Capítulo - LVIII

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– Eu não consigo te odiar – ela disse passando a mão nos cabelos dele, o bagunçando.

– Mas deveria, porque até eu mesmo estou me odiando agora – ele disse, se virando para encará-la, e ver Alfonso que sempre parecera um homem forte e poderoso, agora parecer tão frágil, fizera com que seu coração se partisse.

– Você é um homem incrível Alfonso, deveria saber disso – ela disse, voltando a passar sua mão nas costas dele, não entendia como ele podia se odiar se ele era um homem tão incrível. – Quer conversar sobre isso? – perguntou, embora soubesse que ele não gostava de conversar.

– Não acho que eu consiga – ele foi sincero, nunca conseguia falar o que estava sentindo, e se começasse a contar o que havia acontecido, voltaria a se irritar.

– Você só vai saber se consegue se tentar – ela disse, queria lhe entender um pouco mais, saber o que ele sentia por sua ex-mulher, porque depois da conversa que escutara hoje, Anahí tinha quase certeza de que Alfonso ainda sentia algo por ela, e se isso fosse verdade ela precisava saber, porque assim não cria falsas expectativas em relação a Alfonso.

– Meu pai... O Marcelo me odeia – ele se corrigiu rapidamente. – Voltou a dizer que eu morri para ele, minha mãe acha que eu estou dividindo a minha família, e eu novamente fiz a Manuela chorar, porque eu sou um grande imbecil.

– Por que você ficou tão nervoso com ele? – perguntou, queria saber o que havia acontecido, pelo pouco que conseguira entender da conversa sabia que Marcelo havia ido jantar com a Angelique e o Derrick.

– Marcelo está boicotando meu nome de todas as pesquisas, ameaçando tirar o investimento que faz nas pesquisas em que eu participar e ninguém é louco de ir contra ele.

Antes que Anahí pudesse respondê-lo, Enzo entrou no quarto, com um sorriso no rosto, e Anahí logo soube que o Manchester estava ganhando.

– O jogo já está nos acréscimos e ele não está assistindo – disse Enzo. – O Rooney já marcou três gols e o David defendeu um pênalti – disse animado.

– Meu amor, o Alfonso está um pouco cansado agora, vá assistir aos últimos minutos do jogo e depois você vai tomar um banho para dormir – ela disse, esperando que ele voltasse pra sala e continuasse a assistir ao jogo, já que Alfonso finalmente estava tentando conversar com ela, e ela já havia percebido o quanto isso era difícil para ele.

– Não quero dormir no mesmo quarto que a Clara hoje, ela não para de falar – Enzo reclamou.

– Enzo! – ela o repreendeu, estranhando a atitude do filho, e Alfonso riu se sentando na cama, precisava concordar com Enzo, hoje Clara não parara de falar. – Vá assistir ao jogo.

– Quanto está o jogo? – Alfonso perguntou finalmente se sentando na cama.

– 4 a 2 – Enzo respondeu animado.

– Eu vou com você assistir aos acréscimos – disse Alfonso se levantando da cama. – Não posso perder um jogo onde o Rooney marcou três gols e o David defendeu um pênalti.

Anahí o olhou sorrindo, encantada pelo jeito como Alfonso tratava Enzo, já que mesmo estando tão abalado pela briga com seu pai, ele fora assistir ao jogo quando Enzo o chamara, e esse era um dos motivos para ela estar tão apaixonada por ele, mesmo agora tendo dúvidas se um dia esse sentimento seria recíproco, já que ele parecia ainda gostar da ex-esposa.

Quase uma hora depois do jogo acabar, quando as crianças já estavam dormindo e Enzo e Clara já havia contado todo o jogo para Alfonso, ele voltou para o quarto de Anahí, onde ela estava pegando uma roupa em sua mala, já que deixara Alfonso escutando Enzo falar animadamente sobre o jogo e decidira tomar um banho.

Alfonso foi até a sua mala e depois de procurar um bom tempo por seu maço de cigarros acabou o encontrado, e viu quando Anahí lhe lançou um olhar reprovador, mas ele precisava disso, esse era seu meio de escape mais comum, e sempre que ficava nervoso, precisava fumar.

Alfonso começou a fumar aos 16 anos, quando precocemente entrou para a faculdade, e quase não aguentou o peso de ser um Herrera Rodriguez, e ter que sempre provar para todos que ele não era só um sobrenome famoso, que ele era um ótimo aluno, e seria um excelente profissional e não dependeria de seus pais para isso.

Durante a faculdade Alfonso fumava praticamente um maço de cigarros por dia, primeiro porque não aguentava mais ficar em sua casa, e as brigas com Marcelo estavam ficando cada vez pior, depois porque a pressão de ser um Herrera Rodriguez em uma faculdade de medicina era quase insuportável, e por fim, quando já havia saído da casa de seus pais, começou a diminuir a quantidade de cigarros que fumava, porque Angelique detestava cigarros.

– Você realmente precisa disso? – Anahí perguntou, não gostava de cigarros e não queria que Alfonso fumasse, achava que o melhor jeito de resolver tudo seria ele tentar conversar sobre o que aconteceu, e não se esconder atrás de um vício.

– Você não tem noção do quanto – ele disse pegando seu isqueiro.

– Não prefere tentar conversar? – ela tentou, queria terminar a conversa que tivera com ele antes de Enzo os interromper.

– Annie, se você quiser que eu converse, eu vou precisar fumar – ele foi sincero.

– Não gosto de cigarros, preferia que você não fumasse.

– Sinto muito, mas realmente preciso disso – ele disse, e antes de sair do quarto selou seus lábios nos dela, a deixando com um sorriso bobo no rosto, ela estava completamente apaixonada por ele, e tinha medo de acabar saindo machucado por criar expectativas demais quanto a esse relacionamento, que pra ela já não era mais tão mentira assim.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora