não sou um gênio, só estudei em ótimas escolas, estudo sempre foi algo que o Marcelo prezava muito.
– Você se formou em qual faculdade? – perguntou.
– Me formei em Cambridge, e é por isso que eu fui deserdado – ele respondeu, sabia que seu pai não o havia perdoado por ele ter escolhido estudar em Cambridge.
– Você foi deserdado porque com dezesseis anos entrou para uma das melhores faculdades do mundo? – ela perguntou surpresa.
– Fui deserdado porque escolhi estudar na segunda melhor faculdade de medicina do mundo, e não na melhor – ele respondeu. – Passei no vestibular de algumas faculdades de medicina, mas escolhi estudar em Cambridge, ao invés de estudar em Harvard, e o Marcelo não me perdoou por isso – Alfonso passou a mão em seu cabelo mais uma vez. – Desde pequeno eu estudava para conseguir entrar em Harvard, desde que eu disse para o Marcelo que queria ser médico, eu soube que deveria entrar para Harvard, minha mãe se formou em Harvard e meu avô também, eu deveria ser o terceiro Herrera a me formar em Harvard, mas não quis, preferi estudar em Cambridge, assim não teria que me mudar.
– Você escolheu estudar em Cambridge só para não ter que se mudar?
– Não foi só por isso, eu estava com a Angelique na época, e não queria terminar com ela.
– Você não queria se mudar porque não queria terminar com a sua namorada? – ela perguntou sorrindo, Rodrigo nunca renunciara a nada por ela. – Isso é lindo – disse o fazendo rir.
– Não fiz isso por amor Anahí, fiz porque o Marcelo odiava a Angelique, e quanto mais ele a odiava, mais eu gostava dela.
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Mentiras (finalizada)
Romance"Quando contamos uma mentira diversas vezes, ela se torna verdade." Alfonso Herrera era um médico com um sobrenome muito importante, por isso fazia o possível para ser o melhor em sua profissão, mas quando sua esposa o abandonou com sua filha de ape...