Capítulo - LXVII

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Assim que voltaram para a casa dos pais de Anahí, Enzo fora correndo até a cozinha, animado para contar para sua avó como havia sido divertido ir até o parque, e Clara que estava cansada, estava no colo de Alfonso, com a cabeça apoiada no ombro do moreno, parecendo que logo iria dormir.

– Princesa, se você dormir agora, não vai dormir de noite. – ele disse, sabia como era difícil fazer Clara dormir de noite depois que ela dormia de tarde.

– Eu não vou dormir agora, não estou com sono. – ela respondeu o que sempre respondia quando Alfonso dizia para ela não dormir de tarde, mas dessa vez Alfonso sabia que ela não estava mentindo.

– Então o que aconteceu? Por que você está assim? – perguntou, passando a mão em seus cabelos, Clara parecia tão alegre no parque, mas agora estava visivelmente chateada com algo.

– Eu quero ir embora, quero ir pra nossa casa. – ela disse começando a chorar.

– O que aconteceu meu amor? – perguntou preocupado, e Clara o abraçou, ainda chorando. – Por que você não conta pro papai o que aconteceu? – pediu, e Clara levantou a cabeça, olhando para Anahí, que ficara preocupada por vê-la daquele jeito.

Clara negou, balançando a cabeça negativamente, enquanto Alfonso acariciava suas costas, tentando acalmá-la.

– Eu quero voltar pra casa. – disse, ainda chorando.

– Por que meu amor, o que aconteceu?

– Podemos ir pra casa? – pediu tentando parar de chorar.

– Por que você quer voltar pra casa meu amor? O que aconteceu?

– Quero ficar só eu e você. – voltou a abraçá-lo, apoiando sua cabeça no ombro dele.

– Vou deixá-los sozinhos. – Anahí passou a mão nos cabelos de Clara, tentando acalmá-la. – Qualquer coisa me chame. – disse se afastado.

– Agora me diga, o que aconteceu? – ele caminhou até o sofá e se sentou com Clara em seu colo.

– A moça falou que nós somos uma família linda, mas nós nem somos uma família. – ela ainda chorava.

– Claro que somos uma família, eu e você, nós dois somos uma família.

– A moça também achou que a Anahí era minha mamãe, e você nem falou que ela não é minha mãe. – Clara enxugou suas lagrimas com a parte de trás da mão e olhou para Alfonso.

– Porque a moça se enganou, ficaria chato corrigi-la. – ele tentou se explicar.

– Mas ela vai achar agora que a Anahí é minha mamãe, e ela não é minha mamãe, e ela vai achar que você é o papai do Enzo, e eu não quero que ela ache que você é o papai do Enzo, porque você é só meu papai.

– Eu sinto muito, desculpa por não ter dito pra ela que eu não sou o papai do Enzo e que a Anahí não é a sua mamãe, mas ela só estava nos fazendo um elogio, ficaria chato se eu a corrigisse. – ele disse sem saber ao certo o que fazer ou falar.

– O Enzo já tem um papai, ele não precisa de outro. – ela fez bico, voltando a encostar sua cabeça no ombro de Alfonso. – E Todo mundo tem uma mamãe, todo mundo estava no parque com uma mamãe, menos eu.

– Mas eu estava lá com você, e ninguém mais estava lá com um papai. – ele disse, tentando tranquilizá-la, lhe partia o coração ver Clara assim.

– Mas você também ficou brincando com o Enzo, você não pode me trocar por ele. – ela disse enciumada.

– Eu jamais faria isso princesa. – ele a abraçou, um pouco mais tranquilo por Clara apenas estar enciumada, mas arrependido por tê-la envolvido nessa mentira. – A Anahí não brincou com você também? – perguntou e Clara assentiu. – Então não fique assim, o papai sempre vai estar com você. – lhe doía ver como Clara sentia falta de Angelique, mesmo que ela sempre a tivesse tratado a filha com tanta indiferença.

Anahí procurava seu pai por toda a casa, já tinha algum tempo que queria conversar com ele, pois acreditava que ele seria a melhor pessoa para lhe ajudar a entender Alfonso, e a fazer com que ele confiasse nela, porque Henrique, melhor do que qualquer outra pessoa que Anahí conhecesse sabia perfeitamente tudo o que se passava com alguém apenas olhando para essa pessoa, Henrique era formado em psicologia e trabalhara na policia com interrogatórios por mais de trinta anos, o que lhe dera experiência o suficiente para saber como lidar com qualquer tipo de pessoa, era isso o que Anahí estava precisando, alguém que lhe mostrasse como ela deveria agir com Alfonso para que ele finalmente confiasse nela e soubesse o homem incrível que ele era.

– Tem um tempo para conversarmos? – perguntou assim que o encontrou em seu escritório, que ficava no fundo da casa.

– Para você sempre tenho tempo. – sorriu afastando para trás a cadeira onde estava sentado.

– O que está fazendo? – ela perguntou se sentando em uma cadeira de frente para ele.

– Uma pesquisa. – ele disse lhe mostrando alguns papeis.

– Que pesquisa? – perguntou e Henrique lhe entregou os papeis, e assim que ela viu o nome da Alfonso escrito no inicio da folha, soube do que se tratava a pesquisa de seu pai.

– Achou alguma coisa interessante? – perguntou curiosa, tinha medo de estar traindo a confiança de Alfonso por ler aqueles papeis, então os colocou em cima da mesa, embora estivesse curiosa para saber cada detalhe de sua vida.

– O cara é um gênio, você sabia que ele estudou em uma dessas escolas para crianças superdotadas? – perguntou admirado. – Nunca nenhum outro aluno do curso de medicina em Cambridge obteve notas tão altas quanto as dele, ele já participou de inúmeras pesquisas e obteve sucesso com a maioria, sem contar que ele escreveu inúmeros artigos e em quatro idiomas diferente, e alguns desses artigos são usados em grandes universidades.

– A ficha dele está limpa? – perguntou curiosa, embora estivesse surpresa com as informações que seu pai havia conseguido, queria ter certeza que Alex havia limpado a ficha de Alfonso.

– Está, mas isso não me surpreende, ele é um Herrera Rodriguez, não teria a ficha suja nem se quisesse. – ele encarou Anahí. – Você sabe de alguma coisa que eu deveria saber?

– Não. – se apressou em responder.

– Sei quando você tenta me esconder algo, o que você sabe? – perguntou.

– Não sei de nada. – mentiu.

– Não acredito, mas espero que não seja nada grave. – ele a encarou. – O que queria conversar comigo? Aconteceu alguma coisa? – perguntou.

– Não, não aconteceu nada. – respondeu. – Só estou pensando em uma coisa, e gostaria da sua ajuda.

– Em que posso te ajudar? – perguntou.

– Você é formado empsicologia e trabalhou durante anos com interrogatórios, você entende depessoas, e sabe como lidar com elas.    

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora