Capítulo - LVII

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– Eu não escolhi nenhum lado, não pense isso, por favor – ela tentou parar de chorar. – Eu não vou passar o celular para o Marcelo, não quero que vocês briguem mais.

– Se você não passar essa merda de celular para ele, eu vou até aí, e a briga vai ser bem pior.

– Alfonso, por favor, se acalme primeiro, depois você fala com ele – pediu Ruth. – Eu não posso passar o celular para ele enquanto você estiver tão nervoso.

– Tudo bem, eu tentei do jeito fácil, chego em no máximo uma hora – ele disse, mais furioso ainda.

– Não! – ela gritou desesperada, sabia como Alfonso estava furioso, e tinha medo de que ele saísse dirigindo assim, além de saber que se Marcelo e Alfonso se encontrassem hoje, a briga seria feia. – Vou passar o telefone para ele.

– Não brigue com ele, por favor – Alfonso pode ouvir sua mãe pedir para Marcelo.

– Espero que seja algo importante – disse Marcelo.

– Você espera que seja algo importante? – Alfonso riu ironicamente. – Você foi jantar com a minha ex e com o filho da puta do Derrick, é você quem tem que ter um bom motivo para ter feito isso.

– Não lhe devo satisfações.

– Você fez com que tirassem o meu nome de todas as pesquisas, antes de ser suspenso eu conversei com o Dr. Borges e ele me disse que você ameaçou parar de investir nas pesquisas em que eu estava participando, ele disse que ninguém quer comprar briga com você e perder o investimento que você faz, e agora que eu fui suspenso e tive que largar as pesquisas com o Dr. Borges, você colocou o Derrick no meu lugar, e ele é só um estudante!

– Onde você quer chegar com isso Alfonso? – Marcelo estava sério.

– Por que você está fazendo isso? Você tem medo de que percebam que eu sou melhor do que você? – ele perguntou, desafiador, embora não achasse que era melhor do que Marcelo, mas sabia o quanto ele se irritava quando falavam que seu filho seria um médico melhor do que ele.

– Melhor do que eu? – Marcelo riu ironicamente. – Eu já te disse que você não merece o sobrenome que tem, nunca será bom o suficiente para merecer ser chamado de Herrera Rodriguez.

– Eu não sou um Herrera Rodriguez, sou apenas um Herrera!

– Você é uma vergonha para os Herrera, nunca será metade do médico que seu avô foi, e nunca chegara aos pés do que a sua mãe é.

– Eu sou uma vergonha? Você só é quem é por causa dela, se você não fosse casado com ela não seria metade do médico que é hoje, e não teria metade do dinheiro que tem hoje, você construiu a sua imagem em cima da imagem dela, você é uma vergonha! – ele disse, queria que Marcelo ficasse tão furioso quanto ele estava, sabia que o que estava dizendo não era totalmente verdade, Marcelo era um excelente médico, havia feito descobertas incríveis e ajudado muito no avanço da medicina, além de liderar pesquisas que descobriram curas para algumas doenças, mas quando se casou com Ruth, ela já tomava conta dos centros médicos Herrera, e era reconhecida mundialmente, primeiro por ser uma Herrera, depois por algumas pesquisas importantes das quais havia participado, por seus livros que até hoje serviam como base para estudantes de medicina, sem contar as técnicas que ela desenvolvera e aprimorara como neurocirurgiã, e hoje eram usadas por quase todos os seus colegas de profissão.

– Não me procure mais Alfonso, sou apenas seu chefe, você sabe que morreu pra mim há muito tempo – disse Marcelo, entregando o celular para Ruth, e Alfonso pode ouvir sua mãe brigando com Marcelo por ter falado assim com ele.

– Não ligue para o que ele disse, eu me orgulho de você Alfonso, se eu tivesse metade da sua coragem, seria uma médica mil vezes melhor, você sabe que vai chegar onde nem eu e nem o seu pai chegamos.

– Ele não é meu pai. Peça para a Manuela me ligar quando tudo se acalmar – fora a única coisa que Alfonso conseguiu responder antes de desligar, sabia que Manuela lhe ligaria no tempo certo, ela sempre sabia quanto tempo lhe dar antes de ir atrás dele, e ele precisava se desculpar com ela, porque novamente havia descontado sua raiva em quem não tinha culpa.

Alfonso demorou um tempo para reagir, havia lhe doido escutar Marcelo lhe dizer aquilo novamente, quando conseguiu se acalmar um pouco, se jogou na cama, de costas para cima, exausto, estava cansado de brigar com Marcelo, cansado de ter que provar para todos que ele era um bom médico e não precisava usar o sobrenome que tinha, e cansado de sempre fazer sua mãe e Manuela chorarem, e mais uma vez ele pensou em desistir de sua residência no centro médico Herrera Rodriguez, e perder o ano de residência que já havia feito.

Alfonso sentiu a mão de Anahí deslizar suavemente em suas costas, querendo acalmá-lo e respirou fundo, se sentindo mais relaxado.

– Vou deixá-los sozinhos – disse Christian se levantando da cama, agora que Alfonso parecia estar mais calmo.

– Está tudo bem? – Anahí perguntou preocupada, assim que Christian saiu de seu quarto, mas Alfonso nada respondeu, apenas respirava fundo, tentando se acalmar.

– Você está me odiando muito agora? – Ele perguntou depois de um tempo em silêncio, sabia que Manuela estava chateada com ele, que sua mãe o culpava pela briga de hoje com o Marcelo, e que seu pai lhe odiava, e naquele momento, não suportaria que Anahí também estivesse brava com ele. Anahí podia perceber pela voz de Alfonso o quanto ele estava machucado, mas tentava esconder isso, e lhe doía vê-lo assim.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora